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Estreia da temporada de óperas com “Così Fan Tutte”, de Mozart, e Orquestra Sinfônica Municipal interpretando Mahler são destaques na programação do Municipal em março

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: Rafael Salvador.

No mês de março, o Theatro Municipal de São Paulo lança uma programação que vai da tradição, com a estreia da ópera “Così Fan Tutte” (Assim Fazem Todas): A Escola dos Amantes”, até a inovação e o ecletismo, com o evento “O Espetacular Encontro Entre o Baile de Favela, a Música Eletrônica e a Música Clássica no Municipal” e o “Rima Falada”. Destaque no mês para os corpos artísticos: a casa apresenta a Orquestra Sinfônica Municipal em obras complexas de compositores grandiosos, o Quarteto de Cordas com duas programações, a primeira de Beethoven e a segunda uma homenagem a Silvia Góes, e Coral Paulistano apresenta a Misa Criolla. Além disso, a Praça das Artes recebe o inédito “Samba de Sexta apresenta Comunidade do Samba da Vela” e o encerramento da imperdível exposição “Presente! – Presenças Negras no Theatro Municipal de São Paulo”.

Em março, a Orquestra Sinfônica Municipal retorna com duas obras disruptivas de grandes compositores: Mahler e Prokofiev. O concerto, intitulado “Trágicas – 6ª de Mahler e 2º de Prokofiev”, será apresentado na sexta-feira (3/3), às 20h, e sábado (4/3), às 17h, com regência de Roberto Minczuk. A Sinfonia nº 6 em lá menor, de Gustav Mahler, é conhecida como ‘Trágica’ devido a seu caráter especialmente severo, rica em contrastes e rupturas. Já a obra de Prokofiev “Sinfonia em ré menor, opus 40”, trata-se de um trabalho de caráter inusitado, que em sua estreia gerou protestos e polêmicas. A apresentação terá um total de 135 minutos e ingressos de R$12 a R$32.

Para os amantes do canto coral, na quinta-feira (16/3), às 20h, sob a regência de Maíra Ferreira, o Coral Paulistano apresenta a “Misa Criolla”, clássico do compositor argentino Ariel Ramírez. Abrindo a noite, serão apresentadas as obras “Amestsetan”, de Javier Busto, e “Choros no. 3 ‘Pica-Pau’”, de Heitor Villa-Lobos. Em seguida, o Coral iniciará a obra principal, “Misa Criolla”, composta em 1964. A obra mistura o folclore latino-americano às tradições católicas e da música sacra do continente, sendo inspirada e dedicada a duas religiosas alemãs, as irmãs Elizabeth e Regina Brückner, que ajudaram com alimentos os prisioneiros de um campo de concentração durante o nazismo. A obra ganhou muita popularidade a partir da interpretação de Mercedes Sosa, um dos maiores nomes da música latino-americana e expoente da Nueva Canción argentina. A apresentação terá duração de 45 minutos com ingressos de R$12 a R$32.

O vão da Praça das Artes será palco da programação inédita “Samba de Sexta”, que nesta primeira edição apresenta a Comunidade Samba da Vela, na sexta-feira (10/3), às 19h. No ano 2000, o grupo nasceu em São Paulo fundado pelos sambistas Chapinha, Paquera, Magnu Sousa e Maurilio de Oliveira, tendo o samba como expressão principal, mas abriga e incentiva artistas dos mais variados segmentos da cultura nacional e internacional. Várias personalidades dos mais variados segmentos da arte brasileira e internacional já marcaram presença ao lado do grupo musical, como Gero Camilo, Victor Mendes, Denise Fraga, Titãs, Ira, Sepultura, Flea (Red Hot Chili Peppers), EMICIDA, Diogo Nogueira, Leci Brandão, Fabiana Cozza e Criolo, entre outros. A apresentação é gratuita e tem duração de 90 minutos.

