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Renato Teixeira e Fagner celebram parceria em 2º álbum pela Kuarup

São Paulo, por Kleber Patricio

Raimundo Fagner e Renato Teixeira. Foto:
Leo Rodrigues.

Quando ‘Destinos’ espontaneamente surgiu no horizonte, só trazia a intenção de continuar uma conversa musical entre dois parceiros que haviam acabado de finalizar ‘Naturezas’, álbum de 2021 lançado pela gravadora Kuarup, e nem perceberam o ponto final da conclusão. Apenas continuaram a compor naturalmente, sempre apoiados pelo maestro Maurício Novaes, que havia embarcado na viagem dos parceiros desenhando arranjos inspiradíssimos e organizando tudo para que não se perdesse o rumo das coisas. O horizonte estava lá com sua proposta irreversível: mais um álbum com composições da dupla Renato Teixeira e Raimundo Fagner, que saiu em versão CD e nas plataformas digitais no dia 8 de novembro pela Kuarup. Dessa vez resolveram dividir as interpretações com os amigos: vieram Zeca Baleiro, Roberta Campos, Chico Teixeira, Evandro Mesquita, Isabel Teixeira e Roberta Spindel.

E aos poucos, com muita paciência e tempo, as coisas foram se ajeitando. Não existe na parceria nenhuma intenção além da de criar músicas que falem por si, que transmitam uma ideia lógica e perceptível, sonora, agradáveis de se ouvir, a vocação melódica de Fagner e o raciocínio poético do Teixeira, interpretados por vozes indiscutíveis e capazes de dizer as coisas com clareza e emoção. No trajeto do trabalho perdemos o Elifas Andreato, que estava sempre junto desde o começo para compor o material visual do projeto e que havia se deixado levar por essa parceria até certo ponto improvável, mas perfeitamente compreensível por se tratar de dois amigos que vinham desde os princípios dos anos setenta se programando por uma coisa assim. O designer gráfico Elifas já havia desenhado essa relação no primeiro trabalho. Com sua partida, nada mais lógico que convocássemos seu filho e parceiro, Bento Andreato, para desenhar o novo material do álbum ‘Destinos’. Uma linda e emocionada escolha.

A mixagem e masterização mais uma vez correu por conta do Ricardo Franja Carvalheira, que com o apoio do maestro Novaes, deu o formato final aos fonogramas. Não foi nada muito complicado. A Kuarup apoiou e sua equipe deu a retaguarda para que o projeto se realizasse. Estamos vivendo um momento de grandes explosões musicais que destroem células e reorganizam sonoridades. O espaço musical generosamente ampliou seu raio de ação e o comportamento sonoro da humanidade ganhou novas dinâmicas. Em ‘Destinos’, Renato e Fagner mostram que apesar das novas tendências, trabalhos como os deles permanecem vivos e aptos a novas aventuras onde a competência que os consagraram continua a criar lindas canções, construídas com talento e emoção, brasileiras, comoventes, dignas de representarem a cultura musical de um país onde cantar faz parte da vida.

Faixa a faixa

Romaria: os sotaques brasileiros fazem parte da composição, que conta a saga de um romeiro rumo a Aparecida do Norte para saudar Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. O sotaque Fagner é uma chancela que deixa a canção mais significativa, mais efetiva na sua missão de representar a fé do povo brasileiro. Se sente na visceral interpretação do nosso grande cantor, o poder da fé, seja ela qual for, irradiando a energia que nos move e nos toca. ‘Romaria’ vai ficando cada vez mais pronta a cada intervenção como essa de Raimundo Fagner que a redimensiona e a deixa ainda mais brasileira, mais nossa.

Blues 73: com Evando Mesquita e Renato Teixeira elogiando um ano muito emblemático e significativo na história recente. O ano de 73 tem quase o mesmo poder de 68, pois foi também um ano transformador, uma porta que se abriu para confirmar a chegada definitiva de todas as modernidades que se sucederam. O ano de 1973 foi uma confirmação, uma encruzilhada no tempo onde uma parte de nós seguiu o caminho da ousadia, da transformação, e a outra acomodou-se e aceitou as condições impostas pelas tradições conservadoras. A leveza da canção e a interpretação de dois personagens que conheceram e saborearam esse momento sutil, onde muitas coisas aconteceram nas praias e nas artes do Brasil, tem um sabor definitivo. A paz se fez no Vietnã, o celular foi inventado e o mundo foi em frente como sempre. Quem viveu, deixe-se envolver, quem não esteve lá, deixe-se levar e solte a imaginação para sentir as aragens de uma época mais simples e menos complexa da nossa história moderna. Cabeça fresca. Curta e aproveite. Manera, Fru-Fru, Manera.

