Cientistas rebatem argumentos sobre custos de publicação e dificuldades de infraestrutura; entre pontos para tornar a ciência mais aberta estão mudanças na política de avaliação e estímulo ao compartilhamento de dados
Brasil
Na semana do aniversário de D. Pedro I e dos 201 anos de sua aclamação, o Museu do Ipiranga receberá o recital de lançamento do livro “Já raiou a liberdade – D. Pedro I compositor e a música de seu tempo”. A obra, disponível em formato impresso e em e-book, foi escrita por Rosana Lanzelotte, pesquisadora e musicista, que também irá conduzir o recital ao piano, com o repertório do Imperador.
A obra destaca a faceta musical de D. Pedro I, que tocava oito instrumentos e também compunha. Além do Hino da Independência do Brasil, o imperador compôs diversas obras. O livro também discute o viés liberal e as ações de D. Pedro I, que outorgou a primeira constituição brasileira, em 1824.
Na data do recital, a autora estará autografando os livros, que serão vendidos a preços promocionais somente no evento. O evento será no sábado, dia 14, às 16h. A entrada é gratuita e os ingressos já estão esgotados.
Sobre a autora do livro | A autora, a pesquisadora e musicista Rosana Lanzelotte, dedicou-se durante quatro anos a pesquisas sobre D. Pedro e suas obras musicais. A busca em bibliotecas do Brasil, Portugal, França e Áustria resultou em 18 edições, todas gratuitamente disponíveis por meio do portal Musica Brasilis, liderado pela autora do livro. Entre as 18 obras, duas foram descobertas durante as pesquisas: a Valsa e a Missa et Adjuva Nos Domine. Todas as partituras foram preparadas no âmbito do projeto Acervo Digital de Partituras Brasileiras, a tempo de serem utilizadas e gravadas por orquestras e músicos do Brasil e do mundo em 2022, ano do bicentenário da Independência do Brasil.
Museu do Ipiranga – USP | O Museu do Ipiranga é sede do Museu Paulista da Universidade de São Paulo. As obras de restauro, ampliação e modernização do Museu foram financiadas via Lei Federal de Incentivo à Cultura. O edifício, tombado pelo patrimônio histórico municipal, estadual e federal, foi construído entre 1885 e 1890 e está situado dentro do complexo do Parque Independência. Concebido originalmente como um monumento à Independência, tornou-se em 1895 a sede do Museu do Estado, criado dois anos antes, sendo o museu público mais antigo de São Paulo e um dos mais antigos do país. Está, desde 1963, sob a administração da USP, atendendo às funções de ensino, pesquisa e extensão, pilares de atuação da Universidade. Rua dos Patriotas, 100 – Ipiranga – São Paulo (SP).
PROGRAMA
Obras de Sigismund Neukomm e Dom Pedro I, apresentadas por Rosana Lanzelotte (pianoforte)
Valse, manuscrito de S. Neukomm (Rio, 1819)
Dom Pedro I
Hino constitucional (Rio, 1821)
Dom Pedro I
Hino da Independência (Rio, 1824?)
Dom Pedro I
O Amor Brasileiro, capricho para pianoforte sobre um lundu brasileiro
(dedicada a Mlle. Dona Maria Joanna d’Almeida – Rio, 1819)
Sigismund Neukomm
Sonata para pianoforte (dedicada à Princesa D. Maria Teresa – Rio, 10/9/1819)
Sigismund Neukomm
Allegro ma non tropo – Andante con moto – Allegro alla turca
Sigismund Neukomm
Andantino com variações (dedicado ao Príncipe Real D. Pedro – Rio, 12/6/1820)
Sigismund Neukomm.
(Fonte: Ex-Libris Comunicação Integrada)
A Usina Hidrelétrica Henry Borden, localizada no sopé da Serra do Mar, em Cubatão, e operada pela Empresa Metropolitana de Águas e Energia (EMAE) – oriunda da antiga Light – completou 97 anos no último dia dia 10 de outubro. Se engana quem pensa que a hidrelétrica está ultrapassada – pelo contrário, há alguns anos a EMAE vem modernizando suas usinas e estruturas e, dentro dos seus objetivos, está manter a originalidade e confiabilidade que é marca da empresa desde os tempos da antiga Light. Entre as suas prioridades, está o complexo Henry Borden. Formado por duas usinas, uma externa e outra subterrânea, ambas de alta queda (720 metros de desnível), possui 14 grupos de geradores que totalizam uma capacidade de geração de 889 MW, o que é equivalente ao consumo de energia de aproximadamente três milhões de pessoas. A usina é antiga, mas seus sistemas estão sendo atualizados com tecnologias de última geração.