Em uma programação trimestral, também inédita, que faz parte de uma série de ações que visam democratizar e ampliar o acesso de artistas, linguagens artísticas e público ao Theatro Municipal, será apresentado o projeto “Rima Falada”, no sábado, dia 11 de março, às 17h, no Salão Nobre. O projeto irá trazer ao Theatro importantes nomes do Hip-Hop nacional, propondo uma apresentação no espaço do Salão Nobre. No primeiro encontro, Evandro Fioti, responsável pelo Lab Fantasma e um dos principais nomes do mercado musical brasileiro. O evento gratuito e terá cerca de 60 minutos de duração, com entrada feita por ordem de chegada.

No mês de março, o Quarteto de Cordas apresentará duas programações diferentes. A primeira será “Quarteto toca Beethoven – A Leveza e o Caos”, na quinta-feira, dia 16 de março, às 20h, na Sala do Conservatório da Praça das Artes, com Quarteto Op. 18, n° 2 e Quarteto Op. 59, Razumovsky n° 2, que dará início a série de Ludwig Van Beethoven da temporada 2023. O evento terá duração de 60 minutos e custará R$32 (inteira). Já a segunda obra apresentada pelo Quarteto de Cordas, “A Arte de Silvia Góes”, é uma homenagem à pianista brasileira responsável por composições clássicas e com uma forte presença na música popular brasileira ao lado de nomes como Dominguinhos, Hermeto Pascoal e Toquinho, com o qual se apresentou de 1990 a 2015. A homenagem será realizada na quinta-feira, dia 30 de março, às 20h. Os ingressos custam R$32 (inteira).

Será realizado na escadaria externa o evento “O Espetacular Encontro Entre o Baile de Favela, a Música Eletrônica e a Música Clássica no Municipal”. No sábado, dia 18 de março, às 19h30, o Theatro promove um encontro que convida o público a participar de um espetáculo extra-sensorial e imersivo que traz o vídeo mapping e suas nuances como ferramenta condutora principal. Na experiência, imagens reativas serão projetadas sobre a fachada do Theatro Municipal de São Paulo, com a música eletrônica, suas vertentes e sua ancestralidade se fundindo com a música erudita. Artistas e produtores trarão à tona uma nova experiência sonora e audiovisual para uma noite memorável. O evento é gratuito.

Retornando no mês de março, “Personagens em Busca de Um Autor”, espetáculo cênico que faz parte do projeto Teatro no Theatro, traz o Núcleo Teatro de Imersão apresentando uma tragicomédia imersiva, itinerante e interativa, na qual os espectadores são convidados a opinar sobre um espetáculo em construção, até que o ensaio é interrompido pela chegada de três personagens cujo drama não terminou de ser escrito. Durante o espetáculo, elenco e espectadores circulam por diversos ambientes do Theatro Municipal, numa experiência única por espaços raramente visitados. Adaptação de clássico do dramaturgo italiano ganhador do Nobel Luigi Pirandello, a obra será apresentada no sábado 4/3, no domingo 19/3 e na quinta-feira, 30/3. A duração é de 120 minutos e os ingressos gratuitos podem ser retirados no site com 2 dias de antecedência à sessão, a partir das 12h. Limite de 2 ingressos por CPF/pessoa.

Quando inaugurado em 1911, o Theatro Mundial de São Paulo afirmava sua vocação para ser uma grande casa de ópera e, por isso, toda abertura de temporada de óperas é aguardada com expectativa. Em 2023, a obra escolhida foi “Così Fan Tutte (Assim Fazem Todas): A Escola dos Amantes”, de Wolfgang Amadeus Mozart, que será apresentada entre os dias 24/3 e 1/4. Na trama, os jovens oficiais Guglielmo e Ferrando são apaixonados por suas respectivas noivas, as irmãs Fiordiligi e Dorabella, damas de Ferrara, e confiam nelas incondicionalmente. Mas, provocados pelo velho filósofo Don Alfonso, decidem testar a fidelidade das moças em um jogo que lança luz sobre questões como o amor romântico e a fidelidade.

