Cientistas rebatem argumentos sobre custos de publicação e dificuldades de infraestrutura; entre pontos para tornar a ciência mais aberta estão mudanças na política de avaliação e estímulo ao compartilhamento de dados
Brasil
O recesso escolar está chegando e muitas crianças ficam sem atividades nesse período, principalmente as moradoras das comunidades. Pensando nisso, a ONG Favela Mundo desenvolve, há vários anos, a Colônia de Férias que, em 2023, será realizada na Rocinha. São esperadas 240 crianças e jovens entre 6 e 18 anos, que poderão se divertir com jogos com bola, danças e brincadeiras tradicionais como corrida do saco, bambolê, dança da cadeira e muito mais. A colônia de férias será realizada de 17 a 28 de julho, sempre às segundas, quartas e sextas, das 14h às 16h. Serão disponibilizadas 40 vagas por dia. Para participar, basta chegar na Biblioteca parque da Rocinha com 30min de antecedência.
O momento não é só de lazer, mas também de aprendizado por meio de brincadeiras com o resgate de jogos tradicionais que fogem do digital. “Queremos trazer mais oportunidades de diversão para a garotada das comunidades e auxiliar os responsáveis na busca de atividades para os pequenos, já que muitas vezes as crianças ficam em casa ociosas ou em frente à TV ou nos jogos digitais. A colônia de férias da Favela Mundo, além de oferecer atividades lúdicas durante o recesso escolar, investe na saúde física e socialização da criançada, que aproveita a ocasião para fazer novos amigos”, aponta Marcello Andritotti, fundador da ONG Favela Mundo.
A Favela Mundo é patrocinada pela Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura, Rio Brasil Terminal, Magellan IP, LAMSA e MetrôRio, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura – Lei do ISS.
Favela Mundo | A ONG Favela Mundo é a única entidade no país a ser reconhecida pela ONU como “Modelo de Inclusão Social nas Grandes Cidades”. O reconhecimento ocorreu no evento World Cities Day, em Nova York. Além deste, a Favela Mundo já esteve representando o Brasil em outros nove eventos no exterior, sendo três desses na Organização das Nações Unidas.
Serviço:
Local: Biblioteca Parque da Rocinha – Estrada da Gávea, 454
Conheça mais sobre a ONG em www.favelamundo.org.br ou (21) 2236-4129.
(Fonte: Agência IS)
Foi no decorrer da década de 1980 que Pedro Almodóvar, um dos diretores de cinema mais prestigiados e conhecidos do mundo, escreveu uma série de crônicas para a revista La Luna de Madrid. Anos depois, o grande editor Jorge Herralde propõe a publicação destes textos e o resultado é a obra “Patty Diphusa e Fogo nas entranhas”, que chega pela primeira vez às livrarias em edição única pelo selo Tusquets, da Editora Planeta. O livro é formado por duas histórias principais e marcam a estreia do cineasta na literatura.
A primeira parte da obra traz as memórias devassas da narradora-protagonista Patty Diphusa, uma estrela de filmes adultos que, ao contar suas experiências mais íntimas, reflete sobre a cena de Madri na década de 1980, regada a sexo e drogas. “Entre a quantidade de personagens femininas que escrevi, Patty é uma de minhas favoritas. Uma garota com tanta vontade de viver que nunca dorme, naïf, terna e grotesca, invejosa e narcisista, amiga de todo mundo e de todos os prazeres e disposta sempre a ver o melhor lado das coisas”, escreve Almodóvar no prólogo da obra.
Já a segunda parte é protagonizada por um grupo de cinco mulheres cujas vidas se cruzam pelo mútuo envolvimento com um chinês sentimental, dono de uma fábrica de absorventes íntimos e que, de tanto ser traído, se transforma no vilão da história. Para esta edição, os textos contaram com a tradução de Eric Nepomuceno, que já fez versões para o português de obras de importantes autores, como Jorge Luis Borges, Julio Cortázar e Gabriel García Márquez, além trazer na capa a ilustração do projeto gráfico original.
