Notícias sobre arte, cultura, turismo, gastronomia, lazer e sustentabilidade

Inscreva seu e-mail e participe de nossa Newsletter para receber todas as novidades

Estão abertas as inscrições para a 9ª edição do Prêmio FOCO

Rio de Janeiro, por Kleber Patricio

Imagem: divulgação.

O Prêmio FOCO, criado pela ArtRio em 2013, chega a sua nona edição e quer dar continuidade ao importante trabalho de reconhecimento, fomento, valorização e divulgação de artistas visuais brasileiros. Dedicado a artistas com até 15 anos de carreira, uma importante meta da premiação é estimular o desenvolvimento e o crescimento profissional. As inscrições são gratuitas, entre os dias 1º e 30 de junho, no site da ArtRio, onde está disponível o edital completo.

Pelo segundo ano consecutivo, o Prêmio é apresentado pelo Instituto Cultural Vale. Serão selecionados seis artistas para a premiação. Cada um receberá a participação em uma residência e terá sua obra apresentada no estande do Prêmio na ArtRio 2023, na Marina da Glória, entre os dias 13 a 17 de setembro.

As residências parceiras do Prêmio FOCO esse ano são: Instituto Inclusartiz (Rio de Janeiro, RJ); JA. CA (Belo Horizonte, MG); Chão Slz (São Luis, MA); Residência São Jerônimo (Belém, PA); Residência São João (São José do Vale do Rio Preto, RJ) e Irê – arte, praia e pesquisa (Salvador, BA).

Brenda Valansi.

Os premiados receberão bolsas para se dedicarem exclusivamente a suas pesquisas durante o período de residência, que poderá ser realizado entre novembro de 2023 e agosto de 2024. A seleção dos artistas para a premiação será realizada por um Comitê Curatorial com direção de Bernardo Mosqueira, participantes das residências parceiras e representantes do Instituto Cultural Vale.

O Prêmio FOCO é reconhecido pelo mercado de arte brasileiro como o primeiro degrau da jornada de premiações. Essa característica está justamente no direcionado para artistas com até 15 anos de atuação.

“A realização do Prêmio FOCO é uma iniciativa que complementa nossa intenção de atuar em todas as frentes do segmento de arte. É muito importante incentivar o reconhecimento do trabalho desses profissionais, como também possibilitar que ganhem visibilidade nacional. Ao longo dos últimos anos, acompanhamos o crescimento de alguns vencedores do Prêmio FOCO, recebendo outras premiações em novos estágios de carreira, ganhando destaque em galerias e também entre colecionadores e instituições”, indica Brenda Valansi, presidente da ArtRio.

Vencedores do Prêmio FOCO 2022.

Em 2022, o Prêmio FOCO recebeu inscrições vindas de 104 cidades brasileiras. A maioria dos artistas, 36,04%, tinha entre 25 e 34 anos de idade. Entre os premiados da edição, Alice Silveira Yura, Andrea Hygino, Edgar Pereira da Silva, Iagor João Barbosa Peres, Lucimélia Romão e Priscila Rooxo – artistas que representam a diversidade brasileira, retratando em suas obras suas histórias, pesquisas e desafios.

Dúvidas sobre o Prêmio FOCO 2023 serão esclarecidas pelo e-mail premiofoco@artrio.com.

Edições anteriores – Vencedores Prêmio FOCO:

2022: Alice Silveira Yura | Andrea Hygino | Edgar Pereira da Silva | Iagor João Barbosa Peres | Lucimélia Romão | Priscila Rooxo

2019: Rafael BQueer | Tiago Sant’Ana

2018: Ana Hupe | Aline Xavier | Paul Setúbal

2017: Cleverson Luis Salvaro | Iris Helena | Ismael Agliardi Monticelli

2016: Ivan Grilo | Jaime Lauriano | Romy Pocztaruk

2015: Beto Schwafaty | Carla Chaim | José Carlos de Mélo

2014: Anna Costa e Silva | Renato Hofner | Ricardo Castro

2013: Lucas Simões | Rafael RG | Alan Fontes.

Sobre o Instituto Cultural Vale

O Instituto Cultural Vale parte do princípio de que viver a cultura possibilita às pessoas ampliarem sua visão de mundo e criarem novas perspectivas de futuro. Tem um importante papel na transformação social e busca democratizar o acesso, fomentar a arte, a cultura, o conhecimento e a difusão de diversas expressões artísticas do nosso país, ao mesmo tempo em que contribui para o fortalecimento da economia criativa.

