Cientistas rebatem argumentos sobre custos de publicação e dificuldades de infraestrutura; entre pontos para tornar a ciência mais aberta estão mudanças na política de avaliação e estímulo ao compartilhamento de dados
Brasil
O Litoral Norte de São Paulo é um destino que reúne não só belezas naturais exuberantes, como também muita história e cultura de seus povos tradicionais caiçaras, quilombolas e indígenas. Ali, entre a Mata Atlântica e o mar, essas comunidades, muitas vezes centenárias, têm uma história rica e peculiar, com tradições e costumes que foram passados de geração em geração. Eles vivem da pesca artesanal, da agricultura de subsistência e do turismo.
E, nesse sentido, o Circuito Litoral Norte de São Paulo, formado pelos municípios de Bertioga, Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba, vem, cada vez mais, concentrando esforços para desenvolver atividades turísticas sustentáveis, como o Turismo de Base Comunitária (TBC).
“O Turismo de Base Comunitária, além de proporcionar uma experiência singular para o turista que deseja vivenciar a fundo a cultura do destino que ele está visitando, contribui para a preservação do patrimônio cultural, geração de renda e desenvolvimento sustentável para as comunidades locais”, afirma o presidente do Circuito Litoral Norte de São Paulo, Caio Matheus.
Na região, esses roteiros visam não só preservar a rica biodiversidade regional, como também valorizar a cultura caiçara, indígena e quilombola que formam a população local.
Em Bertioga, por exemplo, é possível visitar as Terras Indígenas Ribeirão Silveiras. A comunidade tem trilhas, riachos e área de camping com opção de alimentação tradicional indígena. Na cidade, há também as bases comunitárias Vila da Mata e Sítio São João, que oferecem vivências com a comunidade nas hortas comunitárias e centro de vivências, além de observação de aves e trilhas ecológicas, entre outros.
Já em Caraguatatuba, os visitantes que desejam se integrar à comunidade local podem fazer um passeio na Fazenda de Mexilhão da Cocanha. O tour é realizado pela Associação de Pescadores e Maricultores da Praia da Cocanha (Amapec) e busca garantir a preservação ambiental e cultural dessa prática no local, que é considerada a maior fazenda de mariscos do estado, com 36 mil metros quadrados e produção de até 160 toneladas ao ano.
O roteiro de visitação inclui apresentação do funcionamento da fazenda, processo de reprodução do mexilhão, práticas de cultivo e técnicas de preparação para a venda do produto. Na ilha, a apenas 500 metros da praia no continente, é possível ainda provar a iguaria em pratos típicos locais.
Conduzido pela própria comunidade, em Ilhabela, o projeto Turismo de Base Comunitária na Baía dos Castelhanos recebe os visitantes apresentando o lado oceânico da ilha. Nesse projeto, são protagonistas da visitação as seis comunidades tradicionais caiçaras que se baseiam principalmente na pesca, artesanato e gastronomia. O roteiro inclui as trilhas da Queda, da Figueira, Mansa e Vermelha, além de passeio de barco comandado pelos próprios nativos e oficinas de cestarias. Os visitantes podem ainda experimentar pratos feitos com frutos do mar e produtos locais, como Azul Marinho, Caldeirada, Lambe-Lambe e Lula com Taioba.
Em São Sebastião, a Rota Caiçara é um importante exemplo de Turismo de Base Comunitária que preserva a cultura do povo tradicional do litoral. O passeio é um projeto desenvolvido pela Associação de Pescadores de Boiçucanga e sai da praia de Boiçucanga, oferecendo uma imersão na cultura caiçara em um percurso de três horas.
No roteiro, além de conversar com moradores antigos, que contam sobre a história do povo (como viviam, costumes, divisão de tarefas, aspectos da religião e o que aconteceu com o povo caiçara com o passar dos anos), há degustação de café da manhã típico com café coado na garapa e bolinho de taioba e passeio de barco guiado pelos pescadores locais percorrendo pontos como o cerco flutuante – onde é explicada a arte da pesca – e a Ilha dos Gatos.