Arde Mas Cura: tem a participação da cantora carioca Roberta Spindel, que Fagner descobriu numa de suas andanças pelas tribos de músicos no Rio de Janeiro. Renato tem uma relação afetiva com a filosofia Noelina, que caracteriza as músicas que avaliam comportamentos voltados para o bem viver, para a compreensão do nosso dia-a-dia com suas idas e vindas. ‘Quem chega mais cedo vai ter que esperar’ é a referência filosófica de uma canção que nos situa dentro do tempo que, com certeza, as vezes arde, mas cura. Uma canção quase caribenha que propõe uma reflexão sobre a arte de viver. Roberta solta a voz com a energia necessária e, com o contra ponto do jeito mais comportado que o Renato tem de cantar, criam um dos momentos mais dinâmicos desse disco Destinos que os parceiros, Fagner e Renato, criaram para o mercado da boa música brasileira, aquela que não quebra, não rasga e não enferruja.

Dominguinhos: o grande músico pernambucano Dominguinhos teve uma ligação artística bastante intensa com Renato Teixeira e Fagner. Para Renato, Dominguinhos contou sua história, que começa com ele menino, aos dez anos, tocando na feira de Garanhuns, em Pernambuco, quando surge em sua frente o grande Luiz Gonzaga, patrono de todos os sanfoneiros, que se encanta com a musicalidade do pequeno Dominguinhos. Numa premonição impressionante, seu Luiz pede ao menino que o procure no Rio de Janeiro assim que fizer 18 anos. Iria lhe dar uma sanfona nova e o orientaria no rumo das canções. Estava assim escrito o destino de um dos maiores músicos e compositores que esse país já conheceu. Renato e Fagner, que teve com Dominguinhos momentos inesquecíveis, estavam com certeza apenas esperando que o Deus das inspirações enviasse uma mensagem clara para contarem a história desse amigo e mestre. A mensagem veio numa melodia inspiradíssima do magnífico melodista de Mucuripe e Renato intuiu que havia chegado a hora da história de Dominguinhos ser contada através dessa canção que, além de emocionante, trazia dentro dela as palavras certas que contam o primeiro encontro do pequeno sanfoneiro com o sanfoneiro maior e o destino que o tempo deu para esse momento mágico acontecido um dia em Garanhuns. Fagner canta Dominguinhos com o tempero exato e a emoção vibrando a cada nota. Um dos momentos mais bonitos do projeto Destinos, quando a história recente da música brasileira vem à tona para contar, principalmente para as novas gerações, o porquê da nossa música ter toda essa grandeza, artistas que vão se encontrando pelo caminho, transferindo um para o outro a missão de elevar cada vez mais o estilo musical de um país onde Chiquinho do Acordeom, Oswaldinho, Sivuca e Cezinha, entre tantos outros magníficos instrumentistas, puxaram e puxam o fole da eternidade como fez Dominguinhos, como fez Luiz Gonzaga, todos Reis do Baião. Toca pra nós, Dominguinhos.

Magia e Precisão: Fagner surpreende com a melodia de ‘Magia e Precisão’, onde fica evidente sua musicalidade acima da média. Estamos diante de um melodista que está no topo da música brasileira ao lado dos grandes mestres melodistas que ao longo dos tempos nos revelaram nomes como os dos mestres Pixinguinha, Ernesto Nazareth, Ary Barroso, Carlos Lyra e Tom Jobim, só para citar alguns. A delicadeza e expressão de ‘Magia e Precisão’ encontraram nos versos de Renato as palavras certas para uma canção que exalta o feminino com poesia e delicadeza. Fagner e Renato escolheram Isabel Teixeira para cantar com eles e arrematar o conteúdo poético quando, depois das ponderações a respeito da magia e da precisão na programação da vida, revelam a conclusão da jovem romântica que aguarda o grande amor e sabe bem como identificá-lo na hora certa. A intervenção precisa e incisiva de Isabel, filha de Renato Teixeira, revela uma artista que além de grande atriz traz no seu DNA a cantora que faz jus a história de muitas outras mulheres da família que cantavam sempre e muito por amor à arte e por prazer, sempre com Magia e Precisão.