Reflexo dos sentimentos de Almódovar em meio a balbúrdia do movimento cultural dos anos 1980, “Patty Diphusa e Fogo nas entranhas” passeia entre a ficção e a não ficção ao mesmo tempo, explorando de maneira instigante, despojada, repulsiva e empolgante as reflexões do autor sobre os círculos artísticos de Madrid. “Me alegra muito que esses textos se transformem em livro, embora, quando os escrevia, nunca estivesse seguro de que iria escrever o capítulo seguinte”, conta Almodóvar. Ganhador de mais de 150 prêmios, incluindo Oscar e Globo de Ouro, o cineasta encerra o texto com um convite. “Para terminar, só me resta pedir que leiam este livro com a mesma falta de pretensão com que ele foi escrito”, finaliza.
Trechos do livro
Sempre descubro motivos para ser otimista. É que, apesar de ser uma sex symbol, sou bastante equilibrada.
A vida é muito efêmera, às vezes você não tem outro remédio a não ser fazer tudo ao mesmo tempo, se quiser tirar algum proveito dela.
Eu me chamo Patty Diphusa e pertenço a esse tipo de mulheres que protagonizam a época em que vivem. Minha profissão? Sex symbol internacional ou estrela internacional de pornô, como quiserem chamar.
Estupefato, Ming ficou olhando para ela. Não sabia por que, mas o cinismo de Mara o deixava paralisado. Naquele momento, pensou coisas muito feias sobre ela, mas não conseguiu falar. Foi até a janela e a viu com um homem do mundo que a esperava em seu automóvel.
FICHA TÉCNICA
Título: Patty Diphusa e Fogo nas entranhas
Autor: Pedro Almodóvar
Tradução: Eric Nepomuceno
Páginas: 160 p.
Preço: R$56,90
ISBN: 978-85-422-2183-1
Editora Planeta | Selo Tusquets.
Sobre o autor
Pedro Almodóvar é um dos cineastas mais prestigiados do mundo. Nascido em 1949, na Espanha, o diretor também é roteirista, ator e produtor de cinema. Seu trabalho já lhe rendeu mais de 150 prêmios por filmes como “Tudo sobre minha mãe”, “A pele que habito” e “Dor e glória”. Marcada pelo melodrama, humor irreverente, cores ousadas, citações da cultura popular e complexas narrativas, sua obra tem criado grande impacto mundial nas últimas décadas.
Sobre o Selo Tusquets | Criado em 1969 na Espanha e presente no Brasil desde 2016, Tusquets é o selo de ficção literária da Planeta. Publica autores como Alejandro Zambra, J.P. Cuenca, Camila Sosa Villada, Xico Sá, Marina Colasanti, José Eduardo Agualusa, Shusaku Endo, Javier Cercas, Marguerite Duras, Ferréz, Bob Dylan, Leila Slimani e Édouard Louis.
(Fonte: Editora Planeta)
Quem tem direito à cidade? Quais monumentos nos representam ou deveriam nos representar? Quem determina o que será ou não lembrado? Quem tem direito à memória? – é de indagações como essas que surge o trabalho do Coletivo Coletores, dupla criada em 2008 na periferia da Zona Leste de São Paulo por Toni Baptiste e Flávio Camargo, artistas multimídia, pesquisadores e professores, e que traz, em sua obra, o rearranjo de signos, ícones e memórias de resistência que compõem tecidos urbanos e sociais. Marcando seus 15 anos de existência, o Coletivo Coletores ocupa o Museu Nacional da República de Brasília com a primeira exposição de arte digital e multimídia da instituição, com curadoria e expografia assinada por Aline Ambrósio, arquiteta, expógrafa, curadora e produtora cultural mineira e afro-indígena. A mostra “Signos de Resistência, Bordas da Memória” entra em cartaz a partir de 13 de julho na Galeria Principal do museu e reúne uma seleção de mais de 250 obras; dentre elas, 50 inéditas e trabalhos emblemáticos da trajetória da dupla.
“O conjunto de obras trará destaque para ícones e territórios do Brasil que foram apagados ou esquecidos, a exemplo da figura de Tebas, primeiro arquiteto negro do país e, ainda, a história por trás das Igrejas dos Homens Pretos e de diferentes líderes sociais que foram perseguidos ou assassinados e se tornaram símbolos nacionais e internacionais na luta pela igualdade racial, pelos direitos humanos e pela vida”, explica a curadora.