Ubatuba também tem focado bastante na questão do Turismo de Base Comunitária, considerando este como um dos maiores diferenciais e atrativos, principalmente para a baixa temporada.
No lado sul da cidade, há a Aldeia Renascer Ywyty Guaçu, que abriga famílias indígenas tupi guarani e guarani e está aberta à visitação mediante agendamento prévio. Assim como o Quilombo da Caçandoca, que tem trabalhado com a questão do TBC nas praias de Caçandoca e Caçandoquinha, entre a Trilha do Saco das Bananas. E o Quilombo da Fazenda, um dos mais desenvolvidos para o recebimento de turistas, trabalhando a gastronomia típica na Praia da Fazenda e a Casa da Farinha, com trilhas, atividades de ecoturismo e cultura quilombola.
Sobre o Circuito Litoral Norte
O Consórcio Intermunicipal Turístico Circuito Litoral Norte de São Paulo vem se consolidando como referência neste segmento para o Estado, apresentando uma gestão integrada e focada no desenvolvimento conjunto das cidades participantes (Bertioga, Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba).
O Circuito soma atrativos, equipamentos e serviços turísticos das cinco cidades integrantes, com o objetivo de enriquecer a oferta turística, ampliar as opções de visita e a satisfação do turista, com consequente aumento do fluxo e da permanência dos visitantes na região do Litoral Norte paulista, assim como a geração de trabalho, renda e qualidade de vida.
Conheça mais sobre o Litoral Norte de São Paulo acessando www.circuitolitoralnorte.tur.br.
(Fonte: Assimptur)
No último mês, no dia 17 de abril, a Associação Mata Ciliar realizou o resgate de uma onça-parda no município de Nova Odessa em parceria com o Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e equipe do zoológico municipal.
O felino, encontrado embaixo de um caminhão no pátio de uma empresa, já era visto rondando o local há três dias. Após ser sedado e resgatado, o animal recebeu o primeiro atendimento no estacionamento da própria empresa, ação realizada pela equipe da AMC com o auxílio da médica veterinária do Zoológico Municipal de Nova Odessa.
Embora estivesse saudável, foi constatado que a onça estava um pouco magra; portanto, ela foi encaminhada até a Associação Mata Ciliar para receber a alimentação adequada e os cuidados necessários até que estivesse apta para voltar à natureza, o que aconteceu no início dessa semana, no dia 2, com o apoio dos mesmos profissionais que auxiliaram no seu resgate na segunda quinzena de abril.
(Fonte: Prefeitura de Nova Odessa)
Qualquer criança ou adolescente pode ser alvo de abuso e exploração on-line, especialmente com o uso massivo da internet por meio de celulares, tablets ou computadores. A violência no ambiente virtual é um problema que preocupa cada vez mais famílias em todo o mundo. Segundo a Safernet, houve 111.929 denúncias de crimes envolvendo fotos e vídeos de violência sexual contra crianças no Brasil em 2022, o que representa um aumento de 9,91% em relação ao ano anterior. O aumento de denúncias já havia sido registrado em 2020 e 2021.
O contato das crianças com estes aparelhos acontece de maneira intensiva e cada vez mais precoce. A pesquisa TIC Kids Online Brasil, realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), apontou que 88% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos que usam a internet no Brasil possuem pelo menos um perfil nas redes sociais, sendo que 78% dos entrevistados possuem smartphone e 53% acessam a internet pelo celular.
Como forma de alertar mães, pais, cuidadores, crianças e adolescentes, a campanha do Maio Laranja realiza uma conscientização sobre o enfrentamento e prevenção ao abuso e à violência sexual de crianças e adolescentes. Neste ano, a campanha ocorre pela primeira vez durante todo o mês por meio de uma lei federal aprovada em 2022, graças ao trabalho de incidência política do ChildFund Brasil e de outras diversas organizações sociais no Congresso Nacional pela aprovação da lei junto à parlamentar Eliziane Gama (PSD – MA). A autoria do projeto na Câmara foi da então deputada Leandre Dal Ponte (PSD-PR), atual secretária da mulher e igualdade Racial do estado do Paraná.