O Prazer de Lembrar é Bom: essa música nos remete aos melhores momentos de nossas vidas, quando estávamos nos preparando para encarar o futuro do tempo. Sutil e delicada, a canção nos atinge com seu imenso poder poético e mexe com nossas lembranças mais significativas quando o tudo que tínhamos na vida era o vento soprando em nosso rosto em uma alegoria de imagens generosas e felizes. A participação de Zeca Baleiro com sua voz cortante e incisiva cria uma ambiência que reforça o texto e insere a mensagem nos tempos atuais onde a dinâmica da vida tira as crianças da rua e dos costumes mais simples que fizeram parte da vida num passado recente e sem dúvida bem mais confortável. A sonoridade das vozes de Zeca e Renato e o lindo arranjo do maestro Maurício Novaes fazem dessa canção um dos melhores momentos do álbum Destinos. Uma canção para se ouvir em silêncio e se deixar levar pelas memórias da vida.

Quando For Amor: quando amor chega é sempre assim. Materializa-se no ar como uma visagem que invade o coração e aquece a vida, clara e objetivamente, não importando o tempo que, segundo Vinicius, será eterno enquanto durar. Se contrapondo à mensagem da descoberta cantada e contada pela magnífica cantora Roberta Campos, temos a voz de Fagner colocando o outro lado da descoberta do amor, quando não devemos esquecer que o destino tem suas regras e que precisamos cuidar dos nossos sentimentos com inteligência e realismo porque a vida segue com suas verdades implacáveis. É preciso cuidar do amor porque ele vai deixando rastros como a flor que nasce nos lugares improváveis e acaba criando poderes que podem embaçar a beleza do mais belo sentimento que existe sobre a terra. Espinho sem a flor depois do vendaval. Melancólica e comovente fica a certeza de que quando for amor a gente vê.

Amor Amar: canção para começar o dia. Uma maneira de encarar a vida com seus altos e baixos, porque a felicidade é uma luz que sai do chão. Não há o que fazer contra o que virá no próximo minuto, na próxima hora, no próximo ano. Tudo depende também do acaso e a gente tem que estar atento ao plano de vida de cada um para diminuir o risco de existir, para trazê-lo para o que nosso controle seja capaz de dominar. O dueto Renato e Fagner cria um ambiente de eterna expectativa e o enredo da canção flui sereno e forte para que as pessoas possam entrar no raciocínio quase fatalista do que está sendo dito. Deixa o destino tocar porque tudo vem e vai, porque o segredo é o saber se dar para poder ser feliz. Uma canção companheira que nos ajuda a prestar atenção no que virá porque logo em seguida tudo já terá sido, com certeza.

Linda Flor da Madrugada: Capiba foi um compositor pernambucano criador de frevos imortais e um personagem marcante na nossa história musical pelo talento e simpatia que o caracterizavam. Fagner colocou ‘Linda Flor da Madrugada’ no seu primeiro álbum e como não tinha o acesso que temos hoje para identificar a origem de músicas muito antigas, deixou indefinida a autoria. A música então ressurge naquela primeira gravação de Fagner diferente da original, que era um frevo de carnaval. O interessante é percebermos que ela havia sofrido uma releitura que só preservava alguns detalhes da primeira versão, mas continuava alegre e comunicativa como sempre. E o mais importante, continuava totalmente Capiba. No álbum Destinos, ela surgiu para ser interpretada por Renato, Fagner e Almir Sater, que devido ao seu compromisso com a novela Renascer, onde foi o personagem libanês Rachid, não conseguiu participar por absoluta falta de tempo. Então Fagner e Renato fizeram o serviço e Capiba entra na história por uma alegre coincidência. E isso é um detalhe tão imprevisível e surpreendente, que decidimos colocar Capiba como patrono de Destinos numa homenagem póstuma que representa o vínculo dos dois parceiros com a essência da música brasileira, força motriz da maior manifestação popular do nosso povo. E viva Capiba!

