A segurança de diversas famílias de Campinas (SP) em relação ao futuro dos seus filhos aumentou graças ao Projeto ASAS, iniciativa que fortalece e amplia a rede de apoio – formada por pais, mães e outros parentes, instituições, psicólogos, amigos etc. – para pessoas com deficiência, com o objetivo de que elas envelheçam com mais autonomia e qualidade de vida. Desenvolvido pela ASID Brasil em parceria com a Fundação FEAC, o projeto beneficiou 53 pessoas com deficiência entre abril e maio de 2022 e 93,8% dos familiares estão conscientes das potencialidades, possibilidades e desenvolvimento de oportunidades que podem surgir na vida dos filhos.

Por meio de encontros coletivos e suportes individuais, as pessoas com deficiência e suas famílias dialogaram sobre o futuro com o intuito de formalizar um plano de vida centrado no perfil de cada um para assegurar sua independência através de capacitações e troca de boas práticas, iniciando o fortalecimento de uma rede de apoio local.

“A assistência social, as escolas ou organizações sociais trabalham no ‘agora’ da pessoa com deficiência, mas pensam muito pouco no futuro. O programa ASAS, quando olha pra esse desenvolvimento do plano de vida a partir dos gostos e desejos da pessoa com deficiência e das redes de apoio dos beneficiários, conectando-as com diversas outras pessoas, está focando na independência, na potencialidade e na garantia de sua autonomia no futuro”, analisa Pedro Toscano, analista comercial da ASID Brasil.

Planejamento familiar e rede de apoio

A iniciativa utiliza a metodologia Plan, criada pelo Plan Institute no Canadá, que é aplicada há mais de 40 anos em diversos países e visa ao planejamento familiar da pessoa com deficiência. Em 2020, a ASID Brasil foi responsável por trazê-la ao Brasil, por meio de um projeto piloto realizado via plataforma on-line com 105 famílias de São Paulo (SP) e Curitiba (PR). O método consiste em cinco eixos principais: alinhamento de visão familiar, articulação de redes de apoio, capacitações/apoio familiar e criação/plano de ação como eixos complementares.

No primeiro eixo, é introduzida a metodologia e iniciado o processo de criação do perfil da pessoa com deficiência, além da elaboração dos planos da família. Na etapa seguinte, são mapeadas as redes de contatos e de apoio da pessoa com deficiência com base no perfil elaborado anteriormente. Dessa maneira, há uma busca de oportunidades locais para promover a inclusão de quem possui deficiência. No terceiro eixo, são organizados encontros que oferecem suporte na criação dos planos das famílias esboçados nos eixos anteriores. O objetivo é que ocorra uma troca de experiências e ideias e que os participantes compartilhem desafios, avanços e boas práticas.

Em seguida, acontece a aplicação do plano criado, com trocas entre as famílias, que recebem assistência para possíveis sugestões e intervenções. No último estágio, as famílias recebem capacitações para o plano de vida conforme suas necessidades. Na adaptação da metodologia feita pela ASID, foram realizados oito encontros que trataram de temas como inclusão no mercado de trabalho, direito da pessoa com deficiência, finanças, sexualidade, moradia, esporte e cultura.

Disseminação para organizações sociais

Para assegurar a autonomia das pessoas com deficiência, a ASID repassou a metodologia para 10 organizações sociais do programa Programa Mobilização pela Autonomia (MOB) da FEAC da região de Campinas. Durante uma semana intensiva, foram realizados encontros com dois facilitadores de cada organização participante do projeto, totalizando 20 horas de treinamento da metodologia ASAS. Além disso, houve encontros presenciais em Campinas para propiciar trocas entre os participantes do projeto. Ao final do repasse, todos os participantes receberam um certificado de facilitador do ASAS e as organizações sociais receberam o termo de licenciadas.

Durante os seis meses seguintes, as organizações sociais executaram o programa ASAS com seus beneficiários e a ASID participou de encontros semanais, disponibilizando assistência e um canal aberto para os facilitadores das organizações. Ao longo do período, a ASID também fez análises e mensurações do projeto.

“Por ser um processo bem estabelecido para as famílias, havia uma tranquilidade de saber que tinha um começo, meio e fim. A participação com essa cronologia foi muito importante, pois o público atendido que foi beneficiado pelo ASAS é idoso e os pais, mais ainda. Foi um desafio muito grande e que deixou um legado sobre a percepção dos filhos. Mesmo numa situação dessa onde vemos a finitude da vida e do cuidador, por ter uma metodologia estabelecida conseguimos tocar nesse assunto para que a pessoa fosse beneficiada e cuidada por outras pessoas”, observa Catarina Palermo, gestora do Centro Síndrome de Down (CESD), uma das organizações participantes.

Ao final do projeto, 93,5% dos participantes criaram seus planos de vida e 52,75% estão executando os planejamentos. A plataforma constatou também que 76% das pessoas com deficiência têm trabalhado em conjunto com a rede de apoio para atingir seus objetivos.

Sobre a Fundação FEAC | A Fundação FEAC é uma organização independente que atua em Campinas (SP) com o objetivo de contribuir para criação de uma sociedade mais justa, sustentável e com igualdade de oportunidades. Para isso, investe em ações de educação, assistência social e promoção humana com foco nas regiões e nas populações mais vulneráveis, especialmente crianças e jovens, e no impulsionamento de organizações da sociedade civil, empresas e pessoas para as causas sociais.

Sobre a ASID Brasil | A ASID é uma organização social voltada à construção de uma sociedade inclusiva por meio de projetos de responsabilidade social, como voluntariado, inclusão no mercado de trabalho e desenvolvimento de gestão de organizações parceiras. Com mais de dez anos de atividades, tem mais de 100 mil pessoas impactadas e mais de sete mil voluntários. A ASID também possui reconhecimento a partir de prêmios nacionais e internacionais, como o Melhores ONGs Época e o United People Global. Mais informações em https://asidbrasil.org.br/.

(Fonte: DePropósito Comunicação de Causas)