Inteligência artificial
O tema tem sido abordado pelas cenas protagonizadas pela adolescente Karina, interpretada pela atriz Danielle Olímpia, na novela “Travessia”, da TV Globo, tem gerado comoção entre os telespectadores. Na trama, a adolescente foi enganada por um abusador que utilizou um recurso denominado deep fake, técnica de inteligência artificial que altera áudios e vídeos para assumir a identidade de uma atriz fictícia chamada Bruna Schuller. Deslumbrada com a possibilidade de se tornar amiga de Bruna e de conseguir um papel na televisão, Karina começou a fazer videochamadas com a suposta atriz e a lhe enviar fotos íntimas. Porém, a identidade verdadeira por trás da câmera foi revelada e o abusador iniciou uma série de chantagens com a adolescente.
O ambiente virtual está entre os principais locais onde mais ocorrem agressões contra crianças e adolescentes. O dado é da Pesquisa Nacional da Situação de Violência Contra Crianças no Ambiente Doméstico, lançada pelo ChildFund Brasil, com o apoio da The LEGO Foundation. Atento à gravidade desse cenário, o ChildFund Internacional elaborou uma cartilha para prevenir o abuso e exploração sexual on-line de crianças e adolescentes. O documento, que estará disponível no site do ChildFund Brasil, contém orientações importantes para mães, pais, crianças e outros cuidadores, além de recomendações direcionadas às organizações.
“A prevenção da violência contra crianças e adolescentes no ambiente online é urgente, pois a soma do uso intensivo de tecnologias e dos recursos de inteligência artificial pode ser extremamente perigosa para crianças e adolescentes. Nossa cartilha oferece recomendações não apenas para familiares e cuidadores, mas também para que outros atores nos ajudem nesse enfrentamento. Abusadores e outros criminosos utilizam a ingenuidade e a falta de conhecimento desses jovens de maneira cada vez mais sedutora e sofisticada”, explica Maurício Cunha, diretor de país do ChildFund Brasil.
Equipamentos eletrônicos são uma das principais distrações das crianças
Segundo o estudo do ChildFund Brasil, os equipamentos eletrônicos conectados à internet foram citados de maneira recorrente pelas crianças nas entrevistas e grupos de discussão como uma de suas principais distrações. A cartilha revela os perigos do grooming e do sexting. Enquanto o primeiro termo se refere ao aliciamento de menores por meio da internet com o intuito de assediar ou abusar sexualmente da criança no ambiente virtual, o segundo está relacionado ao ato de filmar ou tirar fotografias de si próprio com conteúdo sexual, erótico ou pornográfico e enviar estas imagens ou vídeos a uma pessoa supostamente de confiança por celular ou outro dispositivo eletrônico.
Embora o sexting seja uma prática comum, quem recebe e compartilha as imagens pode viralizá-las sem o consentimento da outra pessoa. Quanto maior esse movimento, mais exposição o autor das imagens terá. Há também a possibilidade de hackear as informações pessoais do autor das fotos e vídeos.
Confira algumas orientações da cartilha para familiares e cuidadores
– Como na vida real, fale com o seu filho sobre as regras de utilização da internet e ações que possam colocá-lo em risco, por exemplo, não conversar com estranhos ou publicar informações pessoais, como endereço, escola onde estuda e números de documento ou de telefone.
– Alinhe a utilização da internet em casa, tais como horários e locais. É melhor se o computador for colocado num local de acesso de toda a família.
– Utilize os controles parentais e crie contas em aplicações a que pais, mães e cuidadores tenham acesso, tais como YouTube Kids ou Google Kids. Se quiser informação sobre controle parental visite a página https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/seus-direitos/classificacao-1/paginas-classificacao-indicativa/controle-parental.
