Cientistas rebatem argumentos sobre custos de publicação e dificuldades de infraestrutura; entre pontos para tornar a ciência mais aberta estão mudanças na política de avaliação e estímulo ao compartilhamento de dados
Brasil
A partir de 20 de abril, a 37ª edição do Panorama de Arte Brasileira: Sob as cinzas, brasa será exibida no SESC Sorocaba. Com correalização do MAM São Paulo e SESC São Paulo, a itinerância leva ao interior do estado obras de 26 artistas. São instalações, pinturas, esculturas e vídeos que conduzem discussões sobre a identidade, símbolos nacionais e referências ao bicentenário da Independência e ao centenário da Semana de 22.
O 37º Panorama tem curadoria de Cauê Alves, curador-chefe do MAM, Claudinei Roberto da Silva, e Cristiana Tejo e Vanessa K. Davidson, membros da Comissão de Arte do museu, que selecionaram 26 artistas e coletivos de diversas regiões, assim como de diferentes gerações, identidades étnico-raciais e de gênero. O grupo de artistas da exposição vai itinerar na íntegra para o SESC Sorocaba: Ana Mazzei, André Ricardo, Bel Falleiros, Camila Sposati, davi de jesus do nascimento, Celeida Tostes, Éder Oliveira, Eneida Sanches e Tracy Collins (LAZYGOATWORKS), Erica Ferrari, Giselle Beiguelman, Gustavo Torrezan, Glauco Rodrigues, Jaime Lauriano, Lais Myrrha, Laryssa Machada, Lidia Lisbôa, Luiz 83, Maria Laet, Marina Camargo, Marcelo D’Salete, No Martins, Sergio Lucena, RodriguezRemor, Sidney Amaral, Tadáskia e Xadalu Tupã Jekupé.
“Sob as cinzas, brasa”, título e conceito proposto pela curadoria, levanta soluções artísticas que refletem sobre o enfrentamento do cenário de emergência das pautas sociais e ambientais no Brasil, comprometendo-se com a promoção de igualdade étnica, de gênero e classe.Os curadores desta edição da mostra explicam em texto do catálogo que “entre as intenções do 37º do Panorama do MAM está a de contribuir para a desconstrução de certos olhares e paradigmas naturalizados, assim como do legado colonial do Brasil. Avesso à noção moderna de progresso, a curadoria desta edição enfatiza as ruínas e as barbaridades de um país que sequer conseguiu cumprir as promessas básicas de uma sociedade economicamente moderna e integrada que pressupunha a superação do subdesenvolvimento”.
Para Elizabeth Machado, presidente do MAM, “a parceria com o SESC São Paulo é fundamental para ampliar o alcance do Panorama aos mais diversos públicos e expandir os limites regionais. As colaborações institucionais, uma prática que vem se fortalecendo cada vez mais no MAM, são essenciais para o ecossistema das artes visuais e da cultura brasileira”, afirma.
“Ao abordar sensivelmente o presente, considerando as marcas indeléveis do passado, artistas articulam universos simbólicos que proporcionam perspectivas acerca do que e como vivemos e sua íntima relação com os processos históricos que nos precederam. É nesse contexto que se localiza o ‘Panorama de Arte Brasileira: Sob as Cinzas, Brasa’, que agora chega à Sorocaba”, afirma Danilo Santos de Miranda, diretor do SESC São Paulo. “Em consonância com a vocação educativa da cultura, o SESC correaliza essa ação com o MAM buscando contribuir com a constante renovação de cenários que se anunciam diversos e, assim, democráticos”, completa.
Sobre os artistas:
Gustavo Torrezan reflete sobre as estruturas de poder que configuram historicamente as organizações coletivas, bem como suas constituições culturais e identitárias. No SESC Sorocaba, será possível ver as obras que abordam a ideia da bandeira nacional e a relação com o carvão, resultado do fim da brasa. Jaime Lauriano convoca a examinar as estruturas de poder contidas na produção da História e dos símbolos, evidenciando as violentas relações mantidas desde a colonização. Ana Mazzei também parte da pesquisa sobre momentos históricos e suas representações na história da arte, construindo estruturas que, a partir da interação do público, reposicionam esses símbolos de poder. Marina Camargo expõe um mapa da América Latina feito de borracha, matéria-prima extensivamente explorada neste continente e que sugere a noção de uma terra maleável, esgarçada, flexionada para vários lados.