Travesseiro e Cafuné: todos nós em algum momento da vida sentimos esse tipo de ansiedade relacionado a uma situação afetiva, uma pessoa que está distante, mas a data marcada para o esperado reencontro já está marcada. Um tipo de situação que faz a gente perder o sono tamanha a expectativa que antecede esse momento. Que me leve um pé de vento porque a distância que foi chegando e te levou de mim, está prestes a ser vencida e eu vou me atirar nos seus braços numa situação de absoluto conforto amoroso. ‘Travesseiro e Cafuné’, uma canção divertida que mexe com um sentimento comum a todo ser humano. Aqui os parceiros brincam com situações de idas e vindas, do tempo indo, a saudade chegando e a distância afastando você de mim numa correlação poética entre a aflição e ansiedade de quem está indo, louco pra chegar. Fagner e Renato convidaram o cantor Chico Teixeira, filho de Renato, para compor esse trio aflitivo indo ao encontro de quem também está esperando esse momento. Que me leve um pé de vento até onde você está, porque a distância que veio vindo e te levou de mim, está prestes a ser vencida. Que cada um coloque o seu momento, viaje na memória e sinta como é bom um travesseiro macio e um cafuné da pessoa amada.

Texto sobre maestro Maurício Novaes:

Gentil como o maestro Arruda Paes, veloz como Chiquinho de Moraes e ousado como Rogério Duprat, esse é o nosso maestro Maurício Novaes, sem o qual não teríamos conseguido criar essa obra que, por razões como essa, chama-se Destinos. Maurício pegou para si a missão de transformar nossos delírios e inconstâncias em algo sólido, objetivo e efetivo. Faz parte desse trabalho definindo-o com o trabalho de um trio de artistas onde melodias, poesias e arranjos compõem o todo musical, o ambiente sonoro de expressão musical comprometida com a música popular brasileira. Ele é o Espírito Santo dessa empreitada. Nossa eterna gratidão ao talentosíssimo maestro Maurício Novaes por ter nos permitido realizar essa obra que a partir de agora faz parte da nossa história. Obrigado maestro. (Texto escrito e assinado por Renato Teixeira e Fagner)

Smartlink do CD: https://www.transfernow.net/dl/20241112kmtedp5m/cAAWtYIG.

(Com Daniela Ribeiro/Tempero Cultural)

MACC recebe exposição da artista plástica Erika Malzoni

Campinas, por Kleber Patricio

Materiais são transformados em objetos escultóricos e instalações provocativas. Fotos: Firmino Piton.

O Museu de Arte Contemporânea de Campinas (MACC) recebe a exposição ‘A vida como ela não é’ da artista plástica Erika Malzoni. A abertura será dia 19 de novembro, terça-feira, das 18h às 20h. A mostra ficará aberta à visitação gratuita até 25 de janeiro de 2025.

A exposição conta com a curadoria de Luiz Armando Bagolin e reúne um conjunto de obras de Erika Malzoni, que trabalha com objetos e resíduos industriais geralmente descartáveis, transformando-os em objetos escultóricos e instalações provocativas ao olhar e demais sentidos.

Mostra no MACC ficará aberta ao público até 25 de janeiro próximo.

Em especial, nesta exposição, a artista foca a questão dos objetos cotidianos e outros materiais que rondam ou fazem parte do ambiente doméstico, quase sempre imposto socialmente como um campo de atuação exclusivo das mulheres. “O que poderia ser visto como carência torna-se, no entanto, um potencial criativo sem precedentes capaz de ressignificar esses objetos e também quem convive e se relaciona com eles.”

Serviço:

Exposição A vida como ela não é, de Erika Malzoni

Datas e horários:

Abertura: 19/11, das 18h às 20h | Visitação: 21/11/2024 a 25/1/2025

Horários: de terça a sexta-feira, das 9h às 17h, e aos sábados, das 11h às 15h

Local: Museu de Arte Contemporânea de Campinas (MACC)

Endereço: Avenida Benjamin Constant, 1633, Centro, ao lado do Paço Municipal

Entrada gratuita.