– Crie espaços de confiança para que as crianças possam dizer se tiveram experiências desagradáveis na internet.
– Ensine aos seus filhos sobre o que significam os termos “público” e “privado” no ambiente on-line e os oriente a compartilhar perfil e conteúdo somente para pessoas conhecidas. Oriente seus filhos a não publicar conteúdo no modo “público” e/ou enviar fotografias on-line para pessoas desconhecidas.
– Encoraje os seus filhos a serem gentis e respeitosos no mundo digital e os ensine a não espalhar fofocas, partilhar histórias e/ou fotografias que possam magoar ou envergonhar outra pessoa.
– Crie atividades para que os seus filhos interajam positivamente com amigos, família ou sozinhos on-line e com segurança. Ajude-os a identificar publicidades ou notícias falsas divulgadas no ambiente virtual.
– Ensine aos seus filhos e filhas como ajustar as medidas de segurança nas suas redes sociais, com o objetivo de ajudá-los a proteger a sua identidade e as suas informações privadas.
– Fale com os seus filhos sobre como bloquear, reportar e denunciar conteúdos que os tornam desconfortáveis ou incomodados nas redes sociais que utilizam.
– Após o uso, oriente seus filhos a fechar a sessão de seus e-mails, redes sociais e contas bancárias, ter senhas fortes com pelo menos 8 caracteres e letras, símbolos e números. É melhor usar letras maiúsculas e minúsculas, mas acima de tudo, evitar usar palavras previsíveis como o seu nome ou o da sua família.
Diálogo e atenção a mudanças de comportamento
A cartilha também alerta para a importância de prestar atenção às mudanças de comportamento das crianças e dos adolescentes. Caso eles apresentem sinais de medo, ansiedade, angústia ou isolamento, os familiares ou cuidadores podem conversar para identificar se há algum incômodo durante o uso da internet.
É necessário reforçar as relações de confiança para que crianças e adolescentes saibam a quem recorrer se forem vítimas de violência ou outras situações incômodas na internet. “O ideal é que os cuidadores se informem sobre a gravidade e prevenção do abuso e exploração sexual on-line de crianças e adolescentes e mantenham um canal aberto de diálogo constante. Muitas vezes, os adolescentes têm suas dores negligenciadas devido a conturbadas fases emocionais características dessa fase e o que poderia ser prevenido se transforma em um grande problema para toda a família. Eles precisam ser ouvidos e acolhidos”, conclui Maurício.
Casos de violência on-line podem ser denunciados à polícia pelo número 190. Outra possibilidade é fazer a denúncia pelo Disque 100 ou utilizar sites como o portal da Safernet.
Sobre o ChildFund Brasil
O ChildFund Brasil é uma organização que atua na promoção e defesa dos direitos da criança e do adolescente para que essas pessoas tenham seus direitos respeitados e alcancem o seu potencial. Atualmente, a ONG está presente em sete estados brasileiros (Bahia, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Paraíba, Piauí e São Paulo). Para realizar esse trabalho que impacta positivamente na vida de mais de 110 mil pessoas, entre elas cerca de 60 mil de crianças e adolescentes, a organização conta com a doação de pessoas físicas, por meio do programa de apadrinhamento de crianças e também de doações de empresas, institutos e fundações que apoiam os projetos desenvolvidos.
