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Sensação de pertencimento à escola e suporte emocional da família melhoram desempenho escolar

Brasil, por Kleber Patricio

Foto: Thought Catalog/Unsplash.

O desempenho do estudante que está nos últimos anos do ensino fundamental é influenciado pelo contexto escolar e familiar ao qual ele está inserido. Além disso, há forte correlação entre a sensação de pertencimento à escola e o suporte emocional da família com o aprendizado demonstrado pelo aluno em matemática, leitura e ciências. Esta é a conclusão de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) em estudo publicado na revista Psico-USF.

Para chegar a este resultado, os autores utilizaram a base de dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) de 2015. A partir dela, eles obtiveram os relatos de 23.141 alunos, dos 27 estados brasileiros, matriculados no ensino fundamental, a maioria em escolas estaduais, com faixa etária de 15 a 16 anos. O objetivo foi analisar o potencial impacto da relação do estudante com a escola e a família nos escores de desempenho em matemática, leitura e ciências.

O trabalho mostra que a qualidade do suporte dos pais reflete em como o estudante se sente na escola e, possivelmente, na sua concentração ao fazer avaliações escolares. A autora principal do estudo, Mayra Antonelli Ponti, da USP, observa que os ambientes escolar e familiar são muito importantes para o desempenho dos estudantes e reitera a necessidade de essas dimensões serem alvo de políticas públicas na área da educação. “É fundamental haver um olhar contextualizado e integral para o jovem de tal forma que garanta um desenvolvimento saudável e um aprendizado efetivo”, afirma. De acordo com a pesquisadora, os aspectos sociais devem ser levados em consideração ao se analisar o cenário da educação. “Com apoio familiar e se sentindo pertencente a um grupo, como no caso da escola, o aluno terá maior potencial de direcionar suas energias para os estudos e a se empenhar de maneira mais intensa a propósitos que são compartilhados com os familiares, professores e colegas”, observa.

Mayra Antonelli Ponti explica que são necessárias mais e profundas investigações sobre os anos finais do ensino fundamental dos alunos brasileiros para que se possam identificar quais são os principais gargalos no ensino oferecido para esta faixa etária. “Não está claro o motivo de essa etapa não ter um resultado satisfatório, com altas taxas de abandono e evasão escolar”. A pesquisadora acredita que provavelmente diversos aspectos estejam relacionados ao problema.

Para a pesquisadora Patricia Ferreira Monticelli, coautora do estudo, modificar esse cenário passa por fortalecer políticas públicas focadas na qualidade de vida dos cuidadores dos estudantes, principalmente as mulheres. “Sendo o ambiente familiar importante para o desempenho escolar dos jovens, as mães, que acabam mais sobrecarregadas com essa tarefa, precisam ter condições para apoiar, conversar e acompanhar os filhos”, comenta.

Como reflexo da pandemia, o pertencimento à escola pode ter outras interpretações por causa do ensino remoto. Configurações do ambiente doméstico e do suporte que a família poderia dar aos filhos no período pré-pandemia podem ter se modificado devido a possíveis perdas financeiras da família e a necessidade de readequação completa da rotina dos lares brasileiros. Isso sem contar com os índices de evasão que poderão vir desses anos de pandemia, reforça Mayra, o que pode resultar em estudantes que nem ao menos chegarão a finalizar o ciclo do ensino fundamental.

(Fonte: Agência Bori).