A relação com a terra e o solo é uma temática especialmente abordada por alguns artistas presentes na exposição, como é o caso de Celeida Tostes, artista já falecida que trabalhou o uso do barro na exploração de símbolos arquetípicos, relacionados ao feminino e à fertilidade. Bel Falleiros parte da simbologia da natureza explorada para compreender como as paisagens construídas contemporâneas (mal) representam as diversas camadas de presença que constituem um lugar. Lidia Lisbôa trabalha com escultura – sobretudo em argila – gravura, pintura, costura e crochê. Para a itinerância do Panorama ao SESC Sorocaba, traz os seus cupinzeiros, evocando a simbologia ambígua do cupim, que é a primeira vida a brotar em uma terra devastada, mas que ao mesmo tempo também a destrói. A dupla RodriguezRemor interroga fronteiras impostas, visíveis e invisíveis, como a separação de natureza e cultura, de arte contemporânea e arte popular, de arquitetura, tecnologia e tradição.
Laryssa Machada constrói imagens enquanto evocações de descolonização e novas narrativas de presente/futuro com estética e dimensão ritualísticas. Xadalu Tupã Jekupé, artista que também é integrante da edição de 2022 do Clube de Colecionadores do MAM, traz quatro pinturas que contam histórias e mitos guarani sobre as cidades celestiais e a origem da terra e do fogo.
Camila Sposati apresenta dois projetos relacionados à investigação do processo de criação e transformação da Terra, aproximando aspectos físicos do planeta e do corpo por meio do uso do barro, da sonoridade de seus instrumentos e da performance. davi de jesus do nascimento parte da pesquisa acerca de sua ancestralidade ribeirinha para apresentar um conjunto de obras em suportes variados, como o desenho, a fotografia, o vídeo e o tridimensional.
Tadáskía propõe desenhos abstratos que evocam uma ludicidade própria à sensibilidade tropicalista onde a simbologia do fogo e de entidades de matriz africana tem um espaço especialmente destacado pela artista. Maria Laet produz obras com a terra e o barro. No SESC Sorocaba, apresenta registros de uma ação vinculada ao solo no Parque Lage, Rio de Janeiro.
Patrimônio, monumento e arquitetura também são temas explorados pelas produções dos artistas de “Sob as cinzas, brasa”. Erica Ferrari apresenta instalações realizadas a partir de pesquisa em torno das relações entre arquitetura, espaço e história, com interesse direcionado ao lugar das mulheres e da memória de seus gestos nessas relações. Giselle Beiguelman pesquisa as estéticas da memória na atualidade, com ênfase nas políticas de esquecimento, e os processos de atualização do colonialismo pelas tecnologias digitais. Sua obra no SESC Sorocaba atua como uma arena que abrigará encontros de discussões sobre a construção da memória e patrimônio dos monumentos colonialistas. Lais Myrrha produz obras que questionam a história oficial da arquitetura canônica brasileira. Para o Panorama a artista traz partes da obra que investiga a própria arquitetura da Marquise do Parque Ibirapuera, projetada por Oscar Niemeyer e que abriga o MAM.
Eneida Sanches e Tracy Collins (LAZYGOATWORKS) pesquisam a história africana e afro-brasileira vinculada a experiências estéticas que oscilam entre a cognição e o transe. A dupla apresenta a vídeo-instalação “Eu não sou daqui”, onde questionam o colonialismo e suas produções pseudocientíficas.
Alguns artistas ainda investigam o que os curadores chamam de vocábulos caboclos, como André Ricardo e Sérgio Lucena, que apresentam pinturas abstratas com elementos que remetem à matriz afro-brasileira. Luiz 83 traz elementos da arte de rua e reelabora à maneira dessa sensibilidade certa ideia de construtivismo sedimentada pelo cânone, ao expor esculturas que tridimensionalizam a “tag”, assinatura gráfica urbana.
Éder Oliveira desenvolve sua investigação artística na relação entre os temas retrato e identidade, com foco no indivíduo amazônico. Traz ao Panorama no SESC Sorocaba pinturas que exemplificam outras direções na prática atual de Oliveira: suas investidas em um tipo de “pintura histórica” e quadros mais íntimos de seus familiares, amigos e vizinhos.
Marcelo D’Salete é um quadrinista reconhecido internacionalmente, recipiente do Prêmio Jabuti e do Eisner Award em 2018. Com influências da fotografia e do cinema, seus desenhos elaboram de forma poética e ácida a realidade a que estão submetidos negros e negras nas periferias das nossas cidades.
No Martins articula as linguagens da pintura, instalação e performance por meio das relações interpessoais cotidianas, principalmente a convivência da população negra no contexto urbano. Traz a instalação “Danger” que levanta discussão sobre a violência do Estado por meio das suas polícias.