A fundação do ChildFund Brasil foi em 1966 e sua sede nacional se localiza em Belo Horizonte (MG). A organização faz parte de uma rede internacional associada ao ChildFund International, presente em 24 países e que gera impacto positivo na vida de 16,2 milhões de crianças e suas famílias. A organização foi eleita a melhor ONG de assistência social em 2022 e a melhor para Crianças e Adolescentes do país por três anos (2018, 2019 e 2021), além de estar presente, também, entre as 100 melhores por 6 anos consecutivos pelo Prêmio Melhores ONGs. www.childfundbrasil.org.br
(Fonte: DePropósito Comunicação de Causas)
No próximo dia 10 de maio, às 18h, acontecerá o coquetel de lançamento da exposição “Destinos” do pintor, videomaker, performer, escultor, escritor, músico e curador José Roberto Aguilar, na Pinacoteca Benedito Calixto – referência em arte e cultura há 30 anos na Baixada Santista. O evento será somente para convidados e autoridades.
A exposição será aberta ao público, para visitação gratuita, no dia seguinte, 11 de maio. Será a primeira mostra exclusiva do artista, reconhecido nacional e internacionalmente, na região.
De terça a domingo, das 9h às 18h, será possível apreciar e refletir sobre 17 obras em pintura sobre tela. Uma grande – “A Invenção do Divino Olhai os lírios nos campos” –, 2019, acrílica e esmalte sobre tela de 2,10m x 3,60m, e 16 telas “O Destino”, de 1m x 1m. Cada tela tem um texto alusivo, como por exemplo: “O Destino 4” é o do líder. Gregário e convidativo. Carismático. Um imã de consciência.
A iniciativa – com curadoria de Antonio Carlos Cavalcante e Carlos Zibel – é apresentada pelo Ministério da Cultura, Brasil Terminal Portuário (BTP), MSC e MEDLOG.
Arte na Pinacoteca e exposição “Destinos”
A exposição faz parte do projeto “Arte na Pinacoteca”, que tem o objetivo de promover e disponibilizar às crianças, jovens, estudantes, professores e interessados manifestações culturais diversas.
O projeto – patrocinado por Ministério da Cultura, Brasil Terminal Portuário (BTP), MSC e Medlog – é realizado pela Weimar Cultural, empresa que atua e desenvolve projetos relacionados à arte e cultura, educação, desenvolvimento social, sustentabilidade e meio ambiente.
A associação entre um importante polo de cultura, como é a Pinacoteca – instalada em um casarão tombado pelo patrimônio cultural de Santos – e a Weimar é uma espetacular junção de forças e propulsão de propósitos.
Uma rica e frequente programação por meio de exposições, palestras e oficinas, por exemplo, buscará democratizar e estimular o consumo da arte e da cultura na região.
“Arte na Pinacoteca” – Exposição “Destinos”, de José Roberto Aguilar
Pinacoteca Benedicto Calixto – Av. Bartolomeu de Gusmão, 15 – Santos/SP
Coquetel de lançamento para convidados: 10 de maio, às 18h
Abertura para o público: 11 de maio de 2023 até 11 de junho de 2023
Exposição gratuita: terça a domingo, das 9h às 18h
Tel.: (13) 3288-2260 e (13) 99734-6364
Instagram, Facebook e Youtube: @pinacotecabenedictocalixto.
(Fonte: VGCOM)
O MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, apresenta, no dia 11 de maio de 2023, o seminário “Francis Bacon: a beleza da carne”, antecipando a exposição do MASP dedicada ao artista no ano de 2024 como parte de um programa anual inteiramente voltado às Histórias da Diversidade [Queer Histories]. Online e gratuito, o seminário visa refletir sobre a obra do artista britânico Francis Bacon (1909–1992) adotando uma abordagem inovadora ao destacar os elementos queer tanto em sua produção artística como em sua vida pessoal. Boa parte da crítica e da história da arte canônica não abordou esses aspectos que permeiam suas pinturas, evitando controvérsias sobre sua sexualidade.
Com uma perspectiva contemporânea da obra do artista, o grupo de curadores, historiadores, escritores e pesquisadores reunidos para este seminário abordará as diferentes formas por meio das quais Bacon abriu caminho para a presença queer na cultura visual ocidental. Fazem parte do programa palestrantes de distintas áreas de conhecimento: Dominic Janes, Gregory Salter, Michael Peppiatt, Paulo Herkenhoff, Richard Hornsey, Rina Arya e Simon Ofield-Kerr.