A exposição lança um olhar à história e às contradições da construção do Brasil e busca recontar a história do país a partir de suas memórias apagadas e de suas contradições hegemônicas. A proposta dos artistas é questionar e rememorar os signos que representam historicamente as lutas e resistências não apenas no território brasileiro, mas também em outros espaços de disputa das periferias do sul global, culminando no rompimento de bordas e barreiras visíveis e invisíveis que permeiam a existência desses grupos sociais marginalizados e subjugados. Para ampliar a circulação dessas histórias e ícones, os Coletores apresentam intervenções urbanas digitais, fotografias, videomappings, animações, pichações e instalações multimídia organizadas em seis núcleos: Ícones da resistência, Bandanas-Bandeiras, Arquitetura: Territórios de Memória, PALAVRACIDADE, Costurando Bordas e Percursos Insurgentes.
Ícones da resistência
Figuras icônicas da resistência brasileira, pessoas negras, originárias e periféricas são homenageadas nesse núcleo da exposição. São personalidades que se tornaram símbolos nacionais e internacionais na luta pela igualdade racial, pelos direitos humanos e pela vida, como Marielle Franco, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Carolina Maria de Jesus, Marighella, Tereza de Benguela, Galdino da etnia Pataxó, Luiz Gama, Tebas, Chico Mendes e Martin Luther King, entre outros.
Entre os trabalhos, está “Tebas Rememórias II” (2020), obra que parte de uma narrativa antirracista e contracolonial que revisita a trajetória de Joaquim Pinto de Oliveira, popularmente conhecido como Tebas, o primeiro arquiteto negro do Brasil.
A história de Tebas, assim como a história da cidade de São Paulo, viveu e vive uma série de edições, apagamentos, construções, lendas, leituras e mitos. Por meio de uma vídeo-projeção mapeada, os Coletores apresentam imagens das construções remanescentes, vídeos, animações 2D e 3D e textos animados que revisitam as obras de Tebas e contam seu legado.
Outra obra presente neste núcleo é “Resista!” (2014), série de fotografias criada a partir de intervenção urbana digital com videomapping. Projeto pioneiro na ocupação de periferias com arte e tecnologia, esse trabalho se inicia com a apropriação de imagens de cânones de lutas e resistências globais nas lutas por direitos humanos, como Luther King Jr.
Na vista, a paisagem da comunidade Vila Flávia, em São Mateus, na Zona Leste de São Paulo, é ressignificada por meio de imagens como da caminhada de Selma – protesto que ocorreu em 1965, Montgomery, EUA, em favor da igualdade de direitos – e busca promover a reflexão sobre as lutas coletivas e os avanços sociais e culturais na conciliação de pautas, vivências e crenças.
Bandanas-Bandeiras
A bandana, elemento que é um dos principais signos de resistência reconhecido nacional e internacionalmente e utilizados por diferentes grupos sociais de diversos países, é apresentado na obra do Coletivo Coletores como bandeira e um símbolo de poder, identidade e territorialidade. “A bandana se tornou um dos principais signos de resistência globalmente reconhecíveis, deixando de ser utilizada apenas como proteção contra as intempéries em regiões desérticas ou como símbolo de demarcação e indumentária ao ser apropriada por múltiplos grupos sociais insurgentes. Esse elemento simbólico e identitário une nações e, nessa exposição, é apresentado em diferentes formatos, como bandeira, fotografia, vídeo e instalação, demonstrando sua diversidade poética, política e estética”, explica Aline Ambrósio.
Arquitetura: Territórios de Memória
Territórios e monumentos são comumente ressignificados e reapresentados nas obras do Coletivo Coletores de diferentes formas, incluindo esculturas, maquetes, fotografias, projeção holográfica e vídeo instalação, entre outras. Esse núcleo demonstra a apropriação da cidade, a pesquisa histórica e a relação dos artistas com a arquitetura e o território.
Em “Refundação” (2020 – 2023), vídeo instalação inédita feita a partir da intervenção que o Coletivo Coletores realizou no Monumento às Bandeiras em São Paulo, os artistas convidam o público a refletir sobre quem tem direito à memória ou ao esquecimento e como as edições da história podem gerar ícones controversos, como os bandeirantes.
Na ação inicial, realizada na pandemia de Covid-19, em 2020, o Coletivo Coletores realizou a intervenção em escala monumental, mapeando a escultura dos Bandeirantes tridimensionalmente. Para exposição no Museu Nacional, os artistas fazem uso, de forma digital, do elemento fogo, a fim de acender as discussões sobre as disputas acerca da memória e sobre como devemos rever o papel dessas figuras no espaço urbano.
