Quem nunca se perguntou por que a Lua parece maior quando está na linha do horizonte, como a comida cozinha ao fogo ou por que as coisas caem? A curiosidade para compreender o mundo ao nosso redor faz parte da natureza humana desde a infância, mas costuma se perder com o tempo diante de respostas frustradas. Precisamos resgatar esse desejo pelo conhecimento — o que, de quebra, ainda pode nos ajudar a enfrentar o negacionismo científico. Essas ideias estão compiladas em A ilusão da Lua (ed. Contexto, 160 pgs), primeiro livro do físico da Unicamp Marcelo Knobel, lançado durante o Simpósio de Divulgação Científica da Unicamp, que aconteceu nos dias 8 e 9 de março. A obra é uma compilação de textos escritos pelo pesquisador ao longo da vida, devidamente atualizados. “A pandemia me despertou uma necessidade grande de desengavetar os trabalhos, compilar esse material e torná-lo disponível”, diz.
Divulgador científico conhecido — ele ganhou o Prêmio José Reis de divulgação científica em 2019 e há quase um ano tem um canal no YouTube chamado Espaço Recíproco, no qual dialoga com cientistas e celebridades –, Knobel trata, no livro, de questões do cotidiano para mostrar que a ciência está o tempo todo ao nosso redor. No preparo da carne grelhada, por exemplo: a casca fica crocante porque perde líquido, mas o interior amolece porque as moléculas de colágeno se deterioram. Ou no café, cujos grãos torrados perdem CO2 e outras moléculas voláteis com o tempo e, consequentemente, também perdem sabor. E por aí vai.
O pesquisador também trata, no livro, da lógica e das etapas do pensamento científico, e aborda as consequências no negacionismo da ciência — um dos maiores desafios no enfrentamento da Covid-19 hoje. No livro, Knobel, inclusive, lembra que o movimento antivacina, que ficou evidente agora com o novo coronavírus, é considerado pela OMS como um dos dez maiores desafios da saúde pública mundial.
Magnetismo e divulgação | De família de médicos, psicólogos e profissionais de saúde, Knobel decidiu se graduar em física depois de uma visita realizada na Unicamp durante o ensino médio. Hoje, academicamente, trabalha com magnetismo de materiais nanoestruturados — que têm uma escala cerca de dez mil vezes menor que um fio de cabelo.
Desde o início da carreira, sempre se preocupou com a divulgação científica para a sociedade e escreveu sobre o assunto. No final da década de 90, por exemplo, ele já comandava uma página na internet — programada por ele mesmo em html — chamada Radar da Ciência, na qual tratava de novidades da ciência mundial.
A ilusão da Lua é o primeiro livro do pesquisador e marca, também, neste mês de março, a conclusão da gestão de Knobel como reitor da Unicamp.
(Fonte: Agência Bori)