O encontro será transmitido por meio do perfil do MASP no YouTube, com tradução simultânea para Libras, português e inglês. Para receber o certificado de participação, é necessário realizar um cadastro por meio de um link que será fornecido durante o seminário. Os certificados serão enviados ao e-mail dos participantes que assinarem o formulário na segunda parte do encontro, a partir das 13h30.
A iniciativa tem organização de Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP; Fernando Oliva, curador, MASP e Laura Cosendey, curadora assistente, MASP.
PROGRAMAÇÃO
Quinta-feira, 11/5/2023 – 10h30
Introdução – Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP
10h40—12h
Simon Ofield-Kerr – Enfrentando Francis Bacon mais uma vez!
Os interesses de pesquisa de Simon Ofield-Kerr concentram-se em relações entre práticas, prazeres e identidades sociais/sexuais nas culturas visuais e literárias. Nesta palestra, Ofield-Kerr continua a enfrentar a obra de Francis Bacon, em especial sua pintura “Two Figures” [Duas figuras] (1953), abordando-a por meio de um arquivo de textos escritos e visuais populares e banais relacionados à práticas e prazeres sociais/sexuais que, na década de 1950, eram cada vez mais identificados, na imprensa popular, como “queer”. Propõe-se que “Two Figures” seja vista dentro de uma história de encontros sociais e sexuais entre homens, orquestrados pelas diferenças de classe e influenciados por uma economia sexual e visual do modernismo alemão da década de 1930. A palestra discute como essa economia é popularizada e reapresentada nas páginas de revistas britânicas e estadunidenses de fisiculturismo, forma física e luta livre da década de 1950, e como os anúncios publicitários nessas publicações fornecem um contexto popular para compreender a pintura de Bacon.
Simon Ofield-Kerr é reitor da Norwich University of the Arts. Ofield-Kerr estudou Belas Artes no Exeter College of Art and Design, fez mestrado em História Social da Arte e doutorado na University of Leeds, no Reino Unido. Iniciou sua carreira acadêmica na Leeds e passou por diversos cargos de liderança na Middlesex University e na Kingston University, onde foi diretor executivo da Faculdade de Arte, Design e Arquitetura.
Gregory Salter – Francis Bacon e a experiência queer além da Grã-Bretanha na década de 1950
Na década de 1950, Francis Bacon fez várias viagens a Tanger, no Marrocos, em parte para acompanhar Peter Lacy, seu amante na época. As poucas pinturas produzidas no Marrocos (ou que, de alguma maneira, fazem referência ao país) que sobreviveram foram pouco exploradas nos estudos sobre Bacon. Ao mesmo tempo, o Marrocos, e principalmente Tânger, havia se tornado um espaço que atraía turistas e personalidades culturais queer nos anos pós-guerra. Esta palestra baseia-se em pesquisas realizadas sobre a relação entre a arte de Bacon e contextos queer na Grã-Bretanha e questiona como essas histórias podem ser ampliadas com a atenção voltada aos espaços fora do país visitados por homens homossexuais britânicos. A partir de pinturas do período no Marrocos, como “Man Carrying a Child” [Homem carregando uma criança] (1956), e “Landscape Near Malabata, Tangier” [Paisagem próxima a Malabata, Tanger] (1963), Salter argumenta que espaços internacionais como Tanger foram cruciais para a negociação e articulação de Bacon sobre a experiência queer nos anos pós-guerra.
Gregory Salter é professor de História da Arte na University of Birmingham. Publicou o livro “Art And Masculinity In Post-War Britain: Reconstructing Home” [Arte e masculinidade na Grã-Bretanha pós-guerra: reconstruindo o lar] (2019). Atualmente, desenvolve um projeto de pesquisa que trata de histórias transnacionais de arte queer britânica entre 1957 e 1988.
Mediação: Fernando Oliva, curador, MASP.