A discussão acerca dos monumentos que ocupam os espaços públicos e a memória coletiva aparece, também, nas obras “Maldita herança 1.0” (2023) e “Pujança Editada” (2020). “Maldita herança 1.0” é uma escultura concebida a partir do processo de escaneamento e modelagem 3D do Monumento ao Borba Gato. Nesta obra, o Coletivo Coletores discute sobre como pensar, apropriar e editar a memória, a fim de oferecer ao público uma narrativa contra hegemônica e que se aproxime da história e da verdade. Em tempos em que o mundo é permeado pelos meios digitais, o que os artistas fazem aqui é uma provocação às formas de utilização desses meios, mostrando que também podem ser caminhos estratégicos para a documentação histórica.
Em “Pujança Editada”, os artistas realizam intervenções com videomapping no Monumento Borba Gato e transformam a escultura em uma espécie de estrutura oca, pela qual será revelada seus alicerces e entranhas, tal qual um raio X histórico. Aqui, os Coletores trazem iconografias diversas que contam as memórias e resistências de diferentes povos que foram subtraídos, violentados e esquecidos. “Nesse sentido, a concepção de pujança tradicionalmente utilizada para narrar os feitos de figuras históricas, será editada para dar lugar aos valores reais implícitos à figura do Borba Gato”, comentam os artistas.
PALAVRACIDADE
Neste núcleo, a curadoria concentra trabalhos que se dedicam à palavra e à sua relação direta com o tecido urbano e com as edificações. “A palavra é entendida nessa exposição e na produção do Coletivo Coletores como uma ferramenta de resistência e existência. Diversos signos da identidade afro-brasileira, originária e periférica passam pela palavra, seja ela falada e ritmada em letras de música ou aplicada em pixos, lambes, artes gráficas e outros formatos. Nesse sentido, a palavra em conjunto e em diferentes formatos é lida em sua totalidade como imagem em uma leitura semiótica e poética de aproximação”, explica Aline Ambrósio.
Entre as obras inéditas que compõem o núcleo, está “Estamos vivxs” (2023), uma série de fotografias a partir de intervenção urbana digital com videomapping sobre arquitetura de equipamentos culturais como o próprio Museu Nacional da República, o Theatro Municipal de São Paulo e o Paço Imperial do Rio de Janeiro.
Em “Signos de Resistência, Bordas de Memória”, a obra será exibida com uma intervenção urbana de pixo digital na fachada do Museu da República e se desdobrará em fotografia e vídeo dentro do espaço expositivo. “‘Estamos vivxs’ foi projetada como uma sequência de ações em espaços arquitetônicos emblemáticos para a história das cidades, mas que, em muitas vezes, em sua apropriação, se tornam espaços reprodutores de contradições e violências. Nesse sentido, ao pixar com videomapping a fachada desses pontos, o Coletivo Coletores chama atenção para as múltiplas existências que são negadas, apagadas ou apartadas desses locais”, conta Aline Ambrósio.
Costurando Bordas
Neste núcleo, o Coletivo Coletores traz ao público uma espécie de ateliê aberto, no qual integram todos os signos tratados na exposição, e apresenta obras em formatos cotidianos, dando destaque à moda, à música, ao comportamento e ao entretenimento como forma de bem viver dos grupos sociais historicamente marginalizados e segregados. A moda, a música e o estilo se apresentam como importantes ferramentas para o rompimento de bordas e barreiras, pois são formas de povos negros, originários e periféricos se colocarem, legitimarem-se, mas também, apresentarem-se no mundo, criando assim uma identidade e ressaltando a ancestralidade contida em cada escolha que não é apenas estética. São apresentados vestuários, joalheria, acessórios como bandanas, objetos escultóricos, fotografias, vídeo performance, um pinball para as pessoas brincarem e interagirem, entre outras obras. É a cidade viva e em movimento, unindo os diferentes povos a partir da arte.
Percursos Insurgentes
A apropriação do território através das vias e percursos que são desbravados pelo Coletores com o ledtruck, um veículo instalativo ressignificado pelos artistas, que se utiliza da linguagem publicitária e percorre diferentes centralidades brasileiras com palavras e imagens de manifesto contra apagamentos históricos, violências sociorraciais, injustiças globais e desigualdades.