É o caso do mecanismo de controle do complexo que passou pelo retrofit e ganhou novas telas de operação. Os novos equipamentos aumentaram a consciência situacional dos operadores, proporcionando maior precisão e agilidade nas tomadas de decisão.
O sistema de automação da casa de válvulas da seção externa, responsável pela supervisão, comando e controle das válvulas borboletas das adutoras das oito unidades geradoras, também passou por atualização tecnológica. Duas das seis válvulas esféricas existentes na usina subterrânea foram desmontadas, modernizadas e aprovadas para voltarem em operação, após os diversos testes de confiabilidade. Três de seus transformadores de 65 MW, que estavam em operação desde a década de 1940, também estão na lista dessas melhorias que foram feitas, assim como outras.
A Usina Henry Borden marcou história e teve um papel essencial no desenvolvimento do estado de São Paulo. Por meio da eletricidade gerada, contribuiu para o crescimento do parque industrial paulista e a expansão da urbanização da cidade de São Paulo na primeira metade do século 20.
Para saber mais
A história da Usina Hidrelétrica Henry Borden é repleta de curiosidades memoráveis e, para comemorar seus 97 anos, contamos algumas delas:
Quem passa pela estrada sentido capital, vindo do litoral sul paulista, certamente já viu aqueles tubos gigantes encravados na Serra do Mar, no meio da Mata Atlântica. Mas, ao contrário do que muita gente pensa, eles não são dutos de petróleo. Por eles, passa a água necessária para a geração de energia em uma das mais antigas usinas hidrelétricas do Brasil.
Inaugurada em 1926 como Usina de Cubatão, a partir de fevereiro de 1964, passa a se chamar Henry Borden, em homenagem ao advogado canadense que foi o mais alto executivo da Light, entre 1946 e 1965.
A sua fama chegou ao exterior e, no ano seguinte à inauguração, o local foi visitado pelo autor e poeta britânico, Prêmio Nobel de Literatura de 1907 Rudyard Kipling.
Para que as suas turbinas gerem energia elétrica, a usina é abastecida pelas águas da represa Billings, que, por sua vez, foi projetada para receber as águas do rio Pinheiros. O fornecimento dessa água só foi possível por meio da reversão do curso da Bacia do Tietê, que naturalmente corre para o interior de São Paulo, fazendo com que águas desçam a Serra do Mar. Tudo isso fez parte do “Projeto da Serra”, investimento da antiga Light, concebido entre as décadas de 1920 e 1960. Quem esteve à frente do projeto foi o engenheiro americano Asa White Kenney Billings, que deu nome à represa.
Obra inédita na engenharia do país, além do alto custo financeiro, havia ainda a malária como impedimento à permanência de trabalhadores na serra. O local era conhecido pelos engenheiros como “Mar Morto”, de tão inviável julgavam ser para qualquer empreendimento. Apesar disso, a Light conseguiu convencer os acionistas a investir no projeto e contratou o sanitarista Arthur Leiva, que havia tratado de endemias durante a construção do Canal Panamá, e as obras foram adiante.
O complexo tem duas usinas – uma externa, inaugurada em 1926, e uma subterrânea, que começou a operar 30 anos depois. Somadas, as duas unidades possuem capacidade instalada de 889 MW. Para movimentar os geradores, as águas descem pelos tubos até chegar às turbinas, uma queda d’água de 720 metros, gerando energia elétrica.
A história que envolve a subterrânea, aliás, é bastante peculiar. Existe uma lenda que diz que ela foi construída para garantir a geração de energia caso a usina externa fosse destruída por um bombardeio. Mas a verdade é que o projeto construtivo de uma usina subterrânea era bem mais adequado ao local, pois a instalação de adutoras na encosta da Serra do Mar, como as da usina externa, era tecnicamente mais complicado, o que elevaria os custos da obra.