Sidney Amaral aborda temas étnico-raciais, incluindo a condição da população negra e, em particular, do homem negro no Brasil. Falecido prematuramente (2014), o artista reflete em suas obras sobre o racismo estrutural brasileiro através de obras de grande impacto visual.
Glauco Rodrigues, artista falecido em 2004 que foi vinculado ao tropicalismo dos anos 1960 e 70, estará representado na exibição com uma pintura que aborda certos clichês da identidade nacional a partir da representação irônica de símbolos da vida brasileira e nosso legado colonial.
Sobre os curadores:
Cauê Alves
Cauê Alves (São Paulo, SP, 1977) é bacharel, mestre e doutor em Filosofia pela FFLCH-Universidade de São Paulo. Desde 2020 é curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Desde 2010 é professor do Departamento de Artes da Faculdade de Filosofia, Comunicação, Letras e Artes da PUC-SP. Entre 2016 e 2020 foi curador-chefe do MuBE, onde realizou ao lado de outros profissionais as exposições “Ambiental: arte e movimentos” (2019), “Burle Marx: arte, paisagem e botânica” (2018-2019), premiada pela ABCA, “Amazônia: os novos viajantes” (2018) e “Pedra no Céu: Arte e a Arquitetura de Paulo Mendes da Rocha” (2017). Foi co-curador, com Vanessa K. Davidson, de “Past/ Future/ Present: Contemporary Brazilian Art” no Phoenix Art Museum, Arizona, USA e MAM-SP (2017-2019). Foi curador assistente do Pavilhão Brasileiro da 56ª Bienal de Veneza (2015). Publicou texto no catálogo da exposição “Mira Schendel, no Museu de Arte Contemporânea de Serralves (Porto, Portugal) e Pinacoteca do Estado de São Paulo” (2014), e “Tate Modern” (Londres, 2013). Foi co-curador de “Más Allá de la Xilografía”, no Museo de la Solidaridad Salvador Allende, em Santiago, Chile (2012). Foi curador adjunto da 8ª Bienal do Mercosul (2011) e co-curador, com Cristiana Tejo, do 32º Panorama da Arte Brasileira do Museu de Arte Moderna de São Paulo (2011).
Claudinei Roberto da Silva
Claudinei Roberto da Silva (professor, curador, artista visual) nasceu em 1963 em São Paulo, onde vive e trabalha. Formado pelo Departamento de Arte da Universidade de São Paulo. Como curador realizou, entre outras, a exposição “Sidney Amaral – O Banzo, o amor e a Cozinha” 1º prêmio Funart para artistas e curadores negros – Museu Afro Brasil, a “13ª Bienal Naïfs do Brasil” no SESC Piracicaba e a série “Pretatitude. Insurgências, emergências e afirmações. Arte afro-brasileira contemporânea” para várias unidades do SESC São Paulo e curador convidado para o projeto de “Pesquisa MAC USP Processos Curatoriais – Curadoria Crítica e Estudos Decoloniais em Artes Visuais: Diásporas Africanas nas Américas”. Coordenou, entre outros, o Núcleo Educativo do Museu Afro Brasil. Coordenador Artístico Pedagógico do projeto multinacional “A Journey through African diáspora” do American Aliance of Museums em parceria com o Museu Afro Brasil e Prince George African American Museum. Foi Bolsista do Programa “International Visitor Leadership Program” do Departamento de Estado do Governo dos Estados Unidos. Faz parte do conselho curatorial do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Tem obras no acervo do Museu Nacional de cultura afro-brasileira MUNCAB em Salvador, Bahia.
Cristiana Tejo
Cristiana Tejo (Recife, PE, 1976) é curadora independente e Doutora em Sociologia (UFPE). É co-fundadora do Espaço NowHere (Lisboa) e investigadora do Instituto de História da Arte da Universidade Nova de Lisboa, onde foi pesquisadora do projeto “Artistas e Educação Radical na América Latina: anos 1960/1970”. É co-curadora da Residência Belojardim, no Agreste de Pernambuco. Foi coordenadora de Programas Públicos da Fundação Joaquim Nabuco (2009 – 2011), diretora do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (2007-2009) e curadora de Artes Plásticas da Fundação Joaquim Nabuco (2002-2006). Co-curou o 32º Panorama da Arte Brasileira do MAM – SP e o “Projeto Rumos Artes Visuais” do Itaú Cultural (2005-2006). Curou a Sala Especial de Paulo Bruscky na X Bienal de Havana (2009). Vive e trabalha em Lisboa.