São mais de 670 projetos criados, apoiados ou patrocinados em 24 estados e no Distrito Federal. Dentre eles, uma rede de espaços culturais próprios patrocinados via Lei Federal de Incentivo à Cultura, com visitação gratuita, identidade e vocação únicas: Memorial Minas Gerais Vale (MG), Museu Vale (ES), Centro Cultural Vale Maranhão (MA) e Casa da Cultura de Canaã dos Carajás (PA). Onde tem Cultura, a Vale está.

#artrio #artrio2023 #compartilhearte.

(Fonte: FleishmanHillard)

Fotógrafo brasileiro faz sucesso pelo mundo transformando aves em “modelos”

Curitiba, por Kleber Patricio

Fotos: divulgação/Nuno Papp.

Com mais de 25 anos de carreira, o fotógrafo curitibano Nuno Papp se consolidou como um dos grandes nomes do mercado publicitário nacional. Suas fotografias já foram destaque em campanhas para grandes marcas, como O Boticário e Banco do Brasil, e também estamparam anúncios premiados em festivais em Cannes, Nova York e Buenos Aires. Agora, Nuno tem conquistado o mundo de uma maneira bem inusitada: levando aves para seu estúdio na capital paranaense e transformando-as em “modelos”.

Em “The Food Project”, Nuno apresenta retratos impressionantes das aves que ele cria em sua chácara, na cidade de Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba, tendo como propósito promover a valorização dos animais e estimular uma reflexão sobre nossa relação com a comida que consumimos. “O projeto também lança um olhar crítico sobre seu próprio trabalho na indústria da moda e beleza, desafiando os espectadores a questionarem os padrões estabelecidos e a forma como valorizamos a estética em detrimento de outras questões essenciais”, destaca o fotógrafo.

Em sua chácara, Nuno tem a oportunidade de realizar uma verdadeira imersão na natureza, criando animais e absorvendo a serenidade do campo. Essa vivência poderosa é o que enriquece sua arte, influenciando seus projetos e conferindo uma autenticidade única. Obviamente, toda a criatividade e a excelência do trabalho do fotógrafo resultaram em um projeto único, intenso e que não passou despercebido.

O “The Food Project” está conquistando o Planeta e, desde o ano passado, tem sido selecionado para importantes eventos da fotografia mundial. No último mês de maio, por exemplo, as aves de Nuno ganharam destaque no Kolga Festival, realizado no MOMA Tbilisi, em Tbilisi, na Geórgia. Esse é o maior festival de fotografias do Cáucaso, famosa região que engloba parte da Europa Oriental e da Ásia Ocidental, entre o mar Negro e o mar Cáspio.

Além disso, nos últimos meses, o “The Food Project” foi selecionado para o famoso Meeting Fotofest, evento que reúne em Houston, nos Estados Unidos, fotógrafos e curadores de todos os cantos do mundo, e estampou, no último mês de janeiro, a capa da revista Fotomagazin, de Hamburgo, na Alemanha, uma das grandes referências da fotografia mundial. Com a relevância internacional do trabalho, Nuno difundir de forma muito intensa imagens que capturam de maneira bem peculiar a essência e a beleza do mundo animal, provocando reflexões e desafiando convenções.

“O ‘The Food Project’ é um projeto que me orgulha muito, principalmente por gerar uma onda de discussão muito interessante sobre o papel dos animais e da alimentação em nossas vidas, cumprindo sua função artística e social. Fico muito satisfeito com a repercussão positiva ao redor do mundo, indo muito além daquilo que eu realmente imaginava”, completa o fotógrafo. Na sequência, o material do “The Food Project” vai integrar, também, um fotolivro com receitas especiais, desenvolvidas pelo profissional, que também é apaixonado por gastronomia.

Para mais informações sobre Nuno Papp, acesse os perfis oficiais do profissional no Instagram (@nunopapp.art e @nunopapp_fotografias).

(Fonte: P + G)

Maio de 2023 foi o mais seco da história de Indaiatuba

Indaiatuba, por Kleber Patricio

Foto: divulgação.

Indaiatuba registrou o mês de maio mais seco, com apenas 0,10 milímetros (mm) de chuva, desde que as medições pluviométricas começaram a ser realizadas pelo Serviço Autônomo de Água e Esgotos (SAAE), em 1988. Anteriormente, o menor índice, até então, havia sido registrado em maio de 2006, com 13,6 mm de chuva.

Estamos no início do período de estiagem e o SAAE faz um alerta sobre a importância do uso consciente da água e que se evitem desperdícios.

Apesar de 2023 estar com um cenário mais favorável do que 2021 e 2022, quando a cidade enfrentou uma forte estiagem, as chuvas de janeiro a maio estão abaixo da média, com 577 mm acumulado, sendo que a média histórica é de 700 mm. No mesmo período em 2022 choveu 444 mm, apresentando um dos acumulados mais baixos acumulados no mesmo período.