A área de máquinas da usina subterrânea fica encravada sob a montanha, a cerca de um quilometro da parte central do complexo. As águas chegam às turbinas por um túnel adutor que percorre as entranhas do solo rochoso do alto da serra até a casa de máquinas.
Durante a Revolução de 1932, a Usina Henry Borden chegou a sofrer um bombardeio aéreo do Governo Vargas que atingiu a casa de máquinas do complexo. A ideia era interromper o fornecimento de energia e parar o Polo Industrial da cidade de São Paulo. O plano não deu certo e o local sofreu apenas algumas avarias e a sua atividade não chegou a ser paralisada.
Uma resolução ambiental de 1992 que só permite o bombeamento das águas do rio Pinheiros para o reservatório Billings para controle de cheias reduziu em 75% aproximadamente a energia produzida em Henry Borden. Mesmo assim, ela é essencial para o setor elétrico nacional. Sempre que necessário, a usina é demandada para atender às necessidades do SIN (Sistema Interligado Nacional).
A vasta trajetória da usina pode ser pesquisada também no portal da Fundação Energia e Saneamento.
(Fonte: EMAE)
A exposição coletiva apresenta, por meio da arte e das culturas visuais, diferentes perspectivas das histórias indígenas da América do Sul, América do Norte, Oceania e Escandinávia e tem curadoria de Edson Kayapó, Kássia Borges Karajá e Renata Tupinambá, curadores-adjuntos de arte indígena, MASP, e dos curadores internacionais convidados Abraham Cruzvillegas (Cidade do México); Alexandra Kahsenni:io Nahwegahbow, Jocelyn Piirainen, Michelle LaVallee e Wahsontiio Cross (National Gallery of Canada, Ottawa); Bruce Johnson-McLean (National Gallery of Australia, Camberra); Irene Snarby (Kode /Tromsø, Noruega); Nigel Borell (Auckland, Nova Zelândia) e Sandra Gamarra (Lima, Peru), além da coordenação curatorial de Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP, e Guilherme Giufrida, curador assistente, MASP. Histórias indígenas tem patrocínio master do Nubank, apoio da Sotheby’s e do Norwegian Consulate, apoio cultural da National Gallery of Australia; National Gallery of Canada, Musée des beaux-arts du Canada; Canada Council for the Arts; Creative New Zealand – Arts Council of New Zealand Toi Aotearoa e INBAL e coorganização do Kode.
Dando continuidade às exposições dedicadas às Histórias no MASP, que acontecem desde 2016 – com Histórias da infância (2016), Histórias da sexualidade (2017), Histórias afro-atlânticas (2018), Histórias das mulheres, histórias feministas (2019), Histórias da dança (2020), e Histórias brasileiras (2021-2022) – a mostra Histórias indígenas oferece novas narrativas visuais, mais inclusivas, diversas e plurais, refletindo a própria abordagem da série, que traz uma diversidade de vozes não somente no corpo de artistas e de obras, como também em sua estrutura curatorial.
A mostra traz diferentes perspectivas sobre as histórias indígenas de regiões da América do Sul, América do Norte, Oceania e Escandinávia, com a curadoria de artistas e pesquisadores indígenas ou de ascendência indígena, reunindo cerca de 285 obras de várias mídias e tipologias, origens e épocas – que vão desde o período anterior à colonização europeia até o presente – de aproximadamente 170 artistas.
A coletiva compreende oito núcleos: sete dedicados a diferentes regiões do mundo, sendo eles, Relações que nutrem: família, comunidade e terra (Canadá); A construção do “eu” (México); Histórias de pintura no deserto (Austrália); Pachakuti: o mundo de cabeça para baixo (Peru); Rompendo a representação (Maori, Nova Zelândia); Tempo não tempo (Brasil); Várveš: escondidos do dia (Sami, Noruega); e um núcleo temático organizado por todos os curadores da mostra intitulado Ativismos.