(Com Maria Finetto/Prefeitura de Campinas)

Fernanda Montenegro e Itaú recebem certificado do Guinness World Records por Maior Audiência para Leitura de Livro na Língua Portuguesa

São Paulo, por Kleber Patricio

Entrega do certificado do Guinness World Records para Fernanda Montenegro aconteceu durante o 23º Prêmio Walther Moreira Salles e foi realizada pelo CEO do Itaú Unibanco, Milton Maluhy. Fotos: Divulgação/Itaú.

A atriz Fernanda Montenegro e o Itaú Unibanco receberam oficialmente o certificado do Guinness World Records pela conquista de Maior Audiência para Leitura de Livro na Língua Portuguesa. O recorde foi alcançado pelo espetáculo realizado em agosto de 2024 no Auditório Ibirapuera, que reuniu 10.581 pessoas para a leitura do livro A Cerimônia do Adeus, de Simone de Beauvoir, interpretado pela atriz e cocriado em parceria com o Itaú. Com uma única sessão, o evento se consolidou como o de maior público presente para esse tipo de atividade.

“Divido em agradecimento, este prêmio, com todo o público que esteve presente neste grande encontro entre arte e educação. Meu abraço especial ao Itaú, que tornou esta leitura possível”, disse Fernanda Montenegro sobre o recorde.

“Nosso compromisso é expandir o acesso à cultura e fomentar a formação de público. Este certificado reflete o esforço coletivo em torno de um evento cultural que celebra não apenas a trajetória de Fernanda Montenegro, mas também a relevância da leitura. A entrega desta obra foi nossa forma de agradecer ao público pelos 100 anos de confiança no Itaú Unibanco, com uma das figuras centrais do nosso movimento Feito de Futuro, que tem sido protagonista constante em diversas campanhas ao longo dos anos. Fernanda sempre foi e continua sendo uma grande fonte de inspiração. Com 80 anos de carreira e 95 anos de idade, ela é uma artista que transcende o tempo e permanece profundamente relevante”, afirma Eduardo Tracanella, diretor de Marketing do Itaú Unibanco.

O espetáculo, gratuito, teve ingressos esgotados em poucos minutos, refletindo a alta demanda e o interesse do público em vivenciar a obra por meio da interpretação única de Fernanda Montenegro. O Itaú contribuiu para que a leitura pudesse ser vista por mais pessoas e a partir daí criou com a atriz como seria a experiência do teatro adaptada ao parque, de forma ainda mais acessível.

A apresentação aconteceu no anfiteatro, com projeções de som e imagem em alta definição voltadas para o famoso gramado na parte traseira do local, um dos principais cartões postais da cidade. Ao final da leitura, o palco se abriu para o gramado criando um momento de agradecimento da atriz ao público presente.

(Fonte: Weber Shandwick)

Relatório do Acnur revela que as mudanças climáticas são uma ameaça crescente para pessoas já em fuga devido a conflitos

Baku, Azerbaijão, por Kleber Patricio

Sudão do Sul: anos de inundações deixam milhares de pessoas permanentemente deslocadas em Bentiu. Foto: Andrew McConnell/Acnur.

Pessoas forçadas a fugir de conflitos, violência, perseguição e violação de direitos enfrentam cada vez mais a crise climática global, alerta um novo relatório da Agência da ONU para Refugiados (Acnur), expondo-as a uma combinação letal de ameaças sem o financiamento e apoio adequados para se adaptar. O relatório, lançado no dia 12 pelo Acnur em colaboração com 13 organizações, instituições de pesquisa e organizações lideradas por pessoas refugiadas, usa dados recentes para mostrar como as questões climáticas interagem com conflitos empurrando as pessoas em situação de maior vulnerabilidade para situações ainda mais graves. Dos mais de 120 milhões de deslocados forçados no mundo, três quartos vivem em países fortemente impactados pelas mudanças climáticas. Metade está em locais afetados por conflitos e riscos climáticos, como Etiópia, Haiti, Mianmar, Somália, Sudão e Síria.