O superintendente do SAAE, engenheiro Pedro Claudio Salla, ressaltou sua preocupação quanto à importância da população não desperdiçar água e adotar medidas de economia e preservação de modo a manter um bom volume nos mananciais para abastecer a população durante o ano todo.

Mesmo nos períodos de forte estiagem, Indaiatuba conseguiu manter o abastecimento de água normalizado para a população. Isso se deve aos investimentos feitos pela administração pública nos últimos 20 anos, visando garantir a segurança hídrica da região.

Atualmente, há diversos projetos em andamento, mas o destaque vai para a concretização dos trâmites legais para a construção da barragem do Ribeirão Piraí, por meio do Consórcio Intermunicipal do Ribeirão Piraí (Conirpi), formado pelas cidades de Indaiatuba, Salto, Itu e Cabreúva.

As obras da barragem do Ribeirão Piraí terão início no segundo semestre deste ano, contando com um investimento total de 147 milhões de reais. A população desses quatro municípios, que soma mais de 600 mil habitantes, será beneficiada com a conclusão da obra, prevista para 2025.

(Fonte: SAAE Indaiatuba)

Exposição no MAM São Paulo reflete sobre o que é elementar na relação com o outro

São Paulo, por Kleber Patricio

Pedro Motta – “Treme Terra”, 2008. Foto: Pedro Motta.

O Museu de Arte Moderna de São Paulo apresenta de 15 de junho a 13 de agosto, na Sala Milú Villela, a exposição “Elementar: Fazer Junto”, uma coletiva que propõe reflexões acerca do que é essencial para se estabelecer uma relação com o outro.  A mostra tem curadoria de Valquíria Prates, curadora convidada,  Mirela Estelles, coordenadora do educativo do museu, e  Cauê Alves, curador-chefe do MAM, e traz ao público a intersecção entre os acervos artístico e educativo do museu. Com patrocínio da Unipar e da EMS, são apresentadas mais de 70 obras modernas e contemporâneas do acervo do MAM e experiências poéticas realizadas pelo educativo. A exposição convida o  público a pensar nas barreiras a serem rompidas para se realizar coisas em comunhão, sejam elas sociais, culturais, políticas ou geográficas, dentre outras, em um exercício para se refletir questões como a alteridade e a liberdade.

“A exposição aborda questões essenciais para a arte e que estão ligadas à identidade do MAM, como a participação de diversos públicos e o convite para que tenham experiências significativas. Assim, o MAM São Paulo contribui para a aproximação entre curadoria e educação ao mesmo tempo em que promove a arte moderna e contemporânea brasileira. Certamente este é mais um passo na realização de algumas das diretrizes estratégicas do museu: a de ser uma instituição democrática, plural e afetuosa”, comenta Elizabeth Machado de Oliveira, presidente do MAM São Paulo, no texto de apresentação do catálogo da exposição.

German Lorca – “Ibirapuera”, 1998. Foto: Romulo Fialdini.

Considerando a ideia daquilo que é “elementar”, a curadoria partiu dos quatro elementos básicos da natureza para selecionar as obras presentes na exposição. Desta forma, o mergulho na coleção do MAM traz peças que dialogam em diferentes suportes, da pintura à intervenção, com a água, o fogo, a terra e o ar, seja em sua materialidade ou de maneira simbólica.

“No museu, elementar é ‘fazer junto’. Também é a possibilidade de instaurar situações e modos de se relacionar com os acervos e os diferentes públicos em vivências e experiências. Envolve o artístico e os saberes que a arte movimenta e coloca em contato todos que disponibilizam sua atenção, presença e abertura à conexão geradora de sentidos. Tal como elaborou Richard Sennett, trabalhar em cooperação pressupõe disposição e receptividade. A expografia da mostra contempla experiências poéticas e um Espaço de Fazer Junto, além de proposições realizadas com artistas e educadores”, explicam os curadores no texto da exposição.

“Elementar: Fazer Junto” é composta por obras de Anna Bella Geiger, Artur Lescher, Caio Reisewitz, Claudia Andujar, Chelpa Ferro – coletivo fundado pelos artistas Luiz Zerbini, Barrão e Sergio Mekler –, coletivo OPAVIVARÁ, Dora Longo Bahia, Edouard Fraipont & Cildo Meireles, Fausto Chermont, Frans Krajcberg, Franz Weissmann, German Lorca, Jac Leirner, Jarbas Lopes, José Leonilson, Julia Amaral, Laura Vinci, Leda Catunda, Lia Menna Barreto, Luiz Braga, Mabe Bethônico, Marcia Xavier, Marcius Galan, Marcos Piffer, Marcelo Cidade, Marcelo Nitsche, Marcelo Moscheta, Marcelo Zocchio, Maureen Bisilliat, Motta & Lima, Nelson Leirner, Paulo Bruscky, Pedro Motta, Pedro David, Regina Silveira, Rodrigo Andrade, Rodrigo Bueno, Rodrigo Braga, Rodrigo Matheus, Sandra Cinto, Sara Ramo, Shirley Paes Leme, Tarsila do Amaral, Tatiana Blass, Tadeu Jungle, Thomas Farkas e Vulcânica Pokaropa.