Para compreender a exposição, é importante levar em conta o significado particular do termo “história”, que abrange tanto a ficção quanto a não ficção, relatos históricos e pessoais, de natureza pública e privada, em nível micro ou macro, possuindo, assim, um caráter mais polifônico, especulativo, aberto, incompleto, processual e fragmentado do que a noção tradicional de História. Em norueguês, o termo partilha um duplo significado semelhante, significando tanto uma interpretação do passado como uma narrativa pessoal. Apesar de seu alcance internacional e de sua amplitude temporal, o projeto não assume uma abordagem totalizante nem enciclopédica – pelo contrário, o objetivo da mostra é fornecer um corte transversal dessas histórias em uma seleção concisa e relevante para que esse recorte possa ser justaposto com outros de diferentes partes do mundo.
A grande coletiva inicia-se no 1° andar com o núcleo Ativismos, que tem curadoria do conjunto de curadores envolvidos na mostra e reúne trabalhos de diferentes movimentos sociais indígenas em formatos variados, como bandeiras, fotografias, vídeos, pinturas e pôsteres. “O núcleo pretende mostrar várias formas de luta e nos faz um convite para sairmos do estado de dormência em que, por vezes, nos encontramos. Se o corpo é território de colonizações, também pode ser território de descolonizações, principalmente na medida em que é acionado artisticamente como potência política subversiva”, afirmam Edson Kayapó, Kássia Borges Karajá e Renata Tupinambá. A exemplo dessa ressignificação, está a fotografia Retomando o poder|Movimento Nacional dos Povos Indígenas, de Edgar Corrêa Kanaykõ, que retrata a mobilização geral dos povos indígenas brasileiros no evento anual Acampamento Terra Livre (ATL), demonstrando as atuais conquistas de grupos indígenas em espaços de poder e de tomada de decisão.
Os laços familiares e comunitários são ressaltados no núcleo Relações que nutrem: família, comunidade e terra, com curadoria de Alexandra Kahsenni:io Nahwegahbow, Jocelyn Piirainen, Michelle LaVallee e Wahsontiio Cross. As cosmovisões indígenas são construídas em torno de uma constelação de relações entre gerações, culturas e territórios. O senso de comunidade dos espaços compartilhados no cotidiano é observado na obra The Visit [A visita] (1987), de Jim Logan, em que uma experiência costumeira no local onde a comunidade passa o tempo reunida de forma simples e amorosa se transforma em um evento extraordinário. Já o cuidado com a terra, constantemente nutrido e sentido de forma profunda, está presente no trabalho de Melissa General. Na obra Nitewaké:non [O lugar de onde vim] (2015), a artista apresenta uma paisagem verde que contrasta com o vermelho profundo da roupa de uma mulher, que deixa rastros de seus movimentos pelo chão da floresta. Por se tratar de um autorretrato, o trabalho afirma, de maneira poderosa, a presença indígena e a reconexão da artista com seu território das Seis Nações do Grande Rio.
A questão da identidade como um conceito plural, instável e contraditório do “eu” é o tema do núcleo A construção do “eu”. Com curadoria do artista visual Abraham Cruzvillegas, os trabalhos reunidos nessa seção questionam a construção de representações mexicanas sem uma organização linear ou cronológica. Para ilustrar as diferentes formas de representação, contrapõem-se as obras Casamiento de indios [Casamento de índios] (circa 1931), de Alfredo Ramos Martínez (1871–1946), que sintetiza a representação padrão dos povos indígenas, e Autorretrato 61 (2007), de Francisco Toledo, com uma série de polaroids de si fazendo gestos e criando um “eu” múltiplo e instável. Para Cruzvillegas, “um ‘eu’ coletivo, que inclui todos os mundos possíveis, é essencial para uma mudança na compreensão e na construção da comunidade, da arte, da natureza e, finalmente, do universo, em paralelo ao mundo ocidental hegemônico. Por outro lado, um único corpo também pode representar uma infinidade de diversidade e identidades e valores simultâneos contraditórios”.