Repensar os usos das tecnologias e os usos dos espaços públicos são temáticas e processos que o Coletores têm se interessado desde o início de sua trajetória, seja por pensar na democratização da arte na cidade, na ressignificação dos meios publicitários ou, do mesmo modo, desenvolver uma intervenção que acontece em escala geográfica, repensando não só territórios e agentes, mas também seus fluxos migratórios. “Os ledtrucks, por exemplo, são dispositivos criados para a publicidade em grandes meios urbanos, equipados com painéis de LED imponentes sobre caminhões que percorrem as estradas e permitem uma comunicação rápida e efetiva, sem aviso prévio, assim como acontece com os pixos pela cidade”, reflete a curadora. Nesta série, o Coletores procura explorar os percursos das cidades realizando uma cartografia transmídia que se vale da palavra, do pixo e da animação para dialogar ou questionar territórios.
O núcleo integra, ainda, registros do percurso de ledtruck em ações como o percurso realizado no Rio de Janeiro em busca de uma resposta após cinco anos do assassinato de Marielle Franco e manifestos realizados na pandemia de Covid-19.
Sobre o Coletivo Coletores
Formado em 2008 na periferia da Zona Leste da Cidade de São Paulo pelos artistas e pesquisadores Toni Baptiste e Flávio Camargo, o Coletivo Coletores tem como proposta pensar as cidades como meio e suporte para suas ações, utilizando diferentes linguagens visuais e tecnológicas discutindo temáticas ligadas às: periferias globais, apagamentos históricos/culturais e o direito à cidade. Em sua pesquisa poética, o Coletivo Coletores realiza ações que buscam evidenciar a história e as estratégias de resistência das coletividades e movimentos culturais insurgentes, além de colaborar com espaços, coletivos e movimentos sociais periféricos ou historicamente marginalizados. O Coletivo Coletores já participou de diferentes projetos e exposições ligados à arte, tecnologia e cidade em instituições, como MAM SP, Itaú Cultural, Museu das favelas, Museu da Língua Portuguesa, FILE SP, FONLAD Portugal, Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, Instituto Moreira Salles, Rede Sesc, Red Bull Station, CCSP, British Council e Bienal internacional de Arte Contemporânea de Dakar, além de ser indicado ao MVF Awards 2021 e contemplado com o prêmio ProAC por histórico em artes visuais 2021 e receber o Prêmio PIPA 2022.
No decorrer dos últimos 15 anos, o Coletivo tem desenvolvido produções artísticas que buscam romper com a lógica habitual do circuito de arte contemporânea, fazendo do espaço urbano – onde quer que estejam – seu local de criação e ateliê. Eles utilizam a cidade como suporte para dar vida às obras que nascem do diálogo e do contato direto com o território, suas memórias e seus signos. Os trabalhos iniciam com uma pesquisa histórica, documental e estética e resultam em uma produção de metalinguagens da memória que ressignificam espaços arquitetônicos e monumentos históricos, como Borba Gato, Monumento às Bandeiras, Igreja dos Homens Pretos, o Sítio da Ressaca e Sesc Paraty, entre outros.