Arthur Lescher – “O Rio”, 2006. Foto: Marcelo Arruda.

A expografia criada pelo arquiteto Tiago Guimarães convida o visitante a participar e traz para o espaço da mostra um mobiliário adaptado para diversas experiências artísticas e educativas.  Trata-se do “Fazer Junto”, um espaço que será construído no centro da mostra e ativado com diversas atividades, toda quarta-feira às 16h. A proposta consiste em um ateliê onde acontecem dinâmicas, falas de artistas, oficinas e outras proposições que o MAM Educativo intitula “experiências poéticas”.

Além da programação no espaço Fazer Junto, outras atividades na agenda educativa do museu ao estarão vinculadas à mostra. O público pode acompanhar a programação completa por meio do site do museu. Em algumas delas, o MAM Educativo contará com uma parceria com a Secretária Municipal de Educação, que trará professores para participarem das atividades, produzindo material audiovisual sobre suas experiências para ser difundido na rede pública posteriormente.

A linguagem gráfica criada pela artista e designer Vânia Medeiros se integra ao local expositivo a partir de uma identidade visual em que as palavras se organizam em curvas, insinuando movimentos fluidos e cores que trazem a memória de canetas marca-texto usadas para destacar palavras e frases, como informa a apresentação da mostra.

Mabe Bethônico – “Paisagem”, 2002. Foto: Edouard Fraipont.

Vânia também produziu ilustrações para o catálogo da exposição a fim de representar as experiências poéticas comentadas na publicação, que estará disponível na abertura da exposição e está dividida em duas partes. A introdução do catálogo conta com textos de Elizabeth Machado, presidente do MAM, e dos curadores. Na primeira parte da publicação, são apresentados os núcleos, com imagens de obras representativas de cada um deles, acompanhadas de citações de autores que ajudam a pensar os temas evocados nesses segmentos, como Ailton Krenak, Marilena Chauí, bell hooks, Bruno Latour, Maria Lind, Roland Barthes, Leda Maria Martins, Humberto Maturana, Luiz Antônio Simas, Jacques Rancière e Paulo Freire, dentre outros. A segunda parte, intitulada “Para ler junto”, é composta de ensaios assinados por Cristine Takuá, Paul B. Preciado, Fátima Freire, Antônio Bispo dos Santos e Gandhy Piorski, sucedidos da lista de obras completa da exposição.

Núcleos e elementos

A exposição é estruturada em seis núcleos que são articulados de modo fluído; ou seja, sem formar eixos rígidos, já que várias peças poderiam fazer parte de mais de uma seleção. Para guiar o visitante, o MAM Educativo criou listas de palavras mediadoras para o acesso a cada espaço, anunciadas no catálogo como pistas em mapas para conhecer as obras. Cada núcleo contará com televisões que mostrarão registros de experiências poéticas, proposições realizadas pelo educativo do museu. No catálogo e na exposição, também ficam disponíveis QR codes para acessar esses registros, disponíveis em texto e gravadas em vídeo.

No primeiro núcleo, “Narrativas: fluxos, conexões, transformação”, as pinturas de Leda Catunda dialogam com obras de paisagens em outros formatos, como em “Delta Del Tigre – Naufrágio”, de Tatiana Blass. O espaço também traz trabalhos arrojados, como “Bolha Vermelha”, de Marcelo Nitsche, um experimento que parte de um eletroduto de polietileno movido por um motor exaustor industrial. A fotografia está presente em “Elementar: Fazer Junto” com obras como a série Caranguejeira, de Maureen Bisilliat, e os retratos do Parque Ibirapuera feitos por German Lorca, presentes nos núcleos dois e três, “Redes de comunicação: comunhão, resistência” e “Território: ambiente, contextos”, respectivamente.

Chelpa Ferro – “Totó treme terra”, 2006. Foto: Renato Parada.