Segundo o relatório Sem escapatória: na linha de frente das mudanças climáticas, conflito e deslocamento forçado, espera-se que, até 2040, o número de países enfrentando extremos climáticos aumente de três para 65, muitos dos quais acolhem pessoas deslocadas. Da mesma forma, projeta-se que a maioria dos campos e abrigos de refugiados enfrentará o dobro de dias de calor extremo até 2050. “Para as pessoas em situação de maior vulnerabilidade do mundo, as mudanças climáticas são uma realidade dura que afeta profundamente suas vidas”, disse o Alto Comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi. “A crise climática está impulsionando o deslocamento em regiões que já abrigam muitas pessoas deslocadas, agravando sua situação e deixando-as sem um local seguro”.

Por exemplo, o conflito devastador no Sudão forçou milhões de pessoas a fugir, incluindo 700 mil que cruzaram para o Chade, país exposto às mudanças climáticas e que acolhe refugiados há décadas. Ao mesmo tempo, muitos que permaneceram no Sudão enfrentam novo deslocamento devido a enchentes severas. Da mesma forma, 72% dos refugiados de Mianmar buscaram segurança em Bangladesh, onde riscos naturais, como ciclones e inundações, são classificados como extremos. “Em nossa região, onde tantas pessoas foram deslocadas por muitos anos, vemos os efeitos das mudanças climáticas diante de nossos olhos”, disse Grace Dorong, ativista climática e antiga refugiada no Sudão do Sul. “Espero que as vozes neste relatório ajudem os tomadores de decisão a entender que, se não forem abordados, o deslocamento forçado e os efeitos multiplicadores das mudanças climáticas piorarão. Mas, se nos ouvirem, podemos fazer parte da solução também.”

O relatório também destaca que o financiamento climático não chega a refugiados, comunidades de acolhida e outros em países frágeis e devastados por conflitos, prejudicando sua capacidade de adaptação aos efeitos das mudanças climáticas. Atualmente, estados extremamente frágeis recebem apenas cerca de US$2 per capita em financiamento anual de adaptação, comparado a US$161 em estados não frágeis. Quando o investimento chega a estados frágeis, mais de 90% é direcionado para as capitais, enquanto outras áreas raramente se beneficiam.

As descobertas são divulgadas durante a COP29, em Baku/Azerbaijão, onde o Acnur requer o aumento do financiamento climático para os mais necessitados. A agência também insta os estados a protegerem os deslocados forçados que enfrentam desastres climáticos e a incluí-los nas decisões sobre financiamento e políticas públicas. “A emergência climática representa uma profunda injustiça”, afirmou Grandi. “Pessoas deslocadas e as comunidades que as acolhem, as menos responsáveis pelas emissões de carbono, pagam o preço mais alto. Bilhões em financiamento climático nunca chegam até eles e a assistência humanitária não consegue cobrir a lacuna crescente. Soluções existem, mas precisamos de ação urgente.”

O relatório Sem escapatória: na linha de frente das mudanças climáticas, conflitos e deslocamento forçado foi lançado oficialmente na Conferência da ONU sobre Mudança Climática de 2024 (COP29), em Baku, em 12 de novembro de 2024, às 14h30, com a presença do Alto Comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, e da ativista refugiada Grace Dorong.

Este primeiro relatório climático do Acnur explora as interseções entre mudanças climáticas e deslocamento, lacunas no financiamento climático atual, proteção jurídica para os afetados e a necessidade de investir em projetos de resiliência em contextos frágeis e afetados por conflitos. A produção contou com a colaboração de 13 organizações especializadas, instituições de pesquisa e organizações lideradas por refugiados.

O Acnur também possui uma equipe sênior na COP29 para assegurar que as necessidades urgentes de proteção, financiamento e apoio aos deslocados sejam abordadas nas discussões e decisões ao longo da cúpula.

(Fonte: Acnur – Agência da ONU para Refugiados)

Concertos especiais com maestro Celso Antunes na Sala São Paulo celebram 30 anos do Coro da Osesp

São Paulo, por Kleber Patricio

Sala São Paulo. Foto: Tuca Vieira.

O ano de 2024 é importante em efemérides para a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – Osesp. Além dos 70 anos da Orquestra e dos 25 anos de sua casa, a Sala São Paulo, também o Coro da Osesp comemora seus 30 anos de fundação: em 1994, era criado o Coral Sinfônico do Estado de São Paulo.

