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Indaiatuba inicia liberação de segunda geração do ‘aedes do bem’™

Indaiatuba, por Kleber Patricio

Fotos: Giuliano Miranda.

A Prefeitura de Indaiatuba (SP) e a Oxitec do Brasil iniciaram na quarta-feira (23) a liberação de mosquitos geneticamente modificados da linhagem OX5034 em quatro áreas do município. A liberação planejada no meio ambiente (LPMA) da nova linhagem do ‘aedes do bem’™ foi aprovada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) em agosto de 2017. As liberações têm início após um monitoramento prévio da infestação de aedes aegypti nas áreas selecionadas. Os mosquitos geneticamente modificados serão liberados em áreas dos bairros Cecap, Jardim Itamaracá, Jardim Moacyr Arruda e Morada do Sol. Outros dois bairros (Jardim Oliveira Camargo e Jardim São Conrado) serão monitorados para efeitos de comparação, mas não serão tratados com o mosquito geneticamente modificado, sendo usados como áreas controle.

A soltura foi iniciada no bairro Cecap e contou com a presença do prefeito Nilson Gaspar (MDB), da secretária de Saúde, Graziela Drigo Bossolan Garcia e do CEO da Oxitec, Grey Frandsen. Os ‘aedes do bem’™ são mosquitos machos, que não picam e não transmitem doenças. Uma vez soltos em uma área infestada por mosquitos selvagens, eles buscam as fêmeas para neutralizar a oportunidade de reprodução destas. Por ser geneticamente modificado, o mosquito dá origem a uma prole inviável, provocando a redução da população do mosquito transmissor da doença ao passar adiante o gene auto limitante que possui.

O OX5034 foi criado após o OX513A, linhagem que vem obtendo bons resultados de supressão de populações de mosquitos selvagens em outros municípios. Enquanto na linhagem OX513A toda a prole é inviável, a linhagem OX5034 é “selecionadora de machos”. Em outras palavras, a prole masculina sobrevive e pode copular com fêmeas selvagens e repassar o gene autolimitante, o que estende a duração dos efeitos benéficos por mais algumas gerações.

Gaspar e Frandsen no momento da liberação, que tem início após monitoramento prévio da infestação.

Além da liberação, a LPMA contempla monitoramento e engajamento público. O monitoramento observará a dispersão, longevidade e capacidade de reprodução da linhagem OX5034 nos locais onde os insetos serão controladamente liberados. O uso da tecnologia está de acordo com normas para proteção da saúde humana, da saúde animal e do meio ambiente. “Depois de um período de algumas semanas de monitoramento prévio, estamos iniciando a liberação do Aedes do Bem™ em Indaiatuba e continuaremos a monitorar todas as áreas incluídas no estudo, agora contando com a liberação do nosso mosquito, para aferirmos os resultados obtidos”, explica Natalia Verza Ferreira, líder do projeto e gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Oxitec do Brasil. “Embora semelhante ao nosso mosquito da primeira geração, a partir do trabalho extensivo em testes em ambientes fechados, esperamos que nossa segunda geração forneça supressão de pragas com menos liberações de mosquitos. Além disso, a nova linhagem oferece vantagens operacionais significativas e economia de custos. Isso simplificará muito o processo de produção. A Oxitec tem o prazer de ter a oportunidade de servir a comunidade de Indaiatuba e implantar uma ferramenta adicional para combater os mosquitos transmissores de doenças perigosas, como Zika, dengue, febre amarela e chikungunya”, completou Natália.

Avaliação

Sem custo para o município, a parceria entre a Oxitec e a Prefeitura de Indaiatuba prevê a realização da avaliação de campo ao longo de até 36 meses, em diferentes áreas. Cada área contará com liberação programada do mosquito OX5034 ao longo de até 18 meses.

A adoção da tecnologia não exclui as medidas convencionais de controle ao vetor já adotadas pela Prefeitura, que continuará seu trabalho de eliminação dos focos de água parada onde o aedes aegypti se reproduz. A intenção é que a nova linhagem do ‘aedes do bem’™ seja avaliada como uma estratégia adicional no combate ao mosquito transmissor da dengue, Zika e chikungunya.

A secretária municipal de Saúde, Graziela Drigo Bossolan Garcia, ressalta que a população deve continuar fazendo sua parte para evitar a proliferação do mosquito. “O monitoramento e, posteriormente, a soltura dos mosquitos pela empresa ocorrerão em áreas muito específicas dentro desses bairros. Desta forma, é importante lembrar que os agentes de controle da dengue continuarão desenvolvendo as atividades para evitar a multiplicação do aedes aegypti. Continuamos contando com a ajuda da população de Indaiatuba para isso”, afirmou.

Monitoramento

Além do gene auto limitante, os descendentes do mosquito modificado também herdam um gene “marcador” que permite seu rastreamento e monitoramento, tornando a avaliação de eficácia mais precisa ao longo de todo o programa de liberação. Esse gene faz com que o mosquito produza uma proteína fluorescente, de modo que as larvas do ‘aedes do bem’™ possam ser separadas das larvas selvagens.

O monitoramento é realizado com ovitrampas – armadilhas para coleta de ovos, que depois são contados para projeção de estimativas populacionais do mosquito. Ferramenta de monitoramento recomendada pela Organização Mundial da Saúde, a ovitrampa é composta de um pote plástico preto com água e uma palheta de madeira imersa, servindo de local para as fêmeas do aedes aegypti depositarem seus ovos. Técnicos da Oxitec trocam as armadilhas semanalmente, levando as palhetas para análise no laboratório de pesquisa e desenvolvimento da empresa.

Sobre a Oxitec

A Oxitec é pioneira no uso de engenharia genética para controle de vetores e pragas que disseminam doenças e destroem culturas. Foi fundada em 2002 como uma spinout (em tradução livre, uma organização que se desenvolve a partir de outra) da Universidade de Oxford (Inglaterra). A Oxitec é uma subsidiária da Intrexon Corporation (NYSE: XON), empresa que utiliza biologia para ajudar a resolver alguns dos maiores problemas mundiais.