A ação humana pode ser vista com ênfase nos trabalhos demarcados no núcleo quatro, “Rastros, Registros e Tempo”, das nuvens de fumaça da gravadora mineira Shirley Paes Leme ao flagrante urbano de um bueiro feito por Thomaz Farkas na década de 1940.  A relação com o meio-ambiente está presente em muitos dos trabalhos, como em “Folhas Avulsas #3”, de Laura Vinci, feito em folha de ouro e latão, e o relevo de uma folha em papel na obra Sem título (1981), de Frans Krajcberg, que se encontram no quinto núcleo, ‘Transmutação: trocas e mudança’.

O sexto núcleo, “Jogos: regras, modos intencionais de tomar parte”, reúne trabalhos de artistas que convidam o público a se aproximar das peças. O visitante encontra obras interativas como “Totó Treme Terra”, do Chelpa Ferro, coletivo multimídia fundado em 1995, no Rio de Janeiro, que investiga os caminhos da arte sonora contemporânea. Neste núcleo, também estará a obra “Expediente: primeira proposta para o XXXI Salão Oficial de Arte do Museu do Estado de Pernambuco”, de Paulo Bruscky, que será ativada por colaboradores do MAM ao longo da exposição, que usarão a proposição do artista como local de trabalho. Neste núcleo, está inclusa a experiência poética MAM no Minecraft, na qual dois computadores serão dispostos na sala para que o público acesse e divirta-se com o jogo lançado em 2021, que projeta todo o universo da instituição no ambiente virtual.

Ao longo de seus 75 anos, o MAM São Paulo tem investido na formação de educadores, na cooperação com o setor pedagógico e no desenvolvimento e implementação de medidas de acessibilidade, sendo reconhecido nacionalmente por seus esforços neste núcleo.

Sobre o MAM São Paulo

Fundado em 1948, o Museu de Arte Moderna de São Paulo é uma sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos. Sua coleção conta com mais de 5 mil obras produzidas pelos mais representativos nomes da arte moderna e contemporânea, principalmente brasileira. Tanto o acervo quanto as exposições privilegiam o experimentalismo, abrindo-se para a pluralidade da produção artística mundial e a diversidade de interesses das sociedades contemporâneas.

Rodrigo Braga – “Comunhão I”, 2006. Foto: Terraverde.

O Museu mantém uma ampla grade de atividades que inclui cursos, seminários, palestras, performances, espetáculos musicais, sessões de vídeo e práticas artísticas. O conteúdo das exposições e das atividades é acessível a todos os públicos por meio de visitas mediadas em libras, audiodescrição das obras e videoguias em Libras. O acervo de livros, periódicos, documentos e material audiovisual é formado por 65 mil títulos. O intercâmbio com bibliotecas de museus de vários países mantém o acervo vivo.

Localizado no Parque Ibirapuera, a mais importante área verde de São Paulo, o edifício do MAM foi adaptado por Lina Bo Bardi e conta, além das salas de exposição, com ateliê, biblioteca, auditório, restaurante e uma loja onde os visitantes encontram produtos de design, livros de arte e uma linha de objetos com a marca MAM. Os espaços do Museu se integram visualmente ao Jardim de Esculturas, projetado por Roberto Burle Marx e Haruyoshi Ono para abrigar obras da coleção. Todas as dependências são acessíveis a visitantes com necessidades especiais.

Serviço:

“Elementar: fazer Junto” [coletiva com Anna Bella Geiger,  Artur Lescher, Caio Reisewitz, Claudia Andujar, Chelpa Ferro – coletivo fundado pelos artistas Luiz Zerbini, Barrão e Sergio Mekler -, coletivo OPAVIVARÁ, Dora Longo Bahia, Edouard Fraipont & Cildo Meireles, Fausto Chermont, Frans Krajcberg, Franz Weissmann, German Lorca, Jac Leirner, Jarbas Lopes, José Leonilson, Julia Amaral, Laura Vinci, Leda Catunda, Lia Menna Barreto, Luiz Braga, Mabe Bethônico, Marcia Xavier, Marcius Galan, Marcos Piffer, Marcelo Cidade, Marcelo Nitsche, Marcelo Moscheta, Marcelo Zocchio, Maureen Bisilliat, Motta & Lima, Nelson Leirner, Paulo Bruscky, Pedro Motta, Pedro David, Regina Silveira, Rodrigo Andrade, Rodrigo Bueno, Rodrigo Braga, Rodrigo Matheus, Sandra Cinto, Sara Ramo, Shirley Paes Leme, Tarsila do Amaral, Tatiana Blass, Tadeu Jungle, Thomas Farkas e Vulcânica Pokaropa]

Abertura: 15 de junho, quinta-feira, 19h

Período expositivo: 15 de junho de 2023 a 13 de agosto de 2023

Curadoria: Cauê Alves, Mirela Estelles e Valquíria Prates

Local: Museu de Arte Moderna de São Paulo, Sala Milú Villela

Endereço: Parque Ibirapuera (Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº – Portões 1 e 3)

Horários: terça a domingo, das 10h às 18h (com a última entrada às 17h30)

Ingressos: R$25,00 inteira e R$12,50 meia-entrada. Aos domingos, a entrada é gratuita e o visitante pode contribuir com o valor que quiser.