No núcleo Histórias de pintura no deserto, o curador Bruce Johnson-McLean coloca em debate a grande diversidade de tradições culturais, experiências e expressões artísticas resultantes da arte aborígene na Austrália atualmente. Artistas como Yala Yala Gibbs Tjungurrayi (circa 1928–1998) e Clifford Possum Tjapaltjarri (1932–2002) começaram a produzir obras de importância nacional e internacional, atraindo cada vez mais atenção e reconhecimento para o movimento da pintura nas décadas de 1980 e 1990. Quando essas obras passaram a circular pelo circuito de arte mais amplo, a popularidade da pintura de “pontos” cresceu rapidamente. Em poucos anos, esse estilo artístico tornou-se sinônimo do povo e da cultura aborígenes e uma parte icônica do vernáculo cultural australiano.
A coletiva continua no 2° subsolo do MASP com Pachakuti: o mundo de cabeça para baixo, núcleo com curadoria da artista peruana Sandra Gamarra. A curadora se inspira na crônica Nueva Crónica y Buen Gobierno [Nova crônica e bom governo], de Guamán Poma de Ayala (1534–1615), para a seleção das obras. Na crônica, um indígena escreve uma carta direcionada ao governo espanhol com o objetivo de questionar o sistema colonial, que havia virado o mundo dos habitantes dos Andes de cabeça para baixo. “Esse mundo virado do avesso, essa insubordinação geral das ordens, é o que os povos originários destas terras chamam de pachakuti: uma subversão da ordem das coisas, do binômio espaço-tempo. Desde então, o indígena tem vivido equilibrando-se permanentemente entre esses dois mundos: o seu — que sobrevive graças aos seus conhecimentos ancestrais — e o outro, do qual o seu depende e que sempre lhe dá as costas”, pontua Sandra Gamarra. Destaca-se a obra Homenaje a los mártires de la batalla de Azapampa 1820 [Homenagem aos mártires da batalha de Azapampa 1820] (2021), de Antonio Paucar, que reconhece a participação na guerra e confere às trezentas figuras que a compõem traços que as caracterizam como retratos individuais.
Rompendo a representação reúne obras de artistas maori, nativos da Nova Zelândia, que abordam a importância da arte, das pessoas, da terra e da autoridade. De acordo com o curador e artista maori Nigel Borell, “os artistas estão conectados pelo senso de arte maori (whakapapa) — que perdurou apesar da ruptura causada pelo domínio colonialista — e se referem coletiva e estrategicamente ao impacto da colonização, enquanto recuperam as formas maoris de centralizar a prática artística para fortalecer sua visão de mundo, reformulando ideias de representação no processo”. O artista Sandy Adsett exemplifica esta visão com a Série Koiri (1981), que trouxe novas interpretações à pintura maori (Kōwhaiwhai), introduzindo diferentes cores e designs a uma arte que estava padronizada desde a colonização britânica.
Para os povos originários, o mundo é composto da atemporalidade que atravessa toda a criação da humanidade. O núcleo Tempo não tempo convida o espectador a uma jornada de descobertas de outros olhares culturais sobre a temporalidade, revelando expressões e relações diversas com o espaço, na preservação da existência pautada em ciclos da natureza, que dialogam com o visível e o invisível. Com curadoria de Edson Kayapó, Kássia Borges Karajá e Renata Tupinambá, curadores-adjuntos de arte indígena, MASP, o núcleo é dividido nas subseções Mitos e ancestralidade, Grafismos, Autorrepresentações e Vida cotidiana. “O intuito é refletir sobre as histórias da criação, das mulheres, dos homens, dos velhos, das crianças, das encantarias, dos ritos, da espiritualidade, do cotidiano, da educação e da contemporaneidade do agora, que não abandona as raízes da tradição e é correnteza de passado e presente”, refletem os curadores. Cabe destacar a obra Nepu Arquepu [Rede macaco] (2021), de Duhigó, que retrata um ritual de nascimento de um bebê do povo Tukano enfocando o universo feminino do parto e o descanso da mãe na rede macaco, eternizando, assim, uma marca cultural.