A montagem de “Così Fan Tutte” terá Roberto Minczuk na direção musical, Julianna Santos na direção cênica, André Cortez na cenografia e Olintho Malaquias no figurino. Nos dias 24, 26, 29/3 e 1/4, o elenco será composto por Laura Pisani (Fiordiligi), Josy Santos (Dorabella), Anibal Mancini (Ferrando), Michel De Souza (Guglielmo), Saulo Javan (Don Alfonso) e Chiara Santoro (Despina). Já nos dias 25, 28 e 31/3, Gabriella Pace (Fiordiligi), Juliana Taino (Dorabella), Fellipe Oliveira (Guglielmo), Daniel Germano (Don Alfonso) e Carla Domingues (Despina). A apresentação tem duração de 170 minutos com intervalo e ingressos de R$12 a R$158 (inteira).

Próxima de seu encerramento, a já histórica e memorável exposição “Presente! – Presenças Negras no Theatro Municipal de São Paulo” chega ao último mês em cartaz na Praça das Artes, trazendo a iconografia e documentos sobre grandes artistas que passaram pela casa, além de depoimentos de profissionais negros do teatro, celebrando a cultura negra e grandes expoentes da arte brasileira e mundial que colaboraram na construção da história da casa. Nomes de diversas épocas, como Ella Fitzgerald, Charles Mingus, Alvin Ailey, Duke Ellington, Milton Nascimento, Abdias do Nascimento e Elizeth Cardoso compõem a mostra iconográfica. A exposição ficará disponível para visitação até o dia 29 de março, de terça-feira a sábado, das 10h às 18h.

Para mais informações sobre os espetáculos, acesse o site oficial do Theatro.

Serviço:

Theatro Municipal

Praça Ramos de Azevedo, s/nº – Sé – São Paulo, SP

Capacidade Sala de Espetáculos – 1530 pessoas

Praça das Artes

Avenida São João, 281 – Sé – São Paulo, SP

Capacidade Sala do Conservatório – 200 pessoas.

(Fonte: Theatro Municipal de São Paulo)

Descoberta de anel em localização não esperada sugere a revisão da teoria para a formação de anéis planetários no Sistema Solar

Sistema Solar, por Kleber Patricio

Anel descoberto fica ao redor do objeto transnetuniano Quaoar, fora das zonas de formação de satélites naturais e anéis que orbitam ao redor dos planetas, como o Netuno. Foto: Nasa/Unsplash.

Uma pesquisa realizada por um grupo internacional formado por 59 cientistas vinculados a instituições de pesquisa de 14 países diferentes relata a descoberta de um anel ao redor do objeto transnetuniano Quaoar que mantém uma dinâmica orbital até então desconhecida. Em razão deste achado, o grupo sugere a revisão de uma teoria do Século 19 que norteia os estudos sobre a formação de anéis planetários no Sistema Solar. O estudo, liderado por pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e com participação de cientistas da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), está publicado na edição de quarta-feira (8) na revista “Nature”.

Ao descrever um anel em torno de Quaoar, o paper reforça descobertas recentes que indicam a existência de anéis ao redor de corpos celestes menores e não planetários do Sistema Solar, como aqueles já relatados no centauro Chariklo e no planeta-anão Haumea. Em Quaoar, um candidato a planeta-anão de raio estimado de 555 km, o anel circular está situado a um raio de 4.100 km do corpo central. Tal medição extrapola, e muito, os 1.780 km calculados como o Limite de Roche deste objeto transnetuniano.

Na astronomia, o Limite de Roche é a distância entre dois corpos que, em tese, define se um objeto secundário, que orbita em torno do outro, será um satélite natural, de estrutura íntegra como a Lua, ou um anel fragmentado em diversas partículas distribuídas ao longo da órbita do corpo celeste principal, como os anéis de Saturno. Para calcular tal limite, a equação de Roche, um astrônomo francês do Século 19, leva em conta, de maneira resumida, as densidades e os tamanhos dos astros envolvidos e a força de maré, relacionada à força gravitacional, para determinar as zonas de formação dos satélites naturais e dos anéis que orbitam um determinado corpo celeste.

Pela teoria, todos os objetos dentro do Limite de Roche se fragmentam pelas interações geradas pela força de maré e se tornam anéis. Por outro lado, acreditava-se até então que todos os objetos secundários fora do Limite de Roche se apresentassem em forma de satélites naturais, de luas, o que o anel de Quaoar pôs em xeque com este estudo.