Vanessa Davidson
Dra. Vanessa K. Davidson recebeu seu B.A. em Literatura Hispano-Americana de Harvard University e estudou arte latino-americana e poesia argentina na Universidad de Buenos Aires, Argentina, e português na Universidade de São Paulo. Ela recebeu uma bolsa Fulbright-Hays para conduzir pesquisas de tese doutoral na Argentina e no Brasil, e recebeu seu Ph.D. na História da Arte Latino-Americana do Século 20 e 21 do Instituto de Belas Artes, da New York University. Ela trabalhou no Museum of Fine Arts de Boston, bem como no Metropolitan Museum of Art. Trabalhou como a Shawn e Joe Lampe Curadora de Arte Latino-Americana no Phoenix Art Museum durante oito anos, durante os quais organizou doze exposições de grande escala, duas das quais viajaram internacionalmente. Davidson foi co-curadora com o “Dr. Sergio Bessa de Paulo Bruscky: Art Is Our Last Hope” (2014). Foi curadora da maior exposição internacional de arte postal contemporânea nos EUA desde a década de 1970 na Focus Latin America: “Art Is Our Last Hope” (2014-15). Foi curadora de “Horacio Zabala: Mapeando o Monocromo” (Phoenix e Buenos Aires, 2016-17) e co-curadora com Cauê Alves de “Passado/Futuro/Presente: Arte Contemporânea Brasileira da Coleção do Museu de Arte Moderna, São Paulo” (Phoenix e São Paulo, 2017-2019). Ela também é a curadora de “Oscar Muñoz: Invisibilia” (2021-22), a primeira retrospectiva norte-americana deste artista colombiano. Ela assumiu a função de Curadora de Arte Latino-Americana no Blanton Museum of Art na cidade de Austin, Texas, em 2019.
Sobre o MAM São Paulo
Fundado em 1948, o Museu de Arte Moderna de São Paulo é uma sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos. Sua coleção conta com mais de cinco mil obras produzidas pelos mais representativos nomes da arte moderna e contemporânea, principalmente brasileira. Tanto o acervo quanto as exposições privilegiam o experimentalismo, abrindo-se para a pluralidade da produção artística mundial e a diversidade de interesses das sociedades contemporâneas.
O Museu mantém uma ampla grade de atividades, que inclui cursos, seminários, palestras, performances, espetáculos musicais, sessões de vídeo e práticas artísticas. O conteúdo das exposições e das atividades é acessível a todos os públicos por meio de visitas mediadas em libras, audiodescrição das obras e videoguias em Libras. O acervo de livros, periódicos, documentos e material audiovisual é formado por 65 mil títulos. O intercâmbio com bibliotecas de museus de vários países mantém o acervo vivo.
Localizado no Parque Ibirapuera, a mais importante área verde de São Paulo, o edifício do MAM foi adaptado por Lina Bo Bardi e conta, além das salas de exposição, com ateliê, biblioteca, auditório, restaurante e uma loja onde os visitantes encontram produtos de design, livros de arte e uma linha de objetos com a marca MAM. Os espaços do Museu se integram visualmente ao Jardim de Esculturas, projetado por Roberto Burle Marx para abrigar obras da coleção. Todas as dependências são acessíveis a visitantes com necessidades especiais.
Sobre o SESC
O SESC – Serviço Social do Comércio é uma instituição privada, sem fins lucrativos, criada em 1946 pelos empresários do comércio e de serviços em todo o Brasil. No estado de São Paulo, o SESC conta com 40 unidades que congregam suas áreas de atuação nos campos de cultura, educação, esportes, lazer e saúde. As ações do SESC São Paulo se norteiam por seu caráter educativo e pela busca do bem-estar social com base em uma compreensão ampla do termo cultura. Nesse sentido, a acessibilidade plena aos espaços e conteúdos oferecidos pela instituição tem em vista a democratização dos bens culturais como forma de autonomia do indivíduo.
No campo das artes visuais, a instituição cumpre o papel de difusora da produção artística contemporânea e dos demais períodos históricos, bem como das intersecções com outras linguagens artísticas, tendo como diretriz a realização de exposições para todos os públicos. São realizados, ainda, projetos com instalações, intervenções e performances, bem como atividades de ação educativa e mediação em formatos variados, tendo como foco o atendimento qualificado tanto a grupos agendados quanto ao público espontâneo, buscando, sobretudo, o alcance de uma formação sensível e o estímulo à autonomia e à liberdade de escolha.
O SESC desenvolve, assim, uma ação de educação informal e permanente com intuito de valorizar as pessoas ao estimular a autonomia, a interação e o contato com expressões e modos diversos de pensar, agir e sentir.