*Meia-entrada para estudantes, com identificação, jovens de baixa renda e idosos (+60). Gratuidade para crianças menores de 10 anos, pessoas com deficiência e acompanhante, professores e diretores da rede pública estadual e municipal de São Paulo com identificação, sócios e alunos do MAM, funcionários das empresas parceiras e museus, membros do ICOM, AICA e ABCA com identificação, funcionários da SPTuris e funcionários da Secretaria Municipal de Cultura.

Telefone: (11) 5085-1300

Acesso para pessoas com deficiência

Restaurante/café

Ar-condicionado

Mais informações:

www.mam.org.br

www.instagram.com/mamsaopaulo/

https://www.facebook.com/mamsaopaulo/

www.youtube.com/@mamsaopaulo/

https://twitter.com/mamsaopaulo.

(Fonte: A4&Holofote Comunicação)

O gibi que abriu cabeças e despertou a ira conservadora

São Paulo, por Kleber Patricio

Capa do gibi. Imagens: divulgação.

Com seu despretensioso livro de estreia, que começou a ser feito numa aula de faculdade para explicar sua identidade de gênero e sua sexualidade para os amigos, Maia Kobabe desencadeou um debate que incendiou os Estados Unidos. “Gênero queer” chega ao Brasil no Mês da Visibilidade LGBTQIA+ para qualificar o debate em torno da teoria de gênero e estimular o acesso de jovens brasileiros a narrativas escritas por pessoas LGBTQIA+.

“Não quero ser menina. Também não quero ser menino. Tudo o que eu quero é ser eu.”

Quando Maia Kobabe nasceu, no fim dos anos 1980, nas imediações de San Francisco, foi identificade como menina. Desencanada e hippie, sua família não parecia se preocupar muito com os códigos de gênero na educação dos filhos. Assim que passou a conviver com outras crianças, Maia notou que nada daquilo que teimava em encaixar seu corpo e personalidade no gênero feminino — roupas, brinquedos, gestos, pronomes — correspondia à sua autoimagem. Por que uma menina não pode nadar sem camiseta?

Na adolescência, Maia percebeu que o seu desejo também não seguia o roteiro-padrão das descobertas sexuais: sentia uma inexplicável atração por colegas andrógines e não conseguia ficar com ninguém. Esse e outros dilemas da adolescência — Maia não sabia por que “precisava” raspar os cabelinhos da perna ou usar maiô, sentia pânico diante da menstruação e das primeiras consultas no ginecologista, descobriu tardiamente seu gosto pela leitura (e logo depois se apaixonou pela literatura queer) — são narrados no livro em tom afetivo e sincero, que nos transporta para perto de Maia.

Maia saiu do armário duas vezes: primeiro, como bissexual, durante o ensino médio. Mais tarde, na faculdade, como assexual (alguém que não sente ou sente pouca atração sexual por outra pessoa, independentemente de gênero), queer e não binárie (que não se identifica com o gênero masculino nem com o feminino). Nesta HQ autobiográfica, Maia narra esse processo de questionamento dos padrões de gênero, transição e afirmação, até adotar o gênero queer — palavra que perdeu seu primeiro sentido, de “não convencional, excêntrico”, para abarcar inúmeras possibilidades.

“Gênero queer” percorre cada etapa dessa jornada ao som de David Bowie e One Direction, com muito Tolkien, Harry Potter e fanfics. Em meio a uma profusão de saborosas referências pop e nerds, acompanhamos a educação sentimental de ume jovem na Califórnia da virada do século, em um ambiente de liberdade nos costumes, efervescência cultural, curiosidade intelectual e profundas dúvidas sobre gênero e sexualidade — muitas delas, exatamente as mesmas que todes temos na adolescência.

“Gênero queer” se filia à linhagem das grandes graphic novels de não ficção de nossa época, como “Maus”, de Art Spiegelman, “Persépolis”, de Marjane Satrapi, e “Fun Home”, de Alison Bechdel — notáveis por sua capacidade de levar o leitor a uma jornada de conhecimento de um novo universo cultural por meio de uma narrativa magnética e vibrante.