No artigo, os pesquisadores escrevem que os dados colhidos por meio de observações feitas a partir de locais diferentes da Terra indicam, “provavelmente”, a necessidade de revisitar parte dos conceitos vigentes na equação proposta em 1847: “de fato, a equação se aplica a um satélite fluido que é partido perto de um planeta. Mas o processo inverso, a aglutinação de partículas em um satélite, implica mecanismos não contabilizados na equação”, escrevem os cientistas no paper, que demandou uma programação minuciosa de observações e simulações numéricas de modelos dinâmicos dos objetos em estudo.

Até esta descoberta, todos os anéis densos conhecidos do Sistema Solar, casos dos anéis de Júpiter, Saturno, Urano, Netuno, Chariklo e Haumea, repetiam o padrão descrito no Século 19, localizados relativamente próximos ao corpo central. “No caso de Quaoar, você tem um anel que está muito fora. É a primeira vez que vimos uma violação nisso do que esperamos do Limite de Roche. Geralmente, quando estamos observando e tentando encontrar anéis, nem observamos regiões tão distantes do corpo central. Havia dados de observações que o pessoal nem pensou em procurar anéis nesta região. Fomos olhar os dados anteriores e vimos que o anel já estava lá. O pessoal não tinha processado e analisado com calma para ver que tinha um anel ali”, afirma o professor Rafael Sfair, da FEG-Unesp, um dos autores do artigo, já antevendo os próximos desafios.

“A questão é: descobrimos esse anel, ele existe, está lá. Temos os dados que mostram que ele está lá. Mas por que esse material está na forma de um anel? Por que não se juntou em um satélite? Essas são as próximas questões que teremos que responder”, diz o docente.

A existência de anéis em corpos celestes menores é algo bem recente no mundo da astronomia. Até 2013, quando foram descobertos no asteroide Chariklo, os cientistas só conheciam os anéis planetários. Os achados mais recentes, em Haumea e agora em Quaoar, estão relacionados a dois dos chamados objetos transnetunianos, ou TNO (na sigla em inglês). Como o próprio nome indica, esses corpos celestes estão localizados após a órbita de Netuno, área também conhecida como Cinturão de Kuiper.

Os estudos dos objetos transnetunianos, localizados na periferia do Sistema Solar, são extremamente desafiadores para os cientistas, especialmente dadas as distâncias a que estão localizados. Quaoar está a 43 unidades astronômicas da Terra, ou 43 vezes mais longe do Sol do que o planeta que habitamos. Atualmente, estima-se que tenha um diâmetro de cerca de 1.100 km e seja um objeto rochoso, com uma camada de gelo por fora, perfil traçado para boa parte dos TNOs conhecidos. Quaoar tem uma lua, satélite natural chamado Weywot ,com diâmetro estimado de 170 km e situado a 14.500 km de distância de seu corpo, e agora o anel recém-descoberto, possivelmente de gelo e poeira, a um raio de 4.100 km.

Ao mesmo tempo em que observar e analisar os objetos transnetunianos é uma tarefa desafiadora, é estratégica para os astrônomos, pois os TNOs podem revelar informações relacionadas ao processo de formação e evolução do Sistema Solar. “Os objetos transnetunianos são resquícios do processo de formação do Sistema Solar. Entender esses objetos ajuda a entender como foi o processo de evolução do Sistema Solar. São objetos primordiais nesse sentido”, afirma Rafael Sfair.

(Fonte: Agência Bori)

Prefeitura de Indaiatuba anuncia Campanha Páscoa Solidária 2023

Indaiatuba, por Kleber Patricio

Foto: Stefan Schweihofer/Pixabay.

O Funssol (Fundo Social de Solidariedade) de Indaiatuba inicia no dia 28 de fevereiro a Campanha Páscoa Solidária 2023. O objetivo é arrecadar uma caixa de chocolate para repassar às 20 OSCs e 13 projetos sociais do município. As pessoas que quiserem contribuir podem doar até o dia 28 de março no Funssol ou no Espaço Bem Viver.