Serviço:
37º Panorama da Arte Brasileira – sob as cinzas, brasa
Curadoria: Cauê Alves, Claudinei Roberto da Silva, Cristiana Tejo e Vanessa Davidson
Período expositivo: 20 de abril a 17 de setembro de 2023
Local: SESC Sorocaba
Endereço: R. Barão de Piratininga, 555 – Jardim Faculdade, Sorocaba (SP)
Horários: terça a sexta, das 9h às 21h30. Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h30
Telefone: (15) 3332-9933.
(Fonte: A4&Holofote Comunicação)
A turnê ‘Rizoma’ é apresentada pelo cantor Lenine juntamente com seu filho, Bruno Giorgi, no SESC São Carlos dia 30 de abril, domingo, às 19h. Os ingressos estão disponíveis para a venda no site da instituição e nas bilheterias da rede SESC. A turnê é marcada pela conexão musical evidenciada há uma década entre Lenine e Bruno Giorgi e que reforça os laços artísticos entre pai e filho, que gravaram juntos músicas inéditas no álbum.
Esta conexão surgiu a partir do álbum “Chão” (2011) e do show homônimo de 2012 que estreou na sequência do disco. Agora, Lenine e Bruno Giorgi gravaram álbum com músicas inéditas no primeiro semestre de 2022 e preparam o retorno à cena com o inédito show ‘Rizoma’, espetáculo cuja direção musical é assinada por Giorgi.
Somente Lenine e Bruno Giorgi estão no palco. A ambiência sonora do show se afina com a textura do disco. Ambas são criadas com programações, violões de toque percussivo e vozes. Contudo, enquanto o álbum apresenta repertório inédito e autoral, o show se alimenta do cancioneiro angariado por Lenine ao longo de trajetória que ganhou impulso na década de 1990 e que, nos últimos anos, com as canções mais ouvidas do cantor e que gerou discos produzidos, mixados e masterizados por Bruno Giorgi.
A turnê nacional do show Rizoma começou no Rio de Janeiro (RJ) – cidade onde aconteceram duas apresentações no Circo Voador – e passou por São Paulo (SP) em apresentações no Teatro Bradesco, seguindo na sequência para Fortaleza (CE) e Recife (PE), em rota foi estendida para outras cidades do Brasil ao longo de 2022. Agora é a vez de São Carlos receber este show com apresentação no ginásio da unidade do SESC São Carlos.
Lenine
Não é sem razão que Lenine se diz um cantautor: o artista que canta suas próprias composições, como faziam os trovadores do século 12. Transforma em versos as questões, os amores e as sagas de seu tempo. Histórias à base de palavra e música: elementos que, para ele, andam juntos desde sempre. Ou melhor, desde o berço, no Recife, onde começou – em 2 de fevereiro de 1959 – a história de Oswaldo Lenine Macedo Pimentel.
Menino do bairro da Boa Vista que cresceu brincando de caçar caranguejo nos manguezais e pegar jacaré nas ondas da Boa Viagem. Suas primeiras referências musicais são Ângela Maria, Cyro Monteiro, Bach, Chopin, Jackson do Pandeiro, Miltinho, o embolador paraense Ary Lobo e Dorival Caymmi – com o inesquecível “Canções Praieiras”.
Já a paixão pelo rock veio por conta própria, turbinada por suas descobertas de Led Zeppelin, The Police e Frank Zappa, entre outros. Até que conheceu o álbum “Clube da Esquina” (Milton Nascimento e Lô Borges, 1972) e, com ele, trouxe o Brasil de volta a seu universo musical.
Ganhador de seis Grammies Latinos, dois prêmios da APCA e nove Prêmios da Música Brasileira, contabiliza-se que Lenine tenha escrito, gravado e produzido mais de quinhentas canções, algumas dessas gravadas por Maria Bethânia, Daniela Mercury, Elba Ramalho, Milton Nascimento e Gilberto Gil, entre outros.
Como síntese do fazer artístico do cantor e compositor, Lenine se considera um cantautor em direção às próximas trovas, refletindo olhares sobre seu tempo. A caminhada tem destino imprevisível, mas conta com pelo menos uma certeza: a de estar fazendo música livre, sem adjetivos, no exercício constante de se reinventar a cada novo trabalho.
Serviço:
Lenine e Bruno Giorgi – De Onde Vem a Canção (Turnê Rizoma)
Data: 30 de abril, domingo
Horário: 19h
Ingressos: R$40,00 inteira / R$20,00 meia entrada / R$12,00 Credencial Plena
Venda de ingressos. Lugares Limitados. 10 anos
Local: Unidade São Carlos – Av. Comendador Alfredo Maffei, 700 – Jd. Gibertoni – São Carlos – SP
Mais informações pelo telefone 3373-2333
Acompanhe o SESC São Carlos: YouTube | Instagram.
