Um dos setores que mais sofreu com a crise da economia, o mercado imobiliário brasileiro já apresenta sinais de recuperação. Os indicativos dessa virada são diversos: o aumento de lançamentos esse ano, a mudança das regras para financiamento imobiliário implantadas pela Caixa Econômica Federal (CEF) e a volta da confiança do consumidor são alguns deles.
Para quem está esperando a melhor oportunidade para adquirir um imóvel, esse é o momento, já que as ofertas tendem à escassez em curto prazo e os analistas pontuam que o início da retomada da economia vai empurrar os preços dos imóveis para cima. Outro dado importante é que os estoques de imóveis prontos estão baixos devido à redução dos lançamentos em 2014 e 2015. Vale destacar que o prazo entre lançamento e entrega é de mais de um ano e meio e a queda dos lançamentos no ano passado vai represar uma grande demanda.
Mais um ponto positivo é o crédito, o grande propulsor do setor imobiliário, que começa a voltar depois de um período em que a CEF, responsável por 67% desse mercado, estava pouco flexível nas liberações. Com as mudanças das regras e o sinal verde do governo para estimular o crédito, será mais fácil para os clientes aprovarem seus financiamentos. Comparado com igual período de 2015, por exemplo, o Brasil teve entre janeiro e maio desse ano um crescimento de 24,7% no número de novas unidades em construção, segundo levantamento da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).
Para as pessoas com maior poder aquisitivo, a boa notícia é o aumento de R$1,5 milhão para R$3 milhões no valor do imóvel a ser financiado. Só com essas novas regras, a CEF vai injetar mais R$16 bilhões no segmento, tanto para financiamento de pessoas físicas quanto de empresas. O objetivo é cumprir sua meta de aplicar R$93 bilhões em crédito imobiliário em 2016. Além de aumentar a velocidade das vendas, a expectativa do governo também é estimular a economia, considerando que a construção civil é um dos setores que respondem mais rapidamente a medidas de estímulo.
O cenário, portanto, pode ser favorável para quem deseja adquirir um imóvel. Especialistas no assunto têm alertado que é hora de aproveitar as ofertas por conta da estabilidade dos preços, o que não deve se manter quando a economia voltar a crescer. Considerando que os juros devem começar a cair nos próximos meses, é possível que haja uma virada nos preços dos imóveis. E nessas horas, o cliente deve analisar bem as ofertas e as oportunidades; além disso, deve considerar o valor e a localização do imóvel, checar a parte legal, o histórico da empresa, a qualidade, o relacionamento com o cliente e o seu comportamento com relação às garantias. O imóvel, além de um lugar para se viver, é um patrimônio para a vida toda. Por isso, é um investimento para se fazer com total segurança.
Empresários do setor mais otimistas
As notícias positivas em relação ao mercado imobiliário, como as mudanças das regras da CEF, animam os empresários do setor. A presidente da Congesa, Adriana Mazzoni, por exemplo, acredita que as mudanças da Caixa são um forte sinal de retomada do crescimento da economia. “O imóvel é um bem de primeira necessidade, os preços estão equilibrados e, quando o mercado reaquecer, deverá haver escassez”, pontua.
Para o proprietário da CLC Negócios Imobiliários, Cassio Luís Canova, os clientes indecisos precisam aproveitar esse momento. “As construtoras estão abertas a negociações e os preços estão estáveis e, em alguns casos, até mais baixos que meses passados”, observa. Ele ressalta que se as pessoas forem esperar os juros baixar, o preço dos imóveis também tendem a subir quando isso acontecer. “O cliente precisa entender que ele ganha na compra agora, na valorização futura e na possibilidade de readequar os juros, renegociando com seu agente financeiro ou fazendo portabilidade mais adiante”, finaliza.
Sócio proprietário da Criar Soluções Imobiliárias, de Campinas e especialista no assunto, o empresário Sergio Gerin comenta que nos últimos 60 dias, o aumento das vendas tem sido expressivo. Segundo ele, o mercado imobiliário foi um dos primeiros a serem atingidos com o início da crise econômica do País e agora é um dos primeiros a começar a reagir. “Temos tido uma procura muito maior nos plantões e estamos fazendo propostas e fechando vendas nos diversos segmentos, dos imóveis mais econômicos aos médios e de alto padrão. Acredito que a mudança da Caixa ampliando a faixa de financiamento para até R$3 milhões é um fator muito positivo”, diz.