“A campanha tem como finalidade tornar possível a páscoa das crianças que são atendidas pelas OSCs ou projetos sociais locais. Nesta época do ano, a exposição de chocolates é intensificada e muitas famílias não têm condição de comprar, por isso, a Pascoa Solidária vem para suprir a demanda das crianças inscritas que estão em situação de vulnerabilidade social. As pessoas que quiserem contribuir podem levar uma caixa de chocolate nos pontos de coletas. Nosso foco é que possamos atender as mais de três mil crianças no município”, explica a presidente do Funssol, Maria das Graças Araújo Mássimo.

Serviço:

Campanha Páscoa Solidária 2023

Pontos de coleta: Funssol – Av. Eng. Fábio Roberto Barnabé, 2800 (na Prefeitura de Indaiatuba)

Espaço Bem Viver – Av. Eng. Fábio Roberto Barnabé, 585

O que doar: Uma caixa de chocolate

Telefone: 3834-9235.

(Fonte: Prefeitura de Indaiatuba)

Museu Histórico Nacional inaugura nova exposição de longa duração sobre povos originários brasileiros

Rio de Janeiro, por Kleber Patricio

“Mbói Pytà – Ancestrais Animais” – Artistas Mayra Karvalho e Tapixi Guajajara.

Nesta quinta-feira, dia 9 de fevereiro, às 14h30, o Museu Histórico Nacional abre ao público sua nova exposição de longa duração: “Îandé – aqui estávamos, aqui estamos”, que traz um novo olhar sobre a trajetória dos povos originários brasileiros desde antes da chegada dos portugueses até os dias atuais. A exposição, que tem o patrocínio do Instituto Cultural Vale através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, será inaugurada com a roda de conversa “Memórias e museus indígenas”, com representantes dos povos Kanindé (CE) e Yawanawá (AC), seguida de apresentação cultural. Na ocasião será realizada, ainda, uma feira de arte indígena no pátio de Minerva (térreo).

Dividida em dois eixos temáticos, “Arqueologia” e “Povos originários”, a exposição apresenta importantes objetos etnográficos – desde o tacape (arma de madeira) que pertenceu ao líder indígena Tibiriçá, no século XVI, até um colar usado em rituais contemporâneos dos Yawanawá. Obras recentes de artistas indígenas, como Denilson Baniwa, Diakara Desana, Mayra Karvalho e Tapixi Guajajara, completam a mostra, que faz uma reformulação conceitual e expográfica, após 16 anos, da exposição de longa duração sobre os povos originários brasileiros, alinhada ao tema do centenário do MHN – “Escuta, conexões e outras histórias” – e às perspectivas atuais dos povos originários.

MÁscara Kalapalo – Anos1970 – MHN. Foto: Jaime Acioli.

“O discurso do museu sobre a história do Brasil tem sido alvo de uma reflexão crítica, especialmente neste momento em que celebramos 100 anos de existência”, diz Pedro Colares Heringer, diretor substituto do Museu Histórico Nacional. “Isso tem gerado uma revisão conceitual de nossas perspectivas. ‘Îandé’ é fruto desse esforço e da necessidade de dar protagonismo às histórias que durante muito tempo foram invisibilizadas”.

Realizada por representantes dos núcleos técnicos do museu, consultores e curadores externos, a exposição convida à reflexão sobre a nossa própria história sem deixar de lembrar que, a todo tempo, muitas outras estão sendo escritas. Somos um conjunto de experiências diversas que percorre tempos e espaços, conectados por uma teia, muitas vezes invisível, que liga ideias e sentimentos e gera conceitos e tradições – “Îandé”, em tupi, significa “nós e vocês”.

Eixos temáticos

A exposição será dividida em dois grandes eixos. O primeiro, “Arqueologia”, traz parte dos vestígios e do legado dos povos originários no Brasil. Com a colaboração de especialistas da arqueologia brasileira, o MHN se propõe a reescrever a história, iluminando e evidenciando os indígenas, suas perspectivas e discursos, por muito tempo ausentes e à margem da história oficial.