(Fonte: SESC SP)
“Memórias de um tempo obscuro” (Editora Contexto), novo livro do jornalista e escritor Ricardo Viveiros que reúne artigos de sua autoria publicados no Brasil e no exterior de 2018 a 2022, será lançado em sessão de autógrafos dia 27 de abril, quinta-feira, às 19 horas, no Solar Fábio Prado – Museu da Casa Brasileira, à Avenida Brigadeiro Faria Lima, 2705, em São Paulo. Na ocasião, haverá serviço de valet parking e será servido coquetel assinado pela chef Morena Leite (Grupo “Capim Santo”).
Os artigos que compõem a obra foram publicados em grandes jornais de todo o Brasil e em países como Argentina, Colômbia, Estados Unidos, Portugal, Áustria, Itália, Rússia, Paquistão e China. Os textos retratam e fazem firme análise do processo comportamental e eleitoral que levou Jair Bolsonaro à Presidência da República e do período no qual seu governo negou a ciência, negligenciou a Covid-19, fez pouco caso da cultura e da educação, envolveu-se em escândalos, conspirou contra a democracia e provocou imensa e turbulenta polarização.
O conteúdo contribui para que o leitor entenda de modo mais amplo e didático o cenário no qual a população brasileira dividiu-se entre os “contra” e os “a favor”. Como observa Viveiros na introdução da obra, “tomaram força temas relevantes que, sob radical confronto e não salutar debate, permitiram surgir e aumentar uma cultura do ódio, título de um dos artigos. A moderna tecnologia da comunicação tornou-se arma poderosa nesse embate, dando espaço às fake news, que comprometem a verdade”.
Ricardo Viveiros é jornalista e escritor com passagem por jornais, revistas, emissoras de rádio e TV. Foi repórter, editor, diretor de redação, âncora, comentarista político e econômico, articulista e correspondente internacional. É autor de mais de 50 livros em diferentes gêneros. Lecionou por 25 anos. Profere palestras no Brasil e no Exterior. Tem vários prêmios nacionais e internacionais.
No prefácio do livro, o cientista social José de Souza Martins, mestre, doutor e livre-docente em Sociologia pela USP, vencedor por três vezes do prêmio Jabuti e que já ocupou a Cátedra Simón Bolívar da Universidade de Cambridge (Inglaterra), ressalta que o autor cumpre a função crítica própria desse tipo de literatura, que é a de estranhar. “Viveiros desabafa, expõe seu desconforto com o estapafúrdio, o ilógico, o descabido, o que não chega a lugar nenhum. Traduz em palavras certas e em sequência correta o desdizer que diz e revela episódios da nossa perdição, dos nossos silêncios”.
A capa de “Memórias de um tempo obscuro” foi criada pelo designer Gustavo Vilas Boas sobre imagem do advogado criminalista e fotógrafo Eduardo Muylaert, pós-graduado em Paris (Sorbonne), professor da PUC/SP, ex-secretário paulista de Justiça e da Segurança Pública (Governo Franco Montoro) e presidente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária do Ministério da Justiça (1987/ 1989). “É uma capa que foge à obviedade e está em perfeita sintonia com o conteúdo do livro”, frisa Viveiros, enfatizando: “O caminhante, cabisbaixo, representa qualquer um de nós, porque todos sofremos no período obscuro que os artigos registram”.
Sobre a editora | Idealizada pelo historiador Jaime Pinsky e especializada em Ciências Humanas, a Editora Contexto está presente desde 1987 no mercado editorial brasileiro. Publica obras voltadas para a universidade e o público em geral. Mais informações: Portal Editora Contexto.
Serviço:
Título: Memórias de um tempo obscuro
Autor: Ricardo Viveiros
ISBN: 978-65-5541-264-2
Editora: Contexto
Formato: 16 x 23 cm
Número de páginas: 208
Preço de capa: R$49,90.
(Fonte: Ricardo Viveiros & Associados)
“Uma casa de música e encontros” é uma boa maneira de definir o Bona. Entre 2017 e 2022, período em que ocupou um imóvel em Pinheiros, o espaço colecionou não apenas um público cativo, mas também conquistou o carinho de artistas, que veem naquele palco uma oportunidade de uma troca próxima aos fãs de música. O imóvel foi vendido, mas encerrar as atividades do Bona nunca esteve em questão para os sócios da casa, Manuela Fagundes, Kike Moraes e Gustavo Luveira. Após procurar por um novo endereço, encontrar um local perfeito no bairro do Sumaré e passar por seis meses de reforma, o trio anuncia a reabertura do Bona para o dia 3 de maio. Em relação ao primeiro ponto, que tinha uma capacidade para 80 pessoas, o novo espaço comporta um público de 120. Mas basta entrar pelo número 101 da Rua Dr. Paulo Vieira (pertinho do metrô Vila Madalena) para perceber que toda a essência permanece intacta, inclusive o cuidado com a curadoria.
