Pensando em como ajudar o próximo, o tatuador Pietro Marinho, também conhecido como Mahadevil, preparou um projeto chamado Cicatrizes, que tem como principal objetivo dar um novo significado as marcas de quem já sofreu automutilação. A ação, em prol do Setembro Amarelo, não tem fins lucrativos e busca, por meio de rituais com medicinas indígenas e acessando a espiritualidade de cada um, transformar a dor dessa lembrança em arte, superação e força.
Durante esse mês, Pietro vai atender três vezes por semana em seu ateliê, localizado na cidade de São Paulo e, como o artista procura estabelecer uma conexão espiritual com cada pessoa atendida, ele reserva um dia inteiro para cada sessão.
Felícia Bruno foi a primeira pessoa a ser tatuada por Pietro nesse mês especial e resolveu compartilhar seu depoimento, que segundo ele, foi um tapa na cara e o fez parar para refletir sobre muitos pontos. “Às vezes nos vemos presos numa situação que parece sem saída, o fim da linha. Mas sempre há saída. Somos, de fato, uma metamorfose ambulante. Não há obstáculos que não possamos atravessar. Ou dor que não possamos superar. Não somos os mesmos de ontem, assim como não seremos os mesmos amanhã. A vida se renova constantemente e há sempre oportunidade de recomeçar. E recomece quantas vezes for necessário. O processo importa, os detalhes importam. A dor nos faz lembrar que estamos vivos, que somos feitos de carne e somos parte de algo incrivelmente lindo e maior que nós. Há beleza no caminho e significado na dor. Honre seu percurso e a sua dor. Faça ela de impulso pra sua transformação e confia que o vento leva e o tempo cura.”
Os planos eram apenas para setembro, mas a procura pelo artista foi tão grande, que ele pretende estender o projeto por tempo indeterminado, pois acredita que a visibilidade para assuntos como este precisa ser cada vez maior. Além disso, Mahadevil quer conscientizar outros artistas e pessoas mostrando que é possível ajudar o próximo sem esperar nada em troca e ele acredita que a sociedade está vivendo um tempo de amor e que atitudes como essa serão mais comuns.
Como fazer parte do projeto
Para participar, o tatuador pede que as pessoas mandem uma mensagem pelo e-mail cicatrizes@mahadevil.com.br contando suas histórias, em quais estados elas residem e anexando uma foto. Os relatos enviados de outras cidades fora de São Paulo são encaminhados a tatuadores de diferentes lugares do país, que se candidatam a participar do projeto pelo e-mail selecaotatuadores@mahadevil.com.br.
De acordo com o ilustrador, nem sempre é possível que todas as pessoas sejam atendidas, já que a quantidade de mensagens recebidas é muito grande. No entanto, Mahadevil pede para que os que não foram atendidos não desistam e possam ser inspirados por esse trabalho. “Cada movimento que a gente dá, a gente respinga para outras pessoas também. Então, que bom que isso está chegando em lugares, né? Vamos dar visibilidade para essa causa. O objetivo é inspirar as pessoas a trabalharem também esse outro lado”, afirmou.