Sobre Aline Ambrósio
Natural de Minas Gerais, Aline Ambrósio é arquiteta e curadora afro-indígena. Pós-Graduada em Arquitetura e Urbanismo (UFMG), graduada em Arquitetura e Urbanismo (PUC Minas) e em Design de Ambientes (UEMG). É especialista em Produção de Exposições e Sustentabilidade em Cidades, Edificações e Produtos, possuindo ampla experiência em projetos expográficos e curatoriais, produção cultural e em pesquisa em artes visuais e curadoria. Pesquisadora bolsista pela FAP/DF e pelo Cnpq/UnB, dedica-se à investigação e crítica em arte contemporânea, arte brasileira e arte e tecnologia, expografia e curadoria. Atualmente, é curadora independente, expógrafa e produtora cultural, sendo também membro dos grupos de pesquisa LAC (Laboratório de Arte Contemporânea) e da Rede de Pesquisa e Formação em Curadoria de Exposições. Já realizou exposições nacionais e internacionais, físicas e virtuais em museus como CCBB-SP, CCBB-RJ, CCBB-BSB, Museu Oscar Niemeyer-CWB, IAC-SP, SESC-Belenzinho, SESC-Itaquera, SESC-Taubaté e Museu Nacional da República, sendo suas exposições mais recentes: “Botannica Tirannica”, de Giselle Beiguelman” no SESC-SP; “Signos de Resistência/Bordas da Memória”, no Museu Nacional da República; “Brasilidade Pós-Modernismo” em todas as praças do CCBB, “Ideias: O Legado de Giorgio Morandi”, no CCBB-RJ e CCBB-SP; “Da Vinci Experience”, no MON de Curitiba; “Biblioteca Floresta”, no SESC-Belenzinho; “vigas-mestras:outras narrativas concretas”, no IAC-SP; “Segue em Anexo” e “Arquivo Indisponível”, no Museu Nacional da República – Brasília. Em 2022, participou como curadora, realizando consultoria para a Pinacoteca de São Paulo no projeto de Revisão e Atualização do Plano Museológico da Pinacoteca de São Paulo, que vigorará de 2023 a 2028. Também ministra cursos de formação em Curadoria em Artes Visuais para a Secretaria de Cultura do Ceará (Secult) e para a Rede Sesc – SP.
Sobre o Museu Nacional da República | O Museu Nacional da República, localizado em Brasília, foi inaugurado no ano de 2006 e é administrado pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal. O Museu tem como missão promover as artes visuais para todos os públicos, de forma dialógica, e ser um espaço de incentivo à curiosidade, sensibilização do olhar e produção de conhecimento, por meio de ações de formação do acervo, salvaguarda, pesquisa, comunicação e educação.
Serviço:
Signos de resistência, bordas da memória, exposição do Coletivo Coletores
Curadoria: Aline Ambrósio
Local: Museu Nacional da República | Setor Cultural Sul, Lote 2, próximo à Rodovia do Plano Piloto – Brasília/DF
Abertura: 13 de julho, às 19h
Período expositivo: 14 de julho a 10 de setembro de 2023
Horário de funcionamento: de terça-feira a domingo de 9h00 às 18h30. Fechado às segundas.
Entrada gratuita
Livre.
(Fonte: Patrícia Marrese Assessoria)
“Feliz Ano Velho” é um marco na história do teatro brasileiro, mas talvez nem todos conheçam a verdadeira história de como saiu das páginas do livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva para se transformar em grande sucesso nos palcos do Brasil e do exterior.
A adaptação original, escrita por Alcides Nogueira Pinto e que projetou nomes como Paulo Betti, Denise Del Vecchio, Lilia Cabral e Marcos Frota no cenário das artes cênicas, celebra 40 anos de sua estreia neste mês de julho. Foi durante o Festival de Inverno de Campos do Jordão, na noite de 3 de julho de 1983, que o país conheceu um espetáculo muito à frente de seu tempo.
Talvez a peça “Feliz Ano Velho” não saísse do papel se não fossem a perspicácia e insistência de Marcos Kaloy, hoje empresário e vereador em Monte Alegre do Sul, onde mora. O próprio autor Alcides Nogueira Pinto confirma as raízes do ambicioso projeto.
“Tudo começou com o Kaloy, que teve a ideia de levar para o palco o livro de Marcelo Rubens Paiva. Foi ele quem fez contato com o Marcelo, comigo, com Paulo Betti. Logo chegaram Adilson Barros, Denise Del Vecchio, Lilia Cabral, Christiane Rando e Marcos Frota”, recorda Nogueira. Marcos Kaloy, na época, um líder estudantil e ator formado pela Escola Macunaíma, também fez parte do elenco.
Kaloy conhecia Marcelo Rubens Paiva e enxergou potencial para uma montagem cênica baseada no livro, que foi lançado no ano anterior da peça – 1982. Com a autorização do escritor, procurou Alcides Nogueira Pinto que aceitou o desafio, que considerou o início de uma incrível aventura teatral.
“E esses desafios eram muitos. Como adaptar um livro que o Brasil inteiro tinha lido, que provoca comoção, que era profissional? Como preservar a força e ao mesmo tempo o desamparo desse relato de Marcelo, tão pessoal, tão íntimo? A única saída era não ser Marcelo. Tomar distância e contar a história dele com os olhos possíveis. Então, seguimos”, conta Alcides Nogueira.