Logo no primeiro mês de retomada o Bona recebe nomes como Chico Chico (5 de maio), Jota.Pê (6 de maio), Alice Caymmi (9 de maio), Assucena (28 de maio) e Filipe Catto (18 de maio). O mês de junho, por sua vez, começa com a benção de Alaíde Costa, que tem show marcado no Bona no dia 3 de junho. Para garantir ingressos para o Bona basta acessar (eventim.com.br/bona). Mais informações sobre a programação ao término deste texto.
“Nosso foco é oferecer ao público uma experiência de excelência em música e hospitalidade e, neste novo espaço, pudemos nos aprimorar ainda mais neste sentido. Investimos em um ambiente incrível e em uma acústica perfeita (isso é muito importante para nós). No novo imóvel, conseguimos conceber a obra para ser uma casa de shows, não foi a adaptação de um espaço. Tudo foi pensado do zero”, comenta Manuela Fagundes, sócia-fundadora e curadora do Bona. “E, claro, que mantivemos o olhar para um serviço ágil e atencioso, comidas deliciosas, cerveja gelada e bons drinks”, ela complementa.
Com média de cinco shows por semana, o Bona tem a música como força motriz e, não à toa, a curadoria é um assunto importante para os sócios da casa. A seleção de artistas que se apresentam é feita seguindo os pilares: representatividade, relevância artística e cultural e alcance de público. Por isso, mais do que fazer um mês de estreia com nomes 100% conhecidos do grande público, o Bona quis apresentar uma programação que fosse o reflexo do que acredita enquanto agenda. “Queremos começar em família, com o apoio de artistas que já têm uma relação com a casa. O Bona pertence a esses músicos também. Formamos, juntos, uma rede que fomenta algumas cenas e foi assim que quis recomeçar, com eles. A questão da representatividade é sempre uma pauta no nosso trabalho de curadoria. À medida que a gente se propõe a ser um estabelecimento cultural, se torna nossa responsabilidade abrir espaços. Uma programação com diversidade é reflexo disso”, afirma Manuela Fagundes.
Além da música, a casa de shows oferece um cardápio de comidas e uma carta de coquetelaria e cervejas. Uma novidade do novo espaço é a possibilidade de frequentar o bar e o restaurante em uma área à parte das apresentações. “O cardápio foi pensado a partir da ideia de comfort food, aquela comida que te abraça. Optamos pela simplicidade, apostando na qualidade dos alimentos e no trabalho dos nossos cozinheiros. Acredito que poderemos ser uma opção legal para o público dessa região que procura algum lugar gostoso pra comer e beber a noite”, comenta Manuela Fagundes.
O projeto do novo imóvel do Bona é assinado pelo arquiteto Fabio Marins, profissional também responsável pelo espaço anterior. Além de trazer alguns detalhes para o espaço que vão ajudar a manter a identidade do Bona, ele se atentou a proporcionar a melhor experiência sonora por meio da acústica.
O Bona tem patrocínio da Heineken, parceria que iniciou durante a pandemia e foi renovada por mais três anos. Com ingressos que variam de R$100,00 a R$180,00 (preço da inteira), o Bona disponibiliza meia-entrada nas seguintes categorias: estudante, idoso, social (mediante à doação de 1 quilo de alimento não perecível) e promocional pela compra antecipada. Vale lembrar que as vendas são feitas pela Eventim.