Neste programa especial na Sala São Paulo, quando estará acompanhado da Orquestra Acadêmica da Osesp, de quinta-feira (14/nov) a sábado (16/nov), o Coro relembra seu concerto de estreia, no qual interpretou a Missa em mi menor, de Anton Bruckner, no Memorial da América Latina, junto da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo e da regente Mônica Meira Vasques. A obra foi escrita em 1866 para coro misto a oito vozes e quinze instrumentos de sopro.

Antes da Missa de Bruckner, que encerra o programa comemorativo, o Coro interpreta dois autores do século XX. Do brasileiro Heitor Villa-Lobos ouviremos o ‘Glória’ da missa Vidapura, composta em 1919 no Rio de Janeiro e que pouco depois de escrita foi ouvida no Rio [1922], em São Paulo [1925] e em Paris [1930], durante a segunda estadia do compositor nesta última cidade. Já de Igor Stravinsky, russo que foi uma das mais impactantes personalidades musicais do século XX, influenciando a obra de diversos compositores – incluindo Villa-Lobos –, ouviremos a Missa, K077. Escrita entre 1944 e 1948, a obra estreou em Milão com Ernest Ansermet regendo integrantes do coro e da orquestra do Teatro alla Scala.

Coro da Osesp. Foto: Mario Daloia.

Para dirigir este programa comemorativo, convidamos um velho amigo: o maestro Celso Antunes, professor de regência coral da Haute École de Musique de Genève e que entre 2011 e 2016 ocupou o posto de regente associado do Coro da Osesp.

A apresentação de sexta-feira (15/nov) integra a série Osesp duas e trinta, com início às 14h30 e ingressos a preço único de R$39,60 (valor inteiro), e será transmitido ao vivo no YouTube da Orquestra.

Coro da Osesp
O Coro da Osesp, além de sua versátil e sólida atuação sinfônica e de seu repertório histórica e estilisticamente abrangente, enfatiza em seu trabalho a interpretação, o registro e a difusão da música dos séculos XX e XXI e de compositores brasileiros. Destacam-se em sua ampla discografia os álbuns Canções do Brasil (Biscoito Fino, 2010), Aylton Escobar: Obras para Coro (Selo Digital Osesp, 2013), José Maurício 250 (Selo Digital Osesp, 2017) e Heitor Villa-Lobos: Choral Transcriptions (Naxos, 2019).

Foto: Laura Manfredini.

Em sua primeira turnê internacional, em 2006, apresentou-se para o rei da Espanha, Filipe VI, em Oviedo, na entrega do 25º Prêmio da Fundação Príncipe de Astúrias, que homenageou Pedro Almodóvar, a National Geographic Society, a Unicef e a Fundação Bill & Melinda Gates. Em 2020, cantou, sob direção de Marin Alsop, no concerto de abertura do Fórum Econômico Mundial, em Davos, Suíça, feito repetido em 2021, quando participou de um filme virtual que trazia também Yo-Yo Ma e outros artistas de sete países. Junto à Osesp, estreou no Carnegie Hall, em Nova York, em outubro de 2022, se apresentando na série oficial de assinatura da casa e integrando o elogiado espetáculo Floresta Villa-Lobos, que combina 75 minutos ininterruptos de música brasileira com a projeção de um vídeo imersivo retratando as riquezas da flora e da fauna do país.

Fundado em 1994, como Coro Sinfônico do Estado de São Paulo, pelo maestro e compositor Aylton Escobar, à época, Diretor Técnico da Universidade Livre de Música (atual Emesp Tom Jobim), instituição à qual o grupo estava vinculado, o Coro foi integrado à Osesp em 2000, passando a se chamar Coro da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Em seu primeiro ano, o conjunto foi regido por José Ferraz de Toledo, Mônica Meira Vasques e o próprio Aylton. Porém, já em 1995, Naomi Munakata assumiria como coordenadora e regente, funções que desempenharia de modo profundamente transformador e marcante até 2015. De 2000 a 2016, Marcos Thadeu foi o Preparador Vocal do grupo. Entre 2017 e 2019, o Coro esteve sob coordenação e regência de Valentina Peleggi, que contou com a colaboração de William Coelho como maestro preparador.