O dramaturgo escrevia na época textos para Paulo Betti, Adilson Barros e Denise Del Vecchio quando aceitou o convite para escrever a peça. Chegaram então Lilia Cabral, Christiane Rando e Marcos Frota. Coube a Paulo Betti a direção.
Marcos Kaloy, embora formado em sociologia e política pela PUC-São Paulo, já atuava como ator e mantinha contato com os atores. “Queríamos contar no palco a história do Marcelo e chamar a atenção sobre a realidade do Brasil da época, comandado pelo regime militar, e o desaparecimento de Rubens Paiva, pai do Marcelo”, recorda Kaloy.
Nogueira manteve no texto da adaptação a mesma naturalidade usada por Marcelo Rubens Paiva ao escrever sua autobiografia. No livro, o autor conta a história do acidente sofrido em uma lagoa em Campinas, que o deixou paraplégico em 1979, quando era estudante da Unicamp. Além disso, narra a infância e adolescência e o convívio com o pai, o ex-deputado federal Rubens Paiva, desaparecido durante a ditadura militar, em 1971.
E Alcides Nogueira conseguiu transmitir com maestria este conjunto de emoções. O resultado foi um espetáculo ágil repleto de criatividade, sensibilidade, comoção e alegria, que conquistou a cumplicidade e empatia do público.
Sucesso absoluto e prêmios
Depois de seis meses de ensaio e sem qualquer patrocinador, “Feliz Ano Velho” estreou em 3 de julho de 1983, durante a programação do Festival de Inverno de Campos do Jordão. Na verdade, o teatro Claudio Santoro serviu como ponto de partida para o espetáculo, que seguiu para São Paulo, onde estreou em 31 de agosto de 1983, Rio de Janeiro, viajou pelo Brasil e ganhou o mundo. A estimativa é de que mais de um milhão de pessoas tenham assistido a peça.
O espetáculo permaneceu por cinco anos em cartaz e também fez sucesso na temporada no exterior como representante do Brasil nos festivais internacionais de Nova Iorque (EUA), Havana (Cuba). São José (Porto Rico) e Cidade do México.
Aclamado pela crítica, “Feliz Ano Velho” foi premiado em diferentes categorias pelo Molière e Mambembe, além de receber o Troféu Inacen como espetáculo do ano pelo Instituto Nacional de Artes Cênicas, entre outros.
Ligação com a música
Para Marcos Kaloy, que atuou e participou da produção da obra para o teatro e diante do sucesso foi convidado para dirigir o Festival Internacional de Teatro da Unicamp, o mais importante é que “Feliz Ano Velho” mantém o estímulo para novas montagens teatrais. O próprio diretor da peça original, Paulo Betti, dirigiu uma nova adaptação em 2021.
Em 2003, ocasião dos 20 anos do espetáculo, todo o acervo de “Feliz Ano Velho”, que havia ficado com o então produtor cultural Marcos Kaloy, foi doado por ele ao Arquivo do Estado, da Secretaria de Cultura do governo do Estado de São Paulo.
Marcos Kaloy resume “Feliz Ano Velho” como uma peça que tinha algo para dizer para a juventude da época. “Além disso, o espetáculo acompanhou o movimento do nascimento do rock nacional com o surgimento de bandas como Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Blitz, Barão Vermelho, entre muitas outras”, diz.
Para confirmar a relação do teatro com a música, Kaloy recorda da noite em que “Feliz Ano Velho” abriu o show da banda Legião Urbana em um evento chamado “Feliz Legião”, na década de 80. “Mais de cinco mil pessoas lotaram o ginásio da Unicamp, em Campinas. Realmente foi especial. Ainda fazíamos, após as apresentações, calorosos debates sobre temas polêmicos para época e que envolvia intensa participação do público”, conclui. .
(Fonte: Rota Comunicação)
A Arte132 Galeria inaugurou dia 8 de julho duas individuais: “Uma trajetória de sonhos, caos e fé”, de Claudino Nóbrega, e “Síntese da forma”, de Luiz 83. Na seleção de pinturas da década de 1980, Nóbrega explora a interação de cores e formas. Já a coletânea de Luiz 83 traz esculturas em bronze e fibra de vidro com pintura automotiva, além de desenhos produzidos em guache, nanquim e grafite sobre papel, inspirados na paisagem urbana.