13h30—15h
Richard Hornsey – As cabeças de Bacon e a fragmentação do rosto masculino homossexual na Grã-Bretanha pós-guerra
A palestra trata a série “Heads”, obras de Bacon com cabeças “diluídas”, como uma resposta estética à posição sociopolítica queer na Grã-Bretanha pós-guerra. No início da década de 1950, a crescente vigilância policial tornou a ocupação de espaços públicos cada vez mais frágil para homens homossexuais. Enfrentando problemas de revelação e prova, as autoridades jurídicas desenvolveram um conjunto de clichês homossexuais visíveis (gestos, expressões faciais, uso de maquiagem) que era usado nos tribunais como prova do desejo na superfície do corpo de um suspeito. Ao mesmo tempo, ativistas pela descriminação alegavam que os homens homossexuais eram cidadãos legítimos precisamente porque a sexualidade deles era invisível, banindo, assim, aqueles que não conseguiam (ou se recusavam a) passar despercebidos no espaço público. As cabeças de Bacon no início do pós-guerra repercutem esse momento interagindo com as estruturas do retrato pictórico do estado cotidiano. Por fim, argumenta-se que as cabeças de Bacon, diluídas e fragmentadas, exploravam a contradição da tentativa de ocupar o espaço público pós-guerra tanto como um homem homossexual quanto um cidadão legítimo.
Richard Hornsey é professor associado em História Britânica Moderna na University of Nottingham, no Reino Unido. Publicou “The Spiv and the Architect: Unruly Life in Postwar London” [O vigarista e o arquiteto: a vida desregrada na Londres pós-guerra] (University of Minnesota Press, 2010). Seu trabalho mais recente investigou o impacto da produção em massa na cultura britânica entre guerras, tema de seu próximo livro.
Dominic Janes – Bacon, corpos musculosos e a cultura material erótica
Hoje em dia, reconhece-se amplamente que Francis Bacon não só era um homem homossexual interessado em BDSM, como também que sua sexualidade desempenhou um importante papel em sua arte. Esse reconhecimento, no entanto, ainda o posiciona em um conjunto de categorias identitárias familiares e deixa de lançar luz nas particularidades de sua imaginação erótica. Com isso em mente, a palestra explora as complexas formas em que o erotismo e a cultura material interagem na vida e nas pinturas de Bacon. Essa abordagem se baseia nas primeiras definições históricas que tratavam da sodomia como transgressões físicas de alcance muito mais amplo do que apenas sexo anal. Ela revisita as imagens homoeróticas da metade do século 20 de maneiras que perturbam os conceitos binários de humano e animal, carne humana e carne animal, sujeito e objeto, que serviam para demarcar a normatividade heterossexual e homossexual ao longo da vida do artista.
Dominic Janes é professor titular de História Moderna na Keele University e Professorial Fellow na University for the Creative Arts. Historiador cultural, estuda textos e imagens visuais relacionados à Grã-Bretanha nos contextos local e internacional a partir do século 18. Nessa esfera, ele se concentra nas histórias de gênero, sexualidade e religião.
Mediação: Leandro Muniz, assistente curatorial, MASP.
15h—16h30
Rina Arya – Queerizando a obra: um olhar contemporâneo sobre Bacon
Bacon era um pintor audacioso que retratava o esplendor cru do corpo masculino. Pintando numa época em que a homossexualidade era criminalizada, Bacon retratava o desejo homoafetivo de várias formas; fosse furtivamente, por meio de cópulas frenéticas, de alguma maneira veladas, ou pelo olhar homoerótico. Afastando-se dessa perspectiva e adotando-se uma lente contemporânea, pode-se entender que Bacon comentasse de forma mais ampla sobre o que agora entendemos como queer, um termo interpretado como uma ofuscação ou ambiguidade sobre categorias. De muitas maneiras, suas representações são sobre o corpo em desejo pulsante, voltando à vida, despedaçando-se e dissolvendo-se em névoa etérica. Esta palestra considera os corpos de Bacon como queer, no sentido de transitar entre gêneros e sexualidades, mais desejosos, vitais, porém profundamente vulneráveis.