Orquestra Acadêmica da Osesp
O desejo de formar a próxima geração de músicos para orquestras brasileiras fez com que fosse criada, em 2006, a Classe de Instrumentos da Academia de Música da Osesp – inteiramente gratuita e com bolsas de estudo. Na Academia, os jovens participam do cotidiano do grupo profissional, recebem educação teórica, artística e instrumental. Hoje, vários dos alunos que aqui passaram ocupam cadeiras nas principais orquestras do país, alguns deles na própria Osesp. Em 2021, as classes de Instrumento e Canto foram reconhecidas pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo como Curso Técnico. A Orquestra Acadêmica é formada pelos atuais estudantes, alguns de seus professores e também por ex-alunos e convidados.

Celso Antunes regente

Celso Antunes. 

Nascido em São Paulo, Celso Antunes dirigiu a Neues Rheinisches Kammerorchester em Colônia [1994-1998], o grupo belga de música contemporânea Champ d’Action [1994-1997] e o Coro de Câmara da Irlanda [2002-2007]. De 2008 a 2012, foi Maestro Titular do Groot Omroepkoor, grupo da rádio holandesa NPO, e entre 2012 e 2016 atuou como regente associado do Coro da Osesp. Antunes também regeu importantes conjuntos vocais, como BBC Singers, SWR Vokalensemble e os Coros da Rádio França e da Rádio NDR, além dos conjuntos de música contemporânea Nieuw Ensemble e Ensemble Modern. Já atuou como convidado de importantes orquestras, como a Filarmônica de Bruxelas, a Sinfônica da Rádio de Stuttgart, a Ulster Orchestra, a Philharmonia Orchestra e a Sinfônica Nacional da RTÉ. Dentre suas gravações, destaca-se o álbum Canto a Sevilla (com obras de Joaquín Turina, a NDR Radiophilarmonie), indicado ao Grammy em 2011. Antunes ensina regência coral na Universidade de Música de Genebra (HEM) e dirige o Coro de Câmara da instituição desde 2008.

O concerto 30 anos do Coro da Osesp conta com a parceria de Tivoli Mofarrej. Realização: Fundação Osesp, Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, Ministério da Cultura e Governo Federal – União e Reconstrução.

PROGRAMA

CORO DA OSESP
ORQUESTRA ACADÊMICA DA OSESP
CELSO ANTUNES regente
FABIANA PORTAS soprano
CRISTIANE MINCZUK
mezzo soprano
JABEZ LIMA
tenor
MIKAEL COUTINHO
tenor
FERNANDO COUTINHO
baixo barítono
FELIPE BERNARDO
órgão
Heitor VILLA-LOBOS | Vidapura: Gloria
Igor STRAVINSKY | Missa, K077
Anton BRUCKNER | Missa nº 2 em mi menor, WAB 27.

Serviço:

14 de novembro, quinta-feira, 20h30
15 de novembro, sexta-feira, 14h30 [Osesp duas e trinta] — Concerto Digital
16 de novembro, sábado, 16h30
Endereço: Sala São Paulo | Praça Júlio Prestes, 16
Taxa de ocupação limite: 1.484 lugares
Recomendação etária: 7 anos
Ingressos: Entre R$39,60 e R$271 (valores inteiros); R$39,60 [Osesp duas e trinta] (valor inteiro)
Bilheteria (INTI): neste link | (11) 3777-9721, de segunda a sexta, das 12h às 18h
Estacionamento: R$35,00 (noturno e sábado à tarde) | 600 vagas; 20 para pessoas com deficiência; 33 para idosos

*Estudantes, pessoas acima dos 60 anos, jovens pertencentes a famílias de baixa renda com idade de 15 a 29 anos, pessoas com deficiências e um acompanhante e servidores da educação (servidores do quadro de apoio – funcionários da secretaria e operacionais – e especialistas da Educação – coordenadores pedagógicos, diretores e supervisores – da rede pública, estadual e municipal) têm desconto de 50% nos ingressos para os concertos da Temporada Osesp na Sala São Paulo, mediante comprovação.
A Osesp e a Sala São Paulo são equipamentos do Governo do Estado de São Paulo, por intermédio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerenciadas pela Fundação Osesp, Organização Social da Cultura.

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(Com Fabio Rigobelo/Fundação Osesp)