Prêmios e boicotes

Desde sua publicação original, em 2020, o gibi de Maia Kobabe abriu cabeças, se tornou best-seller — as diferentes edições já lançadas superam os 100 mil exemplares vendidos — e recebeu prêmios: ganhou o Alex Award, concedido pela ALA, a Associação Norte-Americana de Bibliotecas, e foi finalista do Stonewall Book Award, que premia narrativas LGBTQIA+. Mas “Gênero queer” também despertou a ira dos moralistas: em 2021 e 2022, foi o título mais ameaçado por movimentos de banimento de livros em bibliotecas nos Estados Unidos, segundo levantamento da ALA. O ano passado também registrou um aumento de 40% nos títulos sob ataque — 2.571 livros foram ameaçados, dos quais 40% tinham protagonistas negros e 20% debatiam questões raciais, segundo dados do PEN America, instituto que monitora ameaças à liberdade de expressão. O debate sobre gênero também está no foco dos movimentos de censura, e “Gênero queer” foi um dos alvos.

Em um artigo sobre seu livro, Maia conta que estava em casa em 23 de setembro de 2021 quando começou a receber notificações no celular. Havia sido marcade num vídeo do Instagram. “Parecia ser uma filmagem de uma reunião do conselho municipal e uma mulher discursava com raiva diante de um suporte para ler livros. Não liguei o som. ‘Esses são os doentes que escrevem esses livros horrorosos’, alguém comentou ao marcar o meu perfil”. Um protesto de pais exigia o banimento de livros da biblioteca escolar local.

“Na manhã seguinte, acordei e vi vários e-mails de jornalistas da Associated Press e de agências de notícias de Washington”. O movimento de perseguição a seu livro — que havia sido lançado com tiragem modesta e sem alarde no ano anterior — tinha se alastrado pelo país e ainda não dá sinais de recuar.

Ex-bibliotecárie e professore de quadrinhos para adolescentes, Maia se preocupa com a restrição de acesso de jovens como elu a livros fundamentais para compreenderem a si mesmes. “Não raro”, escreve Maia, “jovens queer não têm opção senão procurar fora de casa e do sistema educacional as informações sobre quem são. Banir ou restringir livros queer em bibliotecas e escolas é como privar jovens queer de coletes salva-vidas, jovens que talvez ainda nem saibam quais palavras devem digitar no Google para descobrir mais sobre o seu próprio corpo, sua identidade e sua saúde”.

Símbolo de resistência

Num movimento de reação a essa onda de censura, “Gênero queer” acabou se tornando um símbolo da resistência de bibliotecáries e ativistas pela liberdade de expressão, que vêm adotando estratégias de guerrilha para garantir a jovens do interior dos Estados Unidos o acesso a narrativas LGBTQIA+. Bibliotecas improvisadas e clubes de leitura relâmpago surgem de um dia para o outro para furar a censura em pequenas localidades que tiveram suas bibliotecas escolares esvaziadas. Nesses espaços de leitura subversivos, “Gênero queer” faz parte do kit de sobrevivência.

O governador da Carolina do Sul, o republicano Henry McMaster, chegou a tachar o livro de “obsceno e pornográfico” e “provavelmente ilegal” — embora as poucas cenas de sexo do livro sejam retratadas sempre em chave afetiva e não tenham nenhum tipo de violência. O presidente Joe Biden chamou os movimentos pró-banimento de livros de “extremistas do Make America Great Again”. A ALA indica o livro para pessoas a partir dos 12 anos.

Sobre os banimentos, Maia afirmou, em ensaio publicado no site da NPR, a National Public Radio, que procura “encarar tudo isso, se não como um elogio, ao menos como uma espécie de confirmação da potência de minha obra”. Elu só reforçou seu compromisso de continuar escrevendo histórias centradas em personagens trans, queer e não binárias. “Tudo bem se alguns locais do país estão obcecados por censurar meu trabalho, mas me recuso a fazer o mesmo”.

Linguagem não binária

A pedido de Maia Kobabe, a tradução brasileira, de Clara Rellstab, dedicou um cuidado especial ao uso da linguagem não binária, isto é, sem o uso automático da flexão masculina — como na palavra “todes”, por exemplo.

A linguagem, afinal, é um dos temas principais do livro. Da insatisfação com o tratamento sistemático no feminino, ainda em sua infância, à descoberta do sistema anglófono de pronomes Spivak, que acabou adotando, Maia explica por que palavras erradas ou descuidadas podem ofender. Ao mesmo tempo, elu reconhece como é difícil mudar, na família, entre amigos e na sociedade, práticas tão enraizadas. A solução que encontra dá o tom geral de “Gênero queer”: corrigir e explicar, com paciência e generosidade, cada escorregão pronominal, para que a linguagem não binária seja de fato compreendida e utilizada no cotidiano por nós todes.