Rina Arya é professora titular de Cultura e Teoria Visual na University of Huddersfield. Nos últimos quinze anos, tem produzido inúmeros textos sobre as pinturas de Francis Bacon, com particular interesse nas perspectivas teóricas da obra do artista. Escreveu sobre as expressões de homossexualidade de Bacon, os aspectos religiosos de suas pinturas e as formas como tempo e espaço são mapeados em sua obra.
Paulo Herkenhoff – Francis Bacon e a carne viva da pintura
Se recorrermos ao aforismo de Paul Éluard, retomado por Maurice Merleau-Ponty em “O olho e o espírito”, de que todo pintor empresta seu corpo à pintura, então cabe indagar qual corpo é emprestado por Francis Bacon a sua arte. É um corpo dilacerado pela voracidade do seu desejo homoafetivo, tragado por algum problema físico-anatômico do Outro. Assim, Bacon é um Merleau-Ponty desesperado com as vísceras expostas, como no quadro de Rembrandt “A lição de anatomia do doutor Nicolaes Tulp” (1632). Bacon pode ser considerado um “antropofágico” na dimensão da cultura brasileira do Manifesto Antropofágico (1928) do poeta Oswald de Andrade. “Só me interessa o que não é meu”. Só me interessa a carne do outro. Louise Bourgeois nutria uma paixão canibal por Bacon. No entanto, o Bacon que mais se aproxima do pathos antropofágico pode ser pensado por meio do transgressivo artista brasileiro Artur Barrio, porque ambos são artistas da carne selvagem e simultaneamente filosófica.
Paulo Herkenhoff foi curador da XXIV Bienal de São Paulo, dedicada à autonomia da arte brasileira com a problematização da antropofagia (1998), da qual fez parte a obra de Francis Bacon; professor catedrático no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP) (2019) e agraciado com a Grã-Cruz do Mérito Cultural (2015).
Mediação: Matheus de Andrade, assistente curatorial, MASP.
16h30—17h30
Conversa com Michael Peppiatt – Francis Bacon: em seu sangue
Michael Peppiatt conheceu Francis Bacon em junho de 1963, na French House, no Soho, ao requisitar uma entrevista do artista à revista estudantil da qual era editor. Bacon o convidou para um almoço, eles iniciaram uma amizade e um diálogo sem limitações que perdurariam até a morte de Bacon, trinta anos depois. Fascinado pelo brilhantismo e pelo carisma do artista, Michael o acompanhava em seu giro noturno, regado a álcool entre hotéis, clubes decadentes e cassinos, observando todos os aspectos da “vida glamorosa e vulgar” de Bacon e conhecendo todos à volta dele. Ele também costumava discutir pintura com Bacon em seu estúdio, onde apenas os amigos mais próximos do artista tinham permissão de entrar. Apesar do caos que Bacon criou ao seu redor, Michael conseguiu registrar muitas de suas conversas, que tratavam de todos os aspectos da vida e da arte, do amor e da morte, do que era revelador e hilário, bem como do que era comoventemente trágico.
Michael Peppiatt é membro da Society of Authors e da Royal Society of Literature. Foi curador de inúmeras exposições, especialmente retrospectivas de Francis Bacon e Alberto Giacometti na Europa e nos Estados Unidos.
Mediação: Laura Cosendey, curadora assistente, MASP.
Serviço:
Seminário Francis Bacon: a beleza da carne
Organização: MASP
Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP; Fernando Oliva, curador, MASP; e Laura Cosendey, curadora assistente, MASP.
11/5/23 – 10h30—17h30
Canal de YouTube do MASP
Gratuito
Site do MASP | Facebook | Instagram.
(Fonte: Assessoria de Imprensa MASP)