O segundo eixo, “Povos originários”, apresenta um panorama dos povos indígenas, mostrando sua diversidade, sua cultura material e objetos, como vivem hoje, os museus dedicados à causa, além de um espaço para as vozes e as lutas indígenas e a arte contemporânea. Nesse eixo, destacam-se alguns núcleos. “Os povos originários hoje” reflete sobre a diversidade de identidades, sistemas sociais e culturais, modos de viver e visões de mundo que marcam a vida contemporânea destes povos – cada vez mais protagonistas nos mais variados âmbitos da sociedade brasileira.

Tronco Kuarup Kamayura – Anos 1990 – Detalhe – MHN. Foto: Jaime Acioli.

Nessa perspectiva, “Waapówa: nosso caminho, nossa história” faz uma introdução à produção artística indígena atual, com curadoria do artista e curador indígena Denilson Baniwa. “Neste pequeno recorte vemos uma perspectiva de povos do norte-nordeste sobre sua própria trajetória. Ambos os trabalhos, a partir da visão de seus povos, afirmam uma única história: este lugar que pisamos sempre foi terra indígena”, explica.

A diversidade dos povos originários no Brasil está presente também em objetos que compõem o acervo do Museu Histórico Nacional, evidenciando usos, costumes e hábitos integrados ao cotidiano brasileiro, e questionando sobre o que estes itens dizem sobre a contemporaneidade e a história dos mais de 250 povos que vivem hoje no país.

Outra novidade é o “Espaço da meia-lua”, pensado para ser um local de promoção das vozes e das lutas indígenas, que contará com mini exposições temporárias. A primeira delas, com peças do próprio MHN, homenageia o povo Ianomâmi.

Os museus indígenas também têm lugar em “Îandé”. Em um espécie de ‘museu dentro do museu’, Alexandre Gomes, Antônia Kanindé e Suzenalson Kanindé apresentam a história do Museu Kanindé, do Ceará, e as memórias de lutas, resistências, afirmação e valorização da identidade e das suas práticas culturais.

Serviço:

Exposição “Îandé – aqui estávamos, aqui estamos”

Abertura: 9 de fevereiro de 2023, às 14h30

Museu Histórico Nacional [galeria da exposição de longa duração]

Endereço: Praça Marechal Âncora, S/N, Centro – Rio de Janeiro (RJ)

Telefone: (21) 3299-0324 – recepção

De quarta a sexta, das 10h às 17h; sábado e domingo, das 13h às 17h

Entrada franca

Patrocínio: Instituto Cultural Vale, via Lei Federal de Incentivo à Cultura

Apoio: Associação dos Amigos do MHN.

(Fonte: Midiarte Comunicação)

Instituto Pedra realiza visita guiada e gratuita ao Conjunto Arquitetônico e Histórico da Vila Itororó, na Bela Vista

São Paulo, por Kleber Patricio

Vista da Casa 8 enquanto o time Eden Liberdade F. C. ocupava o térreo da edificação (sem data) – Acervo Benedito Lima de Toledo.

O Instituto Pedra, organização da sociedade civil autora do projeto arquitetônico de restauro da Vila Itororó e da gestão do Galpão Aberto (entre 2013 e 2018), vem realizando obras na cobertura da “Casa 8”, também conhecida como “Clube Éden”, na Vila Itororó, no bairro da Bela Vista em SP, com a reforma do telhado e impermeabilização da laje, etapa viabilizada pelo ProMAC– Programa Municipal de Apoio a Projetos Culturais da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e com o patrocínio da Marsh Brasil.

E na quarta-feira, dia 8 de fevereiro, será realizada uma visita gratuita e guiada ao projeto arquitetônico de restauração da Vila, no bairro da Bela Vista. É necessário fazer inscrição e as vagas são limitadas a 40 pessoas.

Na quinta-feira, 9 de fevereiro, às 14h, visitas guiadas trazem um panorama do projeto de restauração até a execução de parte da obra de restauro e o projeto para a Casa 8. A atividade será conduzida por Alan Gualberto, gerente de projetos da instituição, e por Mariana Victor, arquiteta coordenadora do projeto (link para inscrição – limitado a 40 pessoas: https://docs.google.com/forms/d/1cspvnu2Jfi6ptFGcv0SzV63qgKKLrcTvnbOBWdYrM3Y/edit).

