Desde o ano passado, a extinção do Parque Cristalino II, situado no extremo norte de Mato Grosso, na região Sul da Amazônia, está sendo abordada nos órgãos públicos. Juízes estaduais aceitaram o pedido de uma empresa privada que alega possuir terrenos na área. Durante a última semana, o governador Mauro Mendes (União) informou que não há investimento para a preservação do local. Ainda cabe recurso do Governo do estado.
A Advocacia-Geral da União (AGU) entrou com um pedido de anulação do processo de extinção do Parque Estadual do Cristalino II e informou que o fim do parque pode comprometer o investimento de quase meio bilhão de reais em recursos voltados para o cuidado de Unidades de Conservação. O local compõe o Programa do governo Federal de Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA) e só na região há R$18 milhões já aplicados para esse fim.
O Parque Estadual Cristalino é considerado o mais rico em biodiversidade da Amazônia. Na região ocorrem 520 espécies de aves, 36 endêmicas do sul da Amazônia e 11 classificadas na categoria de ameaçadas ou quase ameaçadas. É formado por duas áreas contíguas, chamadas de Cristalino I, com 66.900 mil hectares, e Cristalino II, com 118 mil hectares. As áreas foram criadas em 2000 e 2001, respectivamente, e protegem uma grande diversidade de espécies da Amazônia brasileira. O local foi identificado pela BirdLife International e Save Brasil como Important Bird Area (IBA), traduzível como Zona Importante de Aves – área importante para a conservação das aves e da biodiversidade, que significa que é de relevância internacional para a conservação das aves.
Elaborado pela rede global Birdlife Internacional, o estudo The positive impact of conservation action (O impacto positivo da ação de conservação), recentemente publicado na Revista Science, um dos periódicos científicos mais conceituados no mundo, traz destaque sobre as áreas protegidas que ajudam na conservação da floresta, o que vai ao contrário da proposta do Governo do Mato Grosso. Além disso, outro ponto importante da conservação é que existem espécies novas para a ciência, que podem não ser descritas com a extinção do espaço.
A Procuradoria Geral de Mato Grosso avalia o recurso sob pressão, com cobranças sendo realizadas em sessão de convocação dos representantes da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) e Procuradoria Geral do Estado (PGE), no último dia 20, na Assembleia Legislativa. A situação foi ironizada pelo governador Mauro Mendes, com falas de desprezo sobre atuação de instituições internacionais e indenização às pessoas, ao afirmar que o estado não tem condições financeiras.
Para a pauta, o biólogo Pedro Develey, diretor executivo da SAVE Brasil e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) está disponível para explicar e comentar sobre a importância do parque e qual consequência terá se houver extinção por completo da região.
Sobre a Save Brasil | A Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil – SAVE Brasil é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos voltada à conservação das aves brasileiras. A SAVE Brasil representa a aliança da BirdLife International no país e compartilha suas prioridades, políticas e programas de conservação para implementar os objetivos globais da aliança no âmbito nacional.
(Fonte: Mention)