Já o núcleo Várveš: escondidos do dia, composto por trabalhos de artistas indígenas sami, localizados na Escandinávia, traz o conceito da palavra várveš, que significa um estado de espírito ou a capacidade de perceber algo antes que os outros percebam, conferindo às obras uma característica de prenúncio. Com curadoria de Irene Snarby, Kode, as obras representam o relacionamento forte e íntimo dos sami com a natureza e a terra, muitas vezes manifestado através do duodji – um termo que engloba a cosmovisão, a espiritualidade, o conhecimento, as concepções de natureza, a criatividade e a criação de objetos que refletem a vida dos sami. A instalação de franjas de Čiske-Jovsset Biret Hánsa Outi [Outi Pieski], Crossing Paths [Caminhos cruzados] (2014), traz a visão do artista sobre a tradição duodji, que se baseia em um estilo de vida nômade e na herança espiritual encontrada na natureza, que se revela especialmente no caminhar, uma maneira prática de entrar no mesmo ritmo que outras criaturas da natureza.
Para celebrar a abertura dessa grande exposição internacional, no dia 21 de outubro, a partir das 10h, o MASP organiza um grande seminário internacional com a participação de curadores e artistas que integram Histórias indígenas. As mesas de debate, que marcam o quinto seminário sobre o tema organizado pelo MASP (2017, 2019, 2020, 2021), ocorrerão durante todo o dia no grande auditório do Museu e serão gratuitas e abertas ao público.
Durante a mostra, a programação inclui ainda os encontros on-line e presencial com os temas Direitos e cosmopolíticas e Aldear o mundo, voltados para a formação de educadores e interessados.
Confira a programação completa que acompanha a mostra:
ENCONTROS DO MASP PROFESSORES
16.9 | Direitos e cosmopolíticas (on-line)
25.11 | Aldear o mundo (presencial)
ACESSIBILIDADE
Em diálogo com a missão do MASP de ser um museu diverso, inclusivo e plural, a mostra é acompanhada de recursos de acessibilidade. São eles: um caderno de textos e legendas com fonte ampliada e dez faixas de conteúdo audiovisual acessível, em desenho universal – audiodescrição, interpretação em libras e legendagem. O conteúdo pode ser acessado através de QR Code, incluindo duas faixas introdutórias também disponíveis na exposição, em tela e fone de ouvido fixados ao lado dos textos de parede.
PUBLICAÇÕES
Por ocasião da mostra, duas publicações serão editadas pelo MASP: um catálogo publicado em edições separadas em português e inglês, reproduzindo as obras da mostra, e ensaios escritos por Abraham Cruzvillegas, Adriano Pedrosa, Alexandra Kahsenni:io Nahwegahbow, Bruce Johnson-McLean, Edson Kayapó, Kássia Borges e Renata Tupinambá, Irene Snarby e Susanne Hætta, Jocelyn Piirainen, Sandra Gamarra e Wahsontiio Cross.
Também será lançada uma antologia, em edições separadas em português e inglês, com textos de diferentes autores, não se restringindo a textos acadêmicos ou a fontes centradas nos grandes acontecimentos da História, a fim de construir um panorama mais diverso, inclusivo e plural. As publicações da série dedicada às Histórias propõem despertar discussões e dúvidas que poderão, elas mesmas, ser reconsideradas, revistas e reescritas futuramente.
Serviço:
Histórias Indígenas
Curadores: Abraham Cruzvillegas (Cidade do México); Alexandra Kahsenni:io Nahwegahbow, Jocelyn Piirainen, Michelle LaVallee e Wahsontiio Cross (National Gallery of Canada, Ottawa); Bruce Johnson-McLean (National Gallery of Australia, Camberra), Edson Kayapó, Kássia Borges Karajá e Renata Tupinambá, curadores-adjuntos de arte indígena, MASP; Irene Snarby (Kode Bergen Art Museum/ Tromsø, Norway); Nigel Borell (Auckland, Nova Zelândia) e Sandra Gamarra (Lima, Peru)
Coordenação curatorial: Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP, Guilherme Giufrida, curador assistente, MASP
20/10/2023 — 25/2/2024
MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista – São Paulo, SP
Telefone: (11) 3149-5959
Horários: terça grátis – terça, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta a domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h); fechado às segundas
Agendamento on-line obrigatório pelo link masp.org.br
Ingressos: R$60 (entrada); R$30 (meia-entrada)
(Fonte: MASP)
A Casa Gabriel Espaço de Arte realizou no dia 3 de outubro a abertura da exposição coletiva intitulada “Entre”, com curadoria da pesquisadora e curadora com atuação na curadoria-adjunta da 13ª Bienal do Mercosul Carollina Lauriano. A mostra conta com a participação de nove artistas, incluindo a fotógrafa Renata Vale, fundadora da Casa Gabriel. O evento recebeu a curadora e reuniu personalidades e colecionadores, como Aninha Camargo, José Olympio, Daniela Falcão, João Armentano, Daniela Zagottis, Carola Abdalla e Marcus Lontra, que puderam apreciar a desmistificação da história do antigo e novo Egito.