Claudino Nóbrega percorre dois caminhos paralelos ao estabelecer uma interação de cores que obriga o público a olhar de perto e uma interação de formas que conduz a um olhar mais afastado. Entre uma e outra, o olho dança. Para Nóbrega, a individualização de cada pessoa vai definir o melhor ângulo para contemplar suas obras. “A ideia é fazer o espectador questionar se a melhor visão de suas obras fica melhor de perto ou de longe, a resposta fica a desejo dos olhos de cada um. A distância ideal fica onde o olhar oscila, entre a forma e a cor”, afirma o artista catarinense.
Ele chama atenção para a fragmentação executada em cubos, com jogo de cores complementares em cima de fundo manchado, gerando luzes com temperaturas diversas. “Essas luzes fragmentadas, olhadas a distância, criam uma unidade de luz que não se mistura, uma luz indivisa e inédita, que não se abre imediatamente”, comenta. O artista conclui explicando que “a própria técnica traz efeitos óticos e até formação de arquétipos, independentemente da atitude pictórica ou poética”.
Já o espaço expositivo reservado para as 23 obras de Luiz 83 leva o visitante a um universo que ressignifica os signos das metrópoles. As esculturas e desenhos mostram que o artista paulistano se aproximou da arte primeiro pela pichação, agregando a pintura urbana lúdica e violenta para, em seguida, projetar-se em suportes mais clássicos.
As obras apresentadas na exposição Síntese da forma retomam a estilização típica da pichação para transformar as letras metaforicamente em massivas edificações e alusões à figura humana. Para o crítico de arte Paulo Gallina, Luiz 83 comenta e transforma a metrópole através de suas pinturas e esculturas, “em uma reflexão sobre o contemporâneo, a cidade e suas construções materiais e simbólicas”.
SOBRE OS ARTISTAS
José Claudino da Nóbrega (São José-SC, 1951) entra em contato com os princípios da pintura, ainda na juventude, aos 16 anos. Em 1984, realizou sua primeira exposição individual na Ponte Galeria de Arte, em São Paulo, e teve seu trabalho reconhecido pelo mercado de arte. As experimentações com a técnica pontilhista começam em 1986, ano em que foi inserido no Dicionário Crítico da Pintura no Brasil. Em 1993, começa a estudar a história paulista, dedicação que resulta, em 2003, na mostra individual “Homenagem a São Paulo”, apresentada no Museu Brasileiro da Escultura (MuBE).
Luiz dos Santos Menezes – Luiz 83 (São Paulo, 1983) é artista independente e autodidata, indicado ao Prêmio Pipa on-line na edição de 2022. Extraiu da vivência de “pichador” nas ruas da capital paulista um vocabulário plástico que vem refinando por meio de pesquisas com os meios artísticos mais convencionais, como o desenho, a pintura e a escultura. Teve obras expostas na PARTE – Feira de Arte Contemporânea de São Paulo, em 2015, 2016 e 2019, e nas ruas de Londres, em 2016. Apresentou exposições independentes em galerias da capital paulista. Também participou de mostras coletivas como Tendências da Street Art, no Museu Brasileiro de Escultura, e no 37° Panorama do Museu de Arte Moderna de São Paulo.
Sobre a Arte132 Galeria
A Arte132 acredita que a arte de um país, e de um período, não é constituída apenas por alguns nomes definidos pelo mercado, mas por todos os artistas que desenvolveram um entendimento do mundo e do homem em determinado momento, artistas estes que abriram e alargaram os caminhos da arte brasileira. Dessa forma, expõe e dá suporte a mostras com o compromisso de apresentar arte relevante e de qualidade ao maior número de pessoas possível, colecionadores ou não. A casa (concebida pelo arquiteto Fernando Malheiros de Miranda, em 1972), para além de uma galeria de arte, é um lugar de encontros, diálogos e descobertas.
Serviço:
Uma trajetória de sonhos, caos e fé | Claudino Nóbrega
Síntese da forma | Luiz 83
Local: Arte132
Endereço: Avenida Juriti, 132, Moema, São Paulo – SP
Período expositivo: 8 de julho a 5 de agosto de 2023
Visitação: segunda a sexta, das 14h às 19h; sábados, das 11h às 17h
Entrada gratuita
(Fonte: A4&Holofote Comunicação)