Serviço:
Bona Casa de Música
Endereço: Rua Dr Paulo Vieira 101 – Sumaré, São Paulo/SP
Horário de funcionamento: variado, de acordo com a programação de shows
Classificação indicativa: Livre. Crianças com menos de 16 anos precisam entrar acompanhadas
Capacidade: 120 pessoas
Formas de pagamento: VISA (débito e crédito) | Mastercard (débito e crédito) | AMEX (débito e e crédito) | ELO (débito e crédito) | PIX | Não aceitamos voucher
Site para ingressos: eventim.com.br/bona
Área PCD: Sim
Área de fumantes: Sim
Programação de maio:
3 de maio – Projeto Primo com Bruna Caram, Lucas Caram e Paulo Novaes
4 de maio – Sophia Chablau
5 de maio – Chico Chico e Banda Banda. Show de abertura: Thiago Rosset
6 de maio – Jota.pê com participação de Xênia França e Pedro Altério
7 de maio – Pedro Altério
9 de maio – Alice Caymmi
10 de maio – Vanessa Moreno
11 de maio – Pietá
12 de maio – Santa Jam Vó Alberta
13 de maio – Ella and Louis por Blubell e Petit Comité (Maurício Tagliari, Luca Raele e Igor Pimenta)
17 de maio – Anaïs Sylla
18 de maio – Filipe Catto
19 de maio – Banda Glória
20 de maio – O Bom e Velho com Ana Deriggi e Mário Manga
21 de maio – Vinícius Calderoni
24 de maio – Bruno Berle
25 de maio – Tó Brandileone
26 de maio – Tiê
27 de maio – Letícia Fialho
28 de maio – Assucena apresenta Baby, te amo – Tributo à Gal Costa
31 de maio – Funk como Le Gusta
Início da programação de junho:
1 de junho – Dora Morelenbaum
2 de junho – Alex Albino
3 de junho – Alaíde Costa – Canta Chico Buarque e Edu Lobo.
(Fonte: Trovoa Comunicação)
Identificar a utilização de certos recursos florais como o pólen pelas abelhas pode auxiliar tomadores de decisão a recuperar áreas degradadas da floresta amazônica, segundo um estudo publicado nesta quinta (20) na revista científica “Arthropod-Plant Interactions” por pesquisadores do Instituto Tecnológico Vale (ITV). A pesquisa faz parte de um campo de investigações sobre interações entre insetos e plantas. A equipe realizou análise de 51 espécies de abelhas e identificou 43 espécies de plantas que estes pequenos animais visitam. O total de interações entre plantas e abelhas mapeadas pelo estudo foi de 154.
O artigo é parte da dissertação de mestrado da engenheira florestal Luiza Romeiro. Ela realizou análise de 72 cargas polínicas – material formado pelos grãos de pólen presentes no corpo dos animais – e identificou 82 tipos de pólen em abelhas do acervo do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), em Belém, e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte. Ao contrário do método convencional, que consiste em idas a campo até a floresta e observação dos objetos – no caso, as abelhas e as flores –, Romeiro optou por usar as coleções de insetos disponíveis para sua pesquisa. “É muito difícil fazer esse tipo de observação em florestas de alto dossel, com árvores muito altas”, explica. Para Tereza Giannini, orientadora de Romeiro, as coleções entomológicas – que reúnem exemplares de insetos – são um tesouro em termos de biodiversidade. “As coleções guardam informações inestimáveis sobre as espécies e seus habitats”, aponta.
Além da coleta de insetos, outro desafio das pesquisas com pólen é o de conseguir de fato categorizar esse tipo de material. Para enxergar e identificar os diferentes tipos de pólen das amostras, foi preciso colocá-las sob o microscópio. “O pólen é microscópico, mas é muito resistente a fatores externos e ao tempo”, diz a primeira autora do artigo. Algumas das amostras utilizadas por Romeiro foram coletadas há mais de uma década, mas suas estruturas se mantiveram intactas graças a uma capa protetora que reveste os grãos de pólen.
O estudo foi realizado na Floresta Nacional de Carajás, no Pará, uma região de conservação na faixa leste do bioma amazônico, mas que é rodeada por áreas historicamente degradadas. “Um dos fatores a serem considerados na recuperação dessas áreas seria priorizar a reintrodução de espécies que fornecem recursos alimentares para as abelhas, porque isso vai atraí-las de volta ao local naturalmente”, afirma Romeiro. A espécie de abelha que apresentou mais interações com as plantas da região, de acordo com os resultados obtidos, foi uma abelha coletora de óleo, a Centris denudans, e a planta de maior preferência entre as espécies analisadas foi a Byrsonima spicata. Esse tipo de abelha tem hábito solitário e recebe esse nome por coletar óleo nas flores, uma substância utilizada para alimentar suas crias.
As abelhas atuam no transporte de pólen de uma flor até outra, auxiliando no processo de formação de frutos e sementes e tendo papel fundamental na reprodução das plantas. Esse processo é chamado de polinização. Os grãos de pólen são os gametas masculinos das flores, ou seja, são equivalentes aos espermatozoides humanos. “Com a presença dos polinizadores, a recuperação da floresta pode ter mais sucesso e ser acelerada”, diz Giannini. “Apesar de as abelhas terem um papel fundamental na natureza, ainda há muitas lacunas de informação sobre esses insetos, especialmente na Amazônia, um bioma de rica diversidade”, completa a pesquisadora.
DOI: https://doi.org/10.1007/s11829-023-09968-7.
(Fonte: Agência Bori)