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Consultor em educação convida público de 500 pessoas a refletir sobre formato inovador para o aprendizado

Campinas, por Kleber Patricio

Crédito das fotos: Tiago da Silva Milani.

A plateia do Teatro Iguatemi aplaudiu de pé o educador português António Nóvoa depois de pouco mais de uma hora da palestra A metamorfose da escola. A exposição foi dirigida a 500 educadores e simpatizantes do tema no sábado, 25 de agosto, em encontro aberto ao público e gratuito promovido pelo Instituto Integral.

Para Nóvoa, o ambiente escolar tem que se adaptar à revolução da era digital para oferecer um aprendizado eficaz. O formato secular de carteiras enfileiradas voltadas para o professor como único transmissor de conhecimento não funciona mais.

O palestrante ponderou que professores e escolas são cheios de boas intenções ao criar novos métodos para transformar o ensinamento em algo atraente aos alunos plugados de hoje, mas com o tradicional formato de sala de aula, as novidades não vingam – “É como um colchão de espuma que quando a gente empurra a mão para o fundo a superfície até muda, mas, aos poucos, a espuma volta à sua forma original. As ideias até animam docentes e a turma no início, mas as dificuldades fazem com que se volte à antiga metodologia”, frisou.

Para Nóvoa, o novo ambiente escolar deve apresentar uma diversidade de espaços abertos, dentro e fora do colégio, mas tendo a escola como referência. Ele acredita que deveria surgir uma nova arquitetura que fomente o aprendizado com trabalhos feitos por todos mediante discussões, pesquisas e reflexões.

O formato de aulas de cerca de uma hora, dividido por disciplinas também deve, na opinião de Nóvoa, ser alterado. A organização do tempo deve, segundo o educador, ter base no ritmo da aprendizagem e não no relógio: afinal, assimilar determinados conteúdos pode levar 30 minutos ou 5 dias.

O mundo na palma da mão das crianças

A enciclopédia do mundo está nas mãos das crianças através da internet. O papel do professor na era digital é educar o aluno para interpretar essas informações. “Para isso é necessário dominar as linguagens e promover uma aprendizagem por temas, problemas e projetos de forma interligada e não tendo as disciplinas isoladas como é hoje”.

O educador aponta que a nova escola tem que propiciar interação. Tem que fomentar uma aprendizagem em comum para a construção de uma vida em comum.

Nóvoa chama a atenção para um efeito da internet. Por ela ser a janela para o mundo e haver dificuldade para driblar essa grandeza, tende-se à fragmentação: pessoas que têm afinidades se unem, criando-se comunidades.

O problema é que educar alguém não é educar para uma comunidade restrita, mas para a humanidade. “Os grandes crimes são cometidos por pessoas muito inteligentes e os grandes ditadores são detentores de extraordinário conhecimento. No entanto, não aplicam o que sabem para o bem da humanidade, mas a serviço de um pequeno grupo”, alertou.

Professor no centro de tudo

O consultor destaca que o centro da construção da nova forma escolar está no docente, que tem que ser valorizado e ter autonomia. “O professor precisa compreender a revolução digital. Tem que deixar de ser um transmissor para ser um organizador da ideia e do trabalho criativo dos alunos em todos os espaços e não só na sala de aula”, observa.

Na era digital, a formação do docente também exige mudanças. Para ele, não se é mestre apenas diante da classe, mas no coletivo e em inúmeras relações. ”Professores do ensino básico têm que formar rede com os docentes das universidades. O ambiente escolar do século 21 pede a construção de uma nova casa que abranja e mescle a formação e a profissionalização”, projeta.

Sobre António Nóvoa

António Nóvoa é autor de mais de 200 livros e trabalhos científicos na área de História e Educação, consultor da Unesco para assuntos educacionais e reitor honorário da Universidade de Lisboa, onde atua como professor no Instituto de Educação.

Nóvoa é professor convidado em Colúmbia (Estados Unidos), Oxford (Inglaterra) e Paris (França), além de colecionar condecorações, como a da Ordem do Rio Branco, do Brasil. É doutor em Educação pela Universidade de Genebra e em História Moderna e Contemporânea pela Paris-Sorbonne.

Na Universidade de Lisboa, conquistou o título de reitor honorário depois de atuar como reitor executivo por duas gestões, numa das quais foi um dos responsáveis pela fusão da Universidade de Lisboa (tida como a “Clássica”) à Universidade Técnica de Lisboa, com a perspectiva de unir diferentes dimensões do conhecimento.

Sobre o Instituto Integral

O Integral nasceu em Campinas, em 1980, com o Curso Integral, fruto da iniciativa de um conjunto de estudantes universitários egressos do Instituto Tecnológico da Aeronáutica, o ITA.

Desde então, uma ideia orienta aquele que é um dos maiores grupos educacionais do interior de São Paulo: a formação global, do aluno e do indivíduo, com o intuito de preparar para a universidade e para a vida. Busca o equilíbrio entre o prazer no aprendizado e a exigência nos resultados. Desenvolve, assim, a curiosidade e o espírito crítico, a autonomia e a responsabilidade.

O Integral é destaque na área educacional na Região Metropolitana de Campinas, cidade que concentra um dos maiores polos tecnológicos e econômicos do País, com grandes e excelentes universidades, além de empresas de alta tecnologia. Em Campinas, o Integral tem três unidades, Paineiras, Alphaville e Parque Prado. O Instituto está presente também em Paulínia e Vinhedo.