Vista geral da Vila Itororó (sem data) – Acervo Milu Leite.

Vale destacar ainda que o instituto iniciará agora o projeto para captar recursos para uma nova etapa do projeto prevendo a restauração da fachada da Casa 8. A ação será via ProMAC, lei municipal que permite que empresas destinem parte do ISS pra projetos culturais.

A Casa 8 é o principal palco de eventos e espetáculos na Vila Itororó desde a reabertura em setembro do ano passado e a recuperação de sua cobertura é fundamental para salvaguardar o patrimônio construído da casa que está na atual entrada principal da Vila.

A primeira etapa do projeto de restauração da Vila durou cinco anos e englobou a realização dos projetos arquitetônicos para todas as 11 edificações e áreas comuns do conjunto, o restauro de quatro casas, a elaboração e gestão do Programa Vila Itororó Canteiro Aberto e a edição de dois livros e dois vídeos sobre a Vila Itororó, sendo viabilizado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura, com patrocínio do BNDES, Itaú, Camargo Corrêa e IBM.

Sobre a oficina “Conhecendo a história de São Paulo através dos tijolos da Vila Itororó”, segundo os pesquisadores

Tijolos, telhas, manilhas hidráulicas e outros elementos construtivos cerâmicos, embora tenham origem milenar, somente se tornaram populares no Brasil com a industrialização do país, na virada do século XIX para o século XX. O seu uso, na cidade de São Paulo, foi um dos propulsores para o expressivo crescimento urbano vivenciado naquele momento, representando a “virada” da cidade colonial, que era produzida com técnicas construtivas em terra crua – mais lentas e artesanais – para a cidade “moderna”, onde a alvenaria de tijolos cerâmicos e outros elementos industrializados possibilitaram um encurtamento dos tempos construtivos e o surgimento de novas escalas arquitetônicas e urbanas.

Vista geral da Vila Itororó com destaque para a Casa 8 (à esq. – sem data) – Acervo Milu Leite.

A Vila Itororó é um conjunto arquitetônico que é testemunho desse processo, onde pode ser vista uma grande variedade desses materiais cerâmicos, de diversas procedências e com as mais variadas aplicações. Estudos recentes, realizados durante as obras de restauração do conjunto arquitetônico da Vila Itororó, trouxeram à tona essa variedade de origens e técnicas de aplicação que acabam representando um momento muito específico da história da construção civil em São Paulo, onde a substituição de materiais, por conta da industrialização, ocorreu de forma muito intensa e, ao mesmo tempo, experimental.

Essas pesquisas fizeram uma abordagem de natureza arqueológica, ou seja, utilizando de análises qualitativas e métricas feitas no local, junto com informações bibliográficas, para compreender o contexto histórico e os fenômenos sociais que produziram aquele conjunto arquitetônico, formulando diversas hipóteses sobre a sua produção e modificação ao longo do tempo, que resultaram em uma arquitetura singular, hoje valorizada como patrimônio cultural.

Nesta oficina, o público é convidado a participar dessas reflexões, estimulando um olhar atento para os materiais e componentes construtivos de edifícios históricos ao identificar sua diversidade e suas características, contextualizadas historicamente.

Sobre o Instituto Pedra | O Instituto Pedra é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos que desenvolve ações no campo do patrimônio cultural. Possui projetos nos estados de Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo – como, por exemplo, o projeto de restauração de fachadas do Edifício Copan e a restauração, com criação de centro cultural, na Vila Itororó em São Paulo; recuperação do complexo arquitetônico e acervo histórico do Palácio Itamaraty no Rio de Janeiro; inventário do acervo de Frans Krajcberg e restauração do Parque do Queimado na Bahia; idealização da Escola de Ofícios Tradicionais de Mariana e a restauração da Igreja de São Francisco de Assis e da Casa do Conde de Assumar, em Mariana; e restauro e expografia do Museu Boulieu, em Ouro Preto, entre outros.

Vila Itororó – entrada pela Rua Maestro Cardim, 60 – Bela Vista, São Paulo – SP.

(Fonte: Pool de Comunicação)