Empresas de todos os portes e setores têm buscado, durante o isolamento social, cursos online que mantenham suas equipes estimuladas e equilibradas emocionalmente para os desafios presentes e futuros. A diretora executiva da Casa do Saber Rio, Adriana Zebulun, conta que negociação, gestão de conflitos e comunicação criativa são, no momento, as áreas de maior interesse. Mas que também há procura por questões ligadas à filosofia, à psicologia e mindfulness. Para Adriana, gestores têm entendido que o treinamento remoto também serve para reunir as equipes em torno de um objetivo comum, “devolvendo a seus parceiros a sensação de pertencimento a um mesmo time. Mais do que nunca, as empresas precisam investir no seu capital humano, pois este será o agente responsável pela adequação à nova realidade”, afirma.
O que empresas podem fazer para estimular, profissional e emocionalmente, seus funcionários em tempos de pandemia?
Este é um momento em que temos muito mais perguntas do que respostas. Buscar conhecimento é fundamental, tanto para ocupar nossa mente com conteúdo relevante, quanto para nos ajudar a manter o equilíbrio emocional. Quando falo em conhecimento, me refiro à cultura, à arte, à história, à filosofia e aos saberes técnicos. As empresas, neste período, podem estimular seus colaboradores a buscarem esse tipo de aprofundamento ou oferecer, elas mesmas, conteúdos que, além de cumprirem seu papel, vão também reunir a equipe em torno de um objetivo comum, devolvendo a seus parceiros a sensação de pertencimento a um mesmo time.
Em momento de crise econômica e do emprego, por que investir em treinamento?
Mais do que nunca, será essencial investir em diferenciais para fazer com que a equipe de uma empresa se torne mais criativa, disruptiva e produtiva. A empresa precisará investir no seu capital humano, pois este será o agente responsável pela adequação a essa nova realidade.
Como montar um conteúdo personalizado para públicos tão distintos?
Esse é um dos diferenciais da Casa do Saber Rio. Nossa essência sempre foi a de fazer uma curadoria de qualidade. Somos extremamente atentos e incansáveis quando se trata de entender as necessidades do cliente. Não temos produtos de prateleira, prontos, por mais que tenhamos conteúdos procurados com mais frequência. Nossa equipe se debruça sobre aquilo que as empresas e parceiros desejam oferecer a seus colaboradores e confecciona uma combinação perfeita de temas e palestrantes. Temos um hub de conhecimento com mais de 1.500 professores que já passaram pela Casa e, a cada dia, procuramos agregar novos.
Há cursos que fazem o cruzamento de diversas áreas do saber, como comunicação e neurociência. Por que esse formato?
Porque quando você trabalha de modo interdisciplinar, você amplia o campo de visão do seu colaborador. Faz com que ele veja uma questão por diferentes perspectivas e, principalmente, faz com que ele adquira ferramentas diversas para enfrentar um problema ou um desafio dentro da empresa. Somos seres complexos e essa mistura de conteúdos e de olhares amplia a visão de mundo e enriquece muito a absorção do conhecimento. Temos alguns exemplos de sucesso bastante ilustrativos dessa característica da Casa do Saber Rio. Há alguns anos, fomos desafiados pelo RH de uma multinacional a criar um programa que impactasse em médio prazo no aumento da participação das mulheres nas lideranças da empresa. Criamos um ciclo que reuniu uma antropóloga, uma psicóloga, um filósofo, um profissional de design thinking e uma atriz. Outro exemplo foi o de uma emissora de TV que desejava oferecer algo disruptivo para seus colaboradores da área de efeitos visuais. O que propomos foi uma série de encontros que incluía Gestalt, Física, Arte e Arquitetura.
Atualmente, quais são as principais áreas de interesse dos gestores?
Depende – as dores das empresas são muitas. Tem empresas buscando negociação e gestão de conflitos; outras, comunicação criativa ou Comunicação Não Violenta (CNV) e muitas estão focando em questões ligadas à diversidade. Mas veja o que uma pandemia foi capaz de fazer: as empresas têm buscado temas ligados à filosofia, à psicologia e mindfulness. Esses temas mencionados vêm sendo adaptados para o modelo virtual. Hoje, já temos workshops online, com separação de equipes em pequenos grupos de trabalho em salas no aplicativo zoom.
A pandemia da Covid-19 teve algum impacto na definição dos conteúdos?
Sim e não. O impacto foi grande na forma que vamos nos relacionar daqui em diante. As empresas também vão se transformar; afinal, essa nova realidade implica em mudança de prioridades. Talvez as principais ferramentas para lidarmos com esse momento sejam a filosofia e o mindfulness, além das reflexões acerca do equilíbrio emocional. Será fundamental o desenvolvimento de habilidades e características como a comunicação criativa, a gestão de conflitos, a adaptabilidade, a negociação e a resiliência. Mudam o enfoque, a perspectiva, o olhar para o futuro, mas as transformações são constantes, fazem parte das nossas vidas, do ser humano.
O que os gestores podem esperar de novo no ambiente corporativo após esses treinamentos para suas equipes?
Uma pesquisa recente do National Endowment for Science,Technology and the Arts, de Londres, diz que resiliência, criatividade e capacidade de resolução de problemas serão as grandes habilidades necessárias para o profissional do futuro. Acredito que o tipo de treinamento que a Casa do Saber Rio oferece é do tipo provocador, que tira o participante de uma zona confortável e o instiga a ponto de seguir refletindo por muito tempo sobre o que aprendeu. São conteúdos para a vida. É assim que acreditamos que se dê qualquer transformação. Esses colaboradores terão vontade de usar o que aprenderam em suas vidas profissionais e pessoais. E o resultado certamente virá em forma de produtividade.