Casa Gabriel | A Casa Gabriel é um espaço de arte focado em fomentar a cultura brasileira com ênfase na produção nordestina e em novos talentos. Fundada pela empresária e fotógrafa cearense Renata Vale, a Casa Gabriel nasce como um local para estimular a pluralidade de manifestações artísticas e disseminar conhecimento, por meio de exposições, cursos e conversas que compõem a programação da Casa Gabriel.
Serviço:
Abertura da exposição “Entre”, com a curadoria de Carollina Lauriano, na Casa Gabriel
Endereço Casa Gabriel – Al. Gabriel Monteiro da Silva, 2906 – Jardim América São Paulo (SP).
(Fonte: Index – Estratégias de Comunicação)
Referência de ensino na capital paulistana, o Liceu de Artes e Ofícios comemora seus 150 anos com a grande exposição retrospectiva Oficina+ Escola Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo Mobiliário Atemporal, que mistura momentos históricos da instituição com a formação industrial da cidade de São Paulo, além de rever décadas de pioneirismo na educação e na promoção das artes brasileiras.
A exposição mostra como a instituição conseguiu unir práticas pedagógicas com saberes manuais, tornando-se referência no mobiliário brasileiro com peças feitas a partir de experiências coletivas derivadas do Arts & Crafts, movimento do artista têxtil William Morris que valorizava o trabalho manual de artesãos para a indústria. O método foi trazido da Europa e adaptado aqui por diversos mestres do Liceu, entre eles o arquiteto Ramos de Azevedo (1851–1928), fundador da Escola Politécnica da USP, que dirigiu a instituição a partir da década de 1890.
Com curadoria do arquiteto e professor Guilherme Wisnik, a mostra no Centro Cultural do Liceu de Artes é dividida em três eixos. O primeiro deles traz o contexto urbanístico e social da cidade de São Paulo no ano de 1873, quando a instituição foi fundada pelo advogado e político Carlos Leôncio da Silva Carvalho com apoio da burguesia da época – cafeicultores, maçons e comerciantes. Ao longo dos anos, o Liceu contribuiu para a formação de nomes como os artistas Victor Brecheret, Antonio Borsoi e Conrado Sorgenicht e contou colaboradores como Almeida Junior, Amadeo Zani e John Graz.
“O Liceu logo se tornou uma oficina respeitada, conhecida pelo potencial das artes e ofícios que ali eram feitos. A intenção era, sobretudo, formar mão-de-obra especializada para o comércio, a indústria e a lavoura”, explica Wisnik. Nesta primeira parte, “São Paulo–1873”, a curadoria traça paralelos com momentos cruciais da história do Brasil e da instituição, remontando, inclusive, o período que sucedeu à abolição da escravidão no país, no ano de 1888. Foi quando o Liceu passou a instruir mão de obra especializada, sobretudo filhos de imigrantes europeus recém-chegados ao país.
Com recursos fotográficos e audiovisuais, a mostra traz um panorama de como o Liceu antecipou a onda de intensa produção de bens duráveis que ocorreu no país a partir do século XX, como o crescimento urbano pautava os interesses da elite. Esse recorte social é aprofundado na mostra a partir de trechos selecionados de uma entrevista com Ana Belluzzo, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, a FAU, autora da primeira tese relevante sobre o assunto.
No segundo núcleo, ao focar nas atividades para a produção industrial, com início na gestão de Ramos de Azevedo, a exposição mostra como o Liceu incorporou em suas oficinas o método do trabalho coletivo. Ao longo das décadas, essa forma de trabalho pautou debates estéticos e produtivos, como as discussões relacionadas à substituição dos estilos ecléticos e revivalistas pelo modernismo, caracterizado pela simplificação da ornamentação e pela busca por formas mais econômicas.