Mas como isso se aplica na tradução de uma história em quadrinhos? Se no inglês o sexismo se manifesta basicamente nos pronomes, nas línguas neolatinas a flexão de gênero recai também sobre artigos, adjetivos e substantivos, o que acrescenta algumas camadas de complexidade. Na falta de um sistema equivalente ao escolhido por Maia, o Spivak (no qual os pronomes he, she, his, him e her são substituídos por e, eim, eir), a revisão técnica da tradução, assinada por be rgb, tradutorie e editorie de livros, adotou em “Gênero queer” o sistema brasileiro elu/delu, o mais corrente na atualidade.

Nesse sistema, palavras que ganhariam a flexão “natural” no masculino recebem uma terminação neutra: “escritor” ou “escritora” viram “escritorie” (plural “escritories”), por exemplo, e os artigos “a” e “o”, que geralmente marcam o gênero, são substituídos por “u” e “e”, dependendo da palavra; por exemplo, no plural “os vizinhos” se tornam “us vizinhes”. A revisão também buscou evitar palavras masculinizantes, como “pais” para traduzir parents (ficou “minha família”).

O uso da flexão de gênero não binária na tradução acompanha o processo de descoberta de Maia, que é tratade como menina até o momento em que, já adulte, ume artiste queer abre seus olhos para um novo universo, simbolizado por seus novos pronomes. Ou seja, ninguém nasce sabendo linguagem não binária, nem mesmo Maia, mas podemos aprender. E, de certa forma, acabamos evoluindo nesse aprendizado junto com elu ao longo da leitura.

O Brasil ainda está iniciando o debate sobre linguagem não binária nas escolas, na imprensa, na vida privada e no debate público. “Gênero queer” é uma leitura fundamental para quem se interessa pelo tema ou deseja entender melhor esse fenômeno linguístico. Vale observar que o portal jornalístico AzMina produziu um Manual para Uso de Linguagem Não Binária para uso de jornalistas: https://azmina.com.br/reportagens/manual-para-comunicacao-neutra/.

A HQ foi parcialmente financiada pelo programa de patronos da Tinta-da-China Brasil.

“Gênero Queer” n’A Feira do Livro 2023

Inspirado num trecho do HQ de Maia, a editora Tinta-da-China Brasil preparou uma ação em sua tenda durante A Feira do Livro 2023, que acontece na Praça Charles Miller, em São Paulo, entre os dias 7 e 11 de junho. No estande, adesivos com os pronomes Spivak serão distribuídos gratuitamente.

Maia Kobabe na POC CON

Maia Kobabe está entre us convidades da POC CON – Feira LGBTQ+ de Quadrinhos e Artes Gráficas, que aconteceu nos dias 9 e 10 de junho no Centro Cultural São Paulo. A participação de Maia foi virtual, em uma conversa gravada previamente com Lino Arruda, autor transmasculino premiado no Prêmio Mix Literário, que vai lançar a HQ “Cisforia” no evento. A conversa, com legenda em português, será transmitida no canal do YouTube da POC CON (youtube.com/c/PocCon) em data a ser confirmada.

Gênero Queer — Memórias

Maia Kobabe

Cores: Phoebe Kobabe

Tradução: Clara Rellstab

Revisão técnica em linguagem não binária: be rgb

Editora Tinta-da-China Brasil

240 páginas | 14 x 21 | R$99,00.

Sobre Maia Kobabe

Nascide em 1989, fez pós-graduação em quadrinhos pelo California College of The Arts. Trabalhou como bibliotecárie por muitos anos e hoje ministra aulas de quadrinhos em escolas e outros espaços educativos. Publicado nos Estados Unidos em 2019, “Gênero queer” tem edições em francês, espanhol, italiano, alemão, japonês, coreano, checo e holandês.

Sobre a Tinta-da-China Brasil

A Tinta-da-China Brasil é uma editora de livros independente, que publica o melhor da literatura clássica e contemporânea, além de livros de história, jornalismo, humor, literatura de viagem, ensaios, fotografia, poesia, a edição em língua portuguesa da mais importante revista literária da era moderna — a britânica Granta — e a mais bonita coleção de Fernando Pessoa em qualquer língua.

Fundada em 2005 em Portugal, a editora aportou no Brasil em 2012 e desde 2022 é controlada pela Associação Quatro Cinco Um, organização sem fins lucrativos dedicada à difusão da cultura do livro.

Tinta-da-China Brasil | Associação Quatro Cinco Um

Largo do Arouche, 161, sl. 2 – República – São Paulo (SP)

tintadachina.com.br

(Fonte: A4&Holofote Comunicação)