Para ilustrar episódios marcantes, a mostra traz uma história polêmica de dois ícones da cidade de São Paulo da época, os escritores Mário e Oswald de Andrade, que chegaram a discutir se as casas modernistas deveriam ou não ser mobiliadas com móveis no estilo Luiz XVI, um dos estilos mais reproduzidos nas oficinas da instituição à época, destaque do segundo eixo ‘Oficina-Escola’.
Segundo Fernanda Carvalho, cocuradora da mostra, um dos objetivos é trazer personagens que ficaram no anonimato ao longo da história do Liceu. “É uma experiência que vai colocar em evidência vários registros presentes nas fichas de admissão de alunos e funcionários existentes nos arquivos do Liceu”, conta Carvalho.
Peças históricas compõem o terceiro e principal núcleo da exposição, conjuntos clássicos como o mobiliário Savonarola vão ser apresentados ao lado de peças modernistas, como o mobiliário da década de 1950. Uma parceria longeva do Liceu com a Galeria Teo apresenta peças construídas a partir de madeiras nobres, como imbuia e jacarandá, destacando os detalhes da construção em detrimento do ornamento.
Por meio de praticáveis coloridos com tons berrantes de textura lisa, os móveis ficarão suspensos para que os visitantes possam observar aspectos minuciosos dos objetos. Segundo Kiko Farkas, responsável pela expografia, a ambientação foi um tema discutido desde a concepção da mostra, visando tornar o percurso mais dinâmico e interativo. “A gente imaginou um projeto que tirasse os móveis de seus lugares habituais, onde eles são vistos de forma utilitária pelas pessoas. Ao colocar as estruturas, vamos utilizar duas luzes, uma mais incisiva, na parte inferior, para que os visitantes possam ver os detalhes das peças. Já na parte superior, há uma luz mais intimista, baixa. Cria-se assim uma atmosfera teatral e, se tratando do acervo do Liceu, uma proposta para sair da zona de conforto”, resume Farkas.
Oficina+ Escola Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo Mobiliário Atemporal resgata documentos da época, como folhetos, catálogos de montagem e desenhos de projeto relacionados às peças modernistas, entre móveis, bronzes e esculturas. Considerando a mudança do trabalho manual para a fabricação digital, a curadoria criou uma área de FabLab na parte final da exposição. Neste espaço, serão destacadas tecnologias como a impressão e modelagem 3D e a Robótica e seus recursos de manipulação e operação a laser, dando ênfase a produtos produzidos por essas tecnologias, remetendo obras do passado aos dias atuais e convidando o público a acompanhar esse processo criativo.
Essa seção da exposição pretende promover a reflexão nos visitantes sobre o significado da “Instrução Popular” atualmente. Embora seu perfil tenha se adaptado à modernidade ao longo dos anos, o Liceu de Artes e Ofícios conservou algumas de suas características elementares, como a formação de estudantes por meio de cursos técnicos ligados à tecnologia, inovação e às artes.
Sobre o Centro Cultural Liceu de Artes e Ofícios | O CCLAO encontra-se anexo ao Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, uma das instituições de ensino mais tradicionais do país, com 150 anos de história e relevantes serviços prestados à cidade e à sociedade paulistana, na produção de propriedades industriais e bens culturais. Trata-se de um espaço de eventos lindo, moderno, elegante e multiuso, com 1.630 metros quadrados nos dois pisos, situado no tradicional bairro da Luz, bem no centro da capital paulista.
Serviço:
Oficina+ Escola Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo Mobiliário Atemporal
Local: Centro Cultural Liceu de Artes e Ofícios
Endereço: R. Cantareira, 1351 – Luz, São Paulo – SP
Visitação: terça a sábado, 12h às 17h – domingos (para grupos previamente agendados)
Período: 7 de outubro a 17 de fevereiro
Entrada gratuita
Contato: (11) 2155-3300
Site: https://cclao.com.br/.
(Fonte: